Perfis no Notícias do Dia – Renaldo Blank, o Nalo do 25 de Agosto

Não sei se já contei aos leitores, mas estou agora escrevendo perfis para o jornal joinvilense Notícias do Dia, algo que muito me satisfaz e orgulha. Desde sempre agradeço a oportunidade, e após a publicação impressa, divulgarei aqui no blog todos que produzir. O primeiro coloco hoje, do senhor Nalo, uma das lendas do futebol amador joinvilense, leiam:

“A bola está com ela há 50 anos”.

“Ele é uma lenda viva do futebol amador joinvilense. Baixo, de boné na cabeça, calção, meia e chuteiras, e envergando a camisa do Grêmio 25 de Agosto, Renaldo Blank, ou o Nalo, como é conhecido, está no campo na rua Iguaçu comandando a garotada da escolinha de futebol. O intermediário da entrevista, seu admirador e também treinador de futebol do clube, Jean, segue até ele onde sempre gosta de estar: no gramado orientando seus atletas. Preocupado com o andamento do treino, ele hesita em sair para conversar. Após posar para a foto da reportagem, avisa: “Já tenho tudo anotado”.

Sentado em uma mesa do tradicional clube da zona norte, Nalo mostra sua história anotada em folhas de agenda. Meio arredio, começa a ler seus feitos como jogador e como técnico de adultos e crianças. “Sou vidraceiro. Trabalhei na Pieper por 30 anos, hoje sou autônomo, e aposentado”, solta a voz. Aos 66 anos, esse homem simples que ainda é encontrado jogando futebol nos sábados à tarde com o grupo Quarentões, no 25 de Agosto, tem uma história de fazer inveja a muitos que atuam no futebol amador. Desde 1959 ele corre atrás da bola, e a bola atrás dele.

Como jogador Nalo iniciou no Arsenal Futebol Clube. Passou também pelo juvenil do Caxias – até hoje seu clube de coração – onde jogou com o ex-goleiro da seleção brasileira, Jairo, e também com Adilson Steuernagel, grande ponta direita do clube da zona sul. Jogou também pelo 25 de agosto, novamente o Arsenal, Tupy, Sercos e veteranos do América. “No Caxias ganhamos o torneio Vera Fischer em 1971. O time era Julinho, Luizinho, Coruca, Nalo, Chiquinho Simas, Nenê, Host, Chico Preto, Peracio, Águia e Emilio”, lembra com orgulho.

Campeonatos também não faltam para Nalo como técnico. Arsenal, Aviação, 25 de Agosto, Pirabeiraba, Estrada da Ilha, Cruzeiro da Estrada do Sul, Unidos do Beco, Serrana e America estão na lista dos clubes dirigidos por ele. Para ele, 1985 marca o inicio de uma das fases mais lindas da sua carreira. “O repórter Ricardo Passos me indicou ao América, que montava sua volta ao futebol após a fusão com o Caxias para criar o Jec. Conheci e trabalhei com o mestre Euclides dos Reis e chegamos a ser campeões da 1ª divisão em 1989”, conta feliz. Nalo treinava adultos e já comandava os garotos mirins e infanto juvenis, revelando vários atletas para o futebol profissional.

Nesse período de atleta e treinador, Nalo só foi expulso uma vez como jogador em 1965, e uma vez citado na súmula, e foi depois absolvido. No América comandou 400 crianças na escolinha até o início da década de 1990 quando o clube desativou o setor. Ele lembra que começou lá como “bico”, para poder trabalhar por conta. “Eu disse ao Ademir Carioca, dirigente da época, que se ele tivesse um bico pra mim no clube eu saia do emprego. Ele disse sim, e eu deixei a empresa com 30 anos de serviço. Pedi a conta cara!”, explica ele.

Hoje Nalo comanda as escolinhas do 25 de Agosto nas categorias sub-14 e sub-15, e se realiza ao ver os atletas crescerem e se transformar em cidadãos. “Prefiro trabalhar assim, onde posso lançar jogadores, alguns até já ganham algum dinheiro no Caxias, Atlético Paranaense, mas também ajudar os pais na orientação dos filhos. Muitos já melhoraram bastante na escola só vindo aqui jogar bola. Converso muito e acho que já deu certo com vários”, conta o veterano treinador”.