Perfis: Clube 13 de Maio – 40 anos de amor ao futebol amador

Eles são do tempo em que Joinville tinha campinhos de futebol por toda a cidade, onde a meninada se divertia a valer jogando bola. Bola de meia, de plástico e pés descalços não eram impedimentos para gastar energia suando e fazendo gols. Hoje, já cinqüentões, Adelar Bittelbrunn, Izael Macelay (Iza) e Edmilson Correa (Preta) lutam para manter em atividade um dos clubes mais antigos em atividade no futebol amador joinvilense, o 13 de Maio do bairro Fátima, zona sul da cidade. Amador mesmo, tanto que eles não têm campo próprio ou sede própria, mantendo um local de reuniões no bar de um deles, o Preta, localizado na rua Fátima, 1926.

Tudo começou no final da década de 1960 e inicio de 1970, quando o primeiro clube do Fátima, o Vila Palmira, encerrou atividades. “Meu pai amava e ama futebol, e decidiu continuar com apoio da minha mãe, que lavava as roupas do time”, conta Edmilson, o popular Preta, filho do fundador do clube, Vicente Antonio Correa. O trio dirigente conta que o nome saiu de uma reunião na casa do amigo João – não lembra o sobrenome – onde a maioria era da raça negra. “O João propôs que o nome fosse 13 de maio, porque também estavam no mês de maio, e aí ficou”, contam com base na história de seu Vicente.

Izael, o Iza, entrou para o time logo nos primeiros anos e lamenta o fim dos campinhos. “Tinha o campo do Internacional no Boehmerwaldt, do Guarani, Benfica e tantos outros. A gente ia antes do time principal, correndo, a pé, de bicicleta, para arrumar o campinho e jogar com a turma de lá. Hoje sumiram os campinhos”, relembra saudoso. Adelar destaca a força e união do grupo para manter o time. “O pessoal era e é tao unido que em mutirão chegou a fazer o campo da associação de moradores do bairro, na rua Guanabara”, explica. Mas nunca conseguiram apoio da Prefeitura para erguer sua sede própria, apesar de várias tentativas.

“Desde os tempos do Freitag tentamos terreno”, critica Adelar. Iza e Preta lembram do projeto que o Prefeito apresentou à diretoria do clube. “Eles tinham o projeto pronto, bonito. Mostraram para nós, e mandaram aterrar lá onde chamam de areão do Fátima. Tava tudo bonito, mas voce acredita que em um dia terminaram o aterro, e no outro tava cheio de barracos?”, contam ainda incrédulos com o que aconteceu. Indignados, foram ao Prefeito que disse: “Se vocês conseguirem tirar eles de lá, é de vocês”, conta Preta, sorrindo. Mesmo sem campo, os amigos não pararam nem um instante, e mantém a integraçao familiar.

Além de continuar a disputar o Copão Kurt Meinert, torneio que participam desde a primeira ediçao e que venceram em 1991 e 2007, o 13 de Maio mantém o time de veteranos que tem jogos marcados até 2012, todos os sábados por várias cidades da regiao e em Joinville. Todos os eventos sao realizados para angariar fundos e manter o time em atividade. No mês de maio passado o Clube 13 de Maio completou 40 anos de fundaçao com um grande baile no clube Dallas, também do Fátima. “Os recursos deste baile, que é anual, é a principal renda para manter os uniformes, taxas, e outras despesas”, contam orgulhosos.

Os veteranos atletas sonham ainda com uma sede própria para manter o clube ativo e forte para as futuras geraçoes do bairro, tirando crianças das ruas com o futebol amador. O Clube reúne em torno de 200 pessoas com suas atividades esportivas e sociais.“É difícil porque em tudo querem dinheiro para jogar hoje, estao acabando com o amador. Mas nós vamos manter a nossa história, e o lazer que o 13 nos proporciona com amizade e integraçao entre as famílias”, finaliza o trio de jogadores veteranos, parte da história do futebol amador joinvilense.

* publicado na seção perfil do Jornal Notícias do Dia de Joinville (SC) em 2011.

Perfis: Elpídio e Leontina, 69 anos de amor e união

Elpidio Borba era grande violeiro, e sendo assim, tocava por toda parte. Certo dia saiu para o Terno de Reis na localidade de São João do Itaperiú em Barra Velha. A caminhada com o grupo encerrou ao se deparar com uma bela ruiva que lhe encantou. Seu nome? Leontina Gonçalves. Foi amor à primeira vista. O Terno de Reis perdia um músico e um casal apaixonado se formava a partir daquele encontro. “Eu tinha 16 anos, ele 24. Ele ficou amoitado por ali”, conta dona Leontina, 87 anos comemorados no dia da entrevista (22/6) olhando carinhosamente para seu marido Elpidio, prestes a completar 94 anos em setembro.

Dessa união que chega há quase sete décadas, nasceram 15 filhos, dos quais 11 estão vivos: Juca, Irineu, Mario, Maria, Marli, Nair, Naza, Nice, Josué, Elias e Miriam, a caçula do casal com quem eles moram no bairro Santa Catarina. Dessa família gigante Elpidio e Leontina ganharam 33 netos, 12 bisnetos e até uma tataraneta de três meses que nasceu na Espanha, Annabely, de apenas três meses que eles ainda não conhecem. Como fizeram para criar todos os filhos? “Nós se unia bem (sic). No sítio a gente tinha lavoura, criação de gado, fazia farinha, goma para rosca. Vinha gente de longe buscar farinha e a rosca”, fala orgulhosa do trabalho e da forma com que manteve a família ao lado do esposo. “Ele era muito trabalhador. Não parava”, conta.

Elpidio só ouve a conversa. Está debilitado pela idade, a audição anda fraca. Mas ao ver os violinos que as filhas Miriam e Maria apresentam na mesa ele participa. “Fiz um prá cada filho”, fala sorridente. Leontina e as filhas destacam o trabalho artístico do marido e pai. E ele completou: “Um homem derrubou um sombreiro, aí peguei a madeira, que é boa e forte, e fiz. É mais firme”. A saúde que os preserva bem até hoje eles creditam à alimentação no sítio e ao trabalho, duro. Um ajudava o outro. Leontina costurava, fazia goma e ajudava Elpidio a fazer farinha, muito requisitada pelo sabor e cheiro inconfundíveis. A filha Maria lembra que o pai acordava pelas quatro da manha para trabalhar na produção. “O engenho era movido pelos bois. Eu o acompanhava. Gostava. Tenho saudades daquele tempo”, diz.

Maria, que tem 60 anos, afirma que nunca viu o pai e a mãe brigarem em todos esses anos. Questionada, dona Leontina comenta que o diálogo era presente. “Sempre tem uma discussãozinha né, mas não é nada que não tenha jeito”, explica. Religiosos ligados à Assembleia de Deus há 55 anos, e morando em Joinville desde o final da década de 1960, o casal é aposentado. Ele como agricultor, ela como costureira. Não gostam de sair de casa, somente para ir à casa dos filhos. Um álbum mostra várias fotos, entre as quais das festas de 50 e 60 anos de casamento. As filhas avisam que já pensam na festa dos 70 anos em 2012, as bodas de vinho.

Hoje, 27 de julho, o casal completa 69 anos de um enlace cheio de amor em cada história e gestos de um para o outro. Quando Elpidio fez 60 anos, Leontina fez 60 bolos para a festa. “Eles gostavam muito de bolo. Era tanto que enfeitava a parede da casa. E tinha mais uma vara cheia de rosca, e mais beijú, cuscús”, relembra. A receita dessa longevidade e uniao contém muito trabalho, conversa, diversão, alegria, respeito com um toque final que dona Leontina resume em uma frase. “O amor. Só se vive assim, com amor um do outro né”, ensina sob o olhar do velho amado Elpidio. Que venham as bodas de vinho!

* Publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia em julho de 2011

Dona Isolde completa 73 anos com a vida renovada – Parabéns!

Neste dia 6 de junho dona Isolde da Costa, nascida Bäher, completa 73 anos de uma vida bem vivida. Dura, é verdade, cheia de percalços, surpresas, abdicação, voluntariado, superação e tantas outras coisitas mais. Recentemente uma parte da sua vida foi retratada na seção Perfil do jornal Notícias do Dia de Joinville, pelo jornalista e mago das letras, Roberto Szabunia.

Mãe de criação de quatro filhos – Ernani, Elézio (in memoriam), Eliete e Evelyn – do escriturário Zeny Pereira da Costa, e mãe natural deste jornalista que lhes escreve e também de Zeny Pereira da Costa Júnior, já falecido infelizmente, fruto do casamento com Zeny que durou 23 anos, Isolde largou tudo para se dedicar ao seu amor, aos filhos do seu amor, e depois aos seus filhos.

Ajudou a todos os filhos que adotou para serem algo na vida. Seus anos mais viçosos foram inteiramente entregues ao marido e no encaminhamento dos filhos. Nunca reclamou, nem mesmo quando o marido resolveu vender a casa de alvenaria que tanto tinha sonhado, para pagar dívidas e depois retomar a vida de trabalho com um bar na rua Santa Catarina. Trabalho duro fazendo sorvete, fritando bolinhos, limpando o bar na madrugada.

Zeny então adoeceu e veio a morrer de câncer em 1989, a deixando com uma pequena casa de madeira na rua Ibirapuera, 608 com seus dois filhos, Salvador e Zeny Jr. Pensionista, passou a empreender serviço voluntário no CERJ, apoiando a juventude em busca de trabalho e formação, e com isso lutar para colocar seu filho Zeny, que tinha deficiência intelectual, na vida! Em 2005 perdeu Zeny Jr, e sua vida começou a murchar.

Pouco a pouco foi se entregando, sem notar, ao mal da pressão alta, da falência gradual dos rins, sofrendo um AVC hemorrágico em 2007, do qual se salvou porque é forte e queria finalizar aqui a sua tarefa. Hoje, passados quatro anos do derrame do qual ninguém esperava que sobrevivesse, aí está Isolde, forte, bonita, chegando aos 73 anos contando histórias e recebendo o carinho de sua família, familiares, amigos de verdade, da nora Gi Rabello, da neta Rayssa e do filho que escreve essas linhas.

Seus netos Gabriel, Lucas e João Pedro hoje andam distantes, mas certamente não esquecem o carinho e amor que receberam, mesmo quando o foi de forma tímida devido a tantas incompreensões. Parabéns dona Isolde da Costa, que sua saúde se multiplique para continuar a viver agora sim, os bons tempos da vida. Sem pressões, sem trabalho duro, sem abrir mão das suas convicções.

Que Deus a ilumine sempre, com muita saúde e paz, para nos dar a cada dia o exemplo de dedicação, solidariedade e amor ao próximo que marca o livro da sua vida. Beijos enormes meus, da Gi, Rayssa e de tantos os que a conhecem. Parabéns!

Perfis: Valdir Moreira, o Betara – Futebol amador e sindicalismo no sangue

O sonho dele era ser jogador de futebol profissional, mas o destino o levou ao trabalho como torneiro mecânico e, finalmente, o sindicalismo. Valdir Moreira, 63 anos, é desconhecido para a grande maioria, mas o Betara, apelido e nome de guerra desde a infância – “é nome de peixe, mas nem meu pai sabia por que o chamavam assim também” -, é figura carimbada nas portas das fábricas entregando jornais, discursando em cima de caminhões de som, ou simplesmente conversando com trabalhadores e trabalhadores nas madrugadas, dividindo o café das garrafas térmicas com seus companheiros de luta.

Caxiense de coração – “coisa de família, desde pequeno” – pois nasceu na avenida Getúlio Vargas, ao lado do antigo campo do São Luiz (hoje existe o Elias Moreira no terreno), também tem paixão pelo Flamengo do Rio. Com dois anos Betara foi para a avenida Cuba, lendária região do Bucarein que foi celeiro de grandes craques do futebol joinvilense como Piava, Correca, Orlando, Tete, Giga, Helio Sestrem, Canã, Paca, Vieira e tantos outros, segundo elenca o ex-jogador de futebol amador, hoje avô de cinco netos, pai de quatro filhos com a esposa Erna, uma união que já dura quase quatro décadas.

O guerreiro atarracado, cabelos brancos e andar rápido com a inseparável pochete, lembra com saudades daqueles tempos. “Me criei jogando bola no campo do Santos, do Estrela. Vivia na casa de dona Amélia e seu Alemão, pais do Giga, Tite e Orlando, pessoas que reverencio e tenho saudades”, fala Betara. A família Moreira tem estreita ligaçao com o futebol. Jurandir Moreira, grande centroavante que jogou na Tigre, é seu primo. Betara buscou seu sonho no futebol. Jogou no Santos da avenida, Fluminense do Itaum, Juventus do Iririú, Tigre, Baependi de Jaraguá do Sul e Caxias, onde foi campeão do torneio Vera Fischer. “Jogava bem, mas não tinha cabeça. Larguei tudo e fui trabalhar como torneiro mecânico”, conta. Bola, só nas peladas das empresas e em veteranos.

Se o futebol perdeu um craque – “a turma dizia que eu jogava bem” – o sindicalismo ganhou uma liderança forte. Betara começou a trabalhar na Oficina do Jaci, foi para São Paulo trabalhar na oficina do primo. Voltou e serviu o exército, período em que jogou no extinto Guarani. Fundemaq, Kawo, Embraco, Granalha de Aço e Wetzel Tecnomecanica foram outros empregos até se aposentar, aí já alinhado ao Sindicato dos Mecânicos. “Sempre fui contestador. Uma vez demitiram colegas injustamente. Fizemos greve, e eles foram reintegrados. O Dentinho e o João Batista me colocaram na diretoria, e estou até hoje na luta”, afirma Betara.

Ele foi pegando gosto pela atividade. Em defesa dos direitos dos trabalhadores participou de várias greves, paralisações. Foi até da executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre 1995 e 98, morando em Florianópolis. “Viajei o país inteiro, fazendo política sindical. Conheci o Lula nos eventos nacionais da categoria, tenho orgulho dessa trajetória”, comenta feliz. A morte do pai, e o roubo de todos os pertences da sua casa, no Costa e Silva, o fizeram voltar para Joinville. Combativo, não poupa nem colegas quando entende que há o que discutir em favor dos trabalhadores. “Eles me respeitam”, explica, agradecendo especialmente ao atual presidente João Bruggmann, que o trouxe de volta para a direção.

Após quase 20 anos no sindicalismo, ele busca filiados para o Sindicato todos os dias. Conta que há filiados em 400 das 700 empresas da categoria. Cheio de fotos da sua história, Betara diz lamentar que os campos de futebol do São Luiz, do Santos e outros tenham sumido. “Neles é que se criavam os craques, é uma tristeza, uma decepção”. Sobre a data de parada, ele prefere não comentar, mostrando apreensão. “Estar aqui é um orgulho, uma emoção muito grande, eu amo isso aqui. Marcou minha vida”, conta emocionado, para encerrar dizendo que não tem nada melhor que conversar com os trabalhadores no dia a dia e ajudar. “Sindicalismo e futebol é assim, depois que se conhece e participa, é difícil de largar”.

* publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia Joinville – Maio de 2011

Perfis: Miriam Hoffmann Soares – “Meu negócio é vender”

Você deve conhecer vários vendedores nos comércios por ai. Mas uma vendedora que atende a 33 anos no mesmo lugar, você só encontra no bairro Floresta, na rua Santa Catarina, 992. Miriam Hoffmann Soares começou a trabalhar por volta de 1974 na antiga malharia Nylonsul como auxiliar de costura, mas o ambiente pesado à fez sair logo, logo. “Já pensou, eu levei uma advertência por que me viram rindo”, conta ela abrindo um sorriso. Desde 1978 ela trabalha no mesmo local, hoje na loja Salfer da rua Santa Catarina, bairro Floresta.

Após uma passagem pela loja da futura sogra, a Casa das Noivas que ficava em frente à Igreja Sagrado Coração de Jesus na rua São Paulo, onde ela “lavava, guardava, passava vestidos, e sempre oferecia algo a mais para as clientes”, Miriam partiu definitivamente para o comércio por insistência de sua mãe, dona Margarida. “Ela dizia que o emprego na lojas May era bom, porque as pessoas passavam com cobertores e muitas coisas. Graças a ela acabei sendo contratada como reforço no final de 1978”, explica.

De jeito alegre, e esbanjando simpatia, Miriam foi efetivada e passou a se destacar. Quando a Lojas May fechou em 1986, ela só mudou de loja, mas ficou no mesmo endereço. “Nesse emprego eu aprendi muito, e consegui passar da era do papel para a do computador. Mas não gosto de papel, nem do computador. Meu negócio é vender”, relata Miriam, que dali saiu para entrar no emprego em que está até hoje.

Das mudanças no mundo do trabalho que ela vivenciou ao longo dessas três décadas de trabalho, ela recorda que quem tinha uma calculadora comum como essas de hoje era rico. “Depois veio o computador, que hoje também é acessível. Alias, hoje tudo é mais fácil. Tive a cabeça aberta para receber o novo, e ainda estou por ai”, diz. Miriam já atende a terceira geração de clientes. “Hoje vem àqueles pequenininhos e já me chamam pelo nome”, fala com alegria.

Essa longevidade na profissão, aliada ao tempo recorde de permanência no mesmo local, há faz uma personagem conhecidíssima no bairro Floresta e até de outros bairros. “Quando saio na rua é só oi prá lá, oi prá cá, é uma festa!”, relata feliz do contato com as pessoas. Com tanta experiência e atendimentos, Miriam não se lembra de muitas histórias, mas conta duas para exemplificar a importância do atendimento.

“Uma vez vendi três bicicletas para um senhor, era 24 de dezembro, e tínhamos mandado para a revisão. Duas voltaram, mas a principal que era a da menina e ninguém achava. Imagina a pressão. Aí eu fui atrás e descobri onde estava, e o Natal foi salvo”, conta. Em outra ocasião um cliente pediu pneu de fusca, e ela entendeu que ele queria um espremedor de frutas. “Tirando a gafe, a cena acabou virando uma venda e tanto”, ri Miriam.

Já aposentada e ainda na ativa, ela diz não estar preparada para parar. “Vou sentir muita falta do convívio com o povo. Tenho medo da depressão até”, comenta. Sobre o exemplo que pode deixar para os profissionais, ela diz que é preciso gostar do que faz e gostar dos clientes. “Não importa classe social, cor, religião, idade, ou se é pouca venda, tem de atender com atenção e carinho. Depois do susto ao saber da minha fama, os novatos logo viram amigos”, afirma. Pela vontade e garra, ela promete quebrar muitos recordes de venda e de permanência no mesmo local.

* publicado na seção Perfil do Jornal Notícias do Dia em abril de 2011.

Perfis no Notícias do Dia – Renaldo Blank, o Nalo do 25 de Agosto

Não sei se já contei aos leitores, mas estou agora escrevendo perfis para o jornal joinvilense Notícias do Dia, algo que muito me satisfaz e orgulha. Desde sempre agradeço a oportunidade, e após a publicação impressa, divulgarei aqui no blog todos que produzir. O primeiro coloco hoje, do senhor Nalo, uma das lendas do futebol amador joinvilense, leiam:

“A bola está com ela há 50 anos”.

“Ele é uma lenda viva do futebol amador joinvilense. Baixo, de boné na cabeça, calção, meia e chuteiras, e envergando a camisa do Grêmio 25 de Agosto, Renaldo Blank, ou o Nalo, como é conhecido, está no campo na rua Iguaçu comandando a garotada da escolinha de futebol. O intermediário da entrevista, seu admirador e também treinador de futebol do clube, Jean, segue até ele onde sempre gosta de estar: no gramado orientando seus atletas. Preocupado com o andamento do treino, ele hesita em sair para conversar. Após posar para a foto da reportagem, avisa: “Já tenho tudo anotado”.

Sentado em uma mesa do tradicional clube da zona norte, Nalo mostra sua história anotada em folhas de agenda. Meio arredio, começa a ler seus feitos como jogador e como técnico de adultos e crianças. “Sou vidraceiro. Trabalhei na Pieper por 30 anos, hoje sou autônomo, e aposentado”, solta a voz. Aos 66 anos, esse homem simples que ainda é encontrado jogando futebol nos sábados à tarde com o grupo Quarentões, no 25 de Agosto, tem uma história de fazer inveja a muitos que atuam no futebol amador. Desde 1959 ele corre atrás da bola, e a bola atrás dele.

Como jogador Nalo iniciou no Arsenal Futebol Clube. Passou também pelo juvenil do Caxias – até hoje seu clube de coração – onde jogou com o ex-goleiro da seleção brasileira, Jairo, e também com Adilson Steuernagel, grande ponta direita do clube da zona sul. Jogou também pelo 25 de agosto, novamente o Arsenal, Tupy, Sercos e veteranos do América. “No Caxias ganhamos o torneio Vera Fischer em 1971. O time era Julinho, Luizinho, Coruca, Nalo, Chiquinho Simas, Nenê, Host, Chico Preto, Peracio, Águia e Emilio”, lembra com orgulho.

Campeonatos também não faltam para Nalo como técnico. Arsenal, Aviação, 25 de Agosto, Pirabeiraba, Estrada da Ilha, Cruzeiro da Estrada do Sul, Unidos do Beco, Serrana e America estão na lista dos clubes dirigidos por ele. Para ele, 1985 marca o inicio de uma das fases mais lindas da sua carreira. “O repórter Ricardo Passos me indicou ao América, que montava sua volta ao futebol após a fusão com o Caxias para criar o Jec. Conheci e trabalhei com o mestre Euclides dos Reis e chegamos a ser campeões da 1ª divisão em 1989”, conta feliz. Nalo treinava adultos e já comandava os garotos mirins e infanto juvenis, revelando vários atletas para o futebol profissional.

Nesse período de atleta e treinador, Nalo só foi expulso uma vez como jogador em 1965, e uma vez citado na súmula, e foi depois absolvido. No América comandou 400 crianças na escolinha até o início da década de 1990 quando o clube desativou o setor. Ele lembra que começou lá como “bico”, para poder trabalhar por conta. “Eu disse ao Ademir Carioca, dirigente da época, que se ele tivesse um bico pra mim no clube eu saia do emprego. Ele disse sim, e eu deixei a empresa com 30 anos de serviço. Pedi a conta cara!”, explica ele.

Hoje Nalo comanda as escolinhas do 25 de Agosto nas categorias sub-14 e sub-15, e se realiza ao ver os atletas crescerem e se transformar em cidadãos. “Prefiro trabalhar assim, onde posso lançar jogadores, alguns até já ganham algum dinheiro no Caxias, Atlético Paranaense, mas também ajudar os pais na orientação dos filhos. Muitos já melhoraram bastante na escola só vindo aqui jogar bola. Converso muito e acho que já deu certo com vários”, conta o veterano treinador”.

Nova rotina. Novos olhares…Inovar sempre!

Recebi email da competente jornalista e amiga Fabiana Vieira, que inicia trabalho junto ao jornal diário Notícias do Dia de Joinville, da Ric Record. Só tenho a agradecer a citação do meu nome, citado por ser Fabi uma colega generosa. Quem sabe um dia estaremos juntos trabalhando na mesma equipe. Segue o teor do email que publico na íntegra abaixo, em homenagem a uma carreira de sucesso na nossa classe.

Amigos e demais colegas,

Quero compartilhar este momento de muita alegria na minha vida. Agora é oficial. Informo a todos que a partir deste mês integro a equipe do Jornal Notícias do Dia de Joinville. Alguns já sabiam, meu nome já foi estampado em algumas reportagens, porém preferi aguardar todo o encaminhamento para que eu pudesse oficializar a vocês.

Gostaria de manifestar toda minha felicidade num momento que tem sido decisivo na minha vida. Muitos sabem que estive nos últimos oito anos servindo aos colegas, como Assessora de Imprensa na área política. Foram sete anos construindo a imagem do então deputado federal e hoje, prefeito de Joinville, Carlito Merss. Com sua equipe (2003-2008) consegui realizar um trabalho que foi gratificante e contribuir para seu avanço político (com destaque para a reeleição deputado federal em 2006, relator do Orçamento da União em 2006, presidente do PT em 2007, prefeito eleito em 2008). Colaborei para uma trajetória de crescimento na comunicação que culminou como um dos parlamentares mais atuantes de SC (Diap 2005 a 2008).

Nesse período, que considero privilegiado na minha vida, pude estar ao lado de muitas pessoas. Dias que serão inesquecíveis junto ao ex-presidente Lula, Dilma Rousseff, Gilberto Gil, José Dirceu, José Alencar, Franklin Martins, Frei Betto, Sergio Mamberti e tantos outros ministros (as). Foram momentos marcantes quando organizei e coordenei coletivas com a imprensa, monitoramento da equipe de segurança, preparação de eventos, produção de entrevistas, fotos, jornais e muitas conversas de bastidores! Um salto no meu currículo profissional, com certeza.

Na prefeitura de Joinville (2009-2010) o trabalho como diretora executiva do gabinete do prefeito me permitiu ampliar conhecimentos. Integrei a equipe para elaboração de assuntos estratégicos, produzi seus artigos de opinião, palestras, discursos, entrevistas, respostas e atendimento político para a imprensa estadual/nacional. O ritmo do Executivo foi uma experiência importante já que exigiu também um contato direto com o Legislativo joinvilense. Fui responsável por todos os documentos remetidos à Câmara de Vereadores, momento que oportunizou mais aproximação com todos os vereadores da cidade. Neste momento gostaria de agradecer a todos, seus assessores e demais servidores públicos. Durante todo o tempo que estive a frente do gabinete do prefeito conseguimos estabelecer uma relação de harmonia, respeito e profissionalismo. Independente de posições ideológicas ou políticas. O mesmo se estende para os servidores da PMJ e a equipe que coordenei por quase dois anos. Meus mais afetuosos agradecimentos pelo respeito e parceria de todos.

Em 2010 uma nova oportunidade, mais focada na comunicação externa, bateu à minha porta e, a partir de maio, aceitei o convite para voltar a assessoria de imprensa. Desta vez com a equipe da então senadora Ideli Salvatti, onde permaneci até janeiro deste ano. Assessorar uma parlamentar com elevado potencial político foi mais um passo para meu crescimento na área. Ali tive a oportunidade de estreitar minha relação com a imprensa nacional, voltar a elaboração de artigos pessoais, produção de textos para a imprensa e tudo que a AI pode oferecer (edição textos, fotos, site, materiais gráficos, estratégias de comunicação).

Com uma equipe maior de jornalistas, estive ao lado de grandes profissionais, como o Osmar Gomes e Cláudio Schuster – amigos que ganhei e levarei para a vida toda.

Confesso que 2011 tem sido um ano atípico. Por uma decisão pessoal preferi avançar meus conhecimentos na área e assumir uma paixão que estava reservada desde os tempos de faculdade: a mídia impressa. Essa posição fulminante também partiu das propostas que recebi. Minhas opções em AI tomaram proporções maiores e para seguir em frente seria necessária dedicação exclusiva em Brasília. Uma oportunidade de ouro, sonhada por muitos. Neste momento manifesto abertamente meu AGRADECIMENTO ao deputado Décio Lima, que me estendeu o convite para integrar sua equipe da Câmara dos Deputados com uma proposta praticamente irrecusável. Outras pessoas também merecem minha gratidão como a ministra Ideli Salvatti e equipe, o deputado federal Mauro Mariani , o jornalista Salvador Neto, o vereador Manoel Francisco Bento, os publicitários Francisco Borghoff (PEB) e Oliveiros Marques (Sotaque Propaganda), presidente da CDL, Carlos Grendene, ao amigo Irio Correa e ao querido mestre Samuel Lima Pantoja, os quais me instigaram na construção de projetos profissionais importantes, que não serão executados neste momento, mas que ficam abertos para uma possibilidade futura. Obrigada a todos.

Hoje minha dedicação será exclusiva ao jornal diário. O ambiente e a rotina de trabalho já me mostrou algumas diferenças e muitas semelhanças quando o assunto é “jornalismo diário vs assessoria de imprensa”. Talvez esse desafio [entender as diferenças e compartilhar as semelhanças] é o que me motive a avançar na reportagem neste momento. Porém acredito que a Assessoria de Imprensa, como o Jornal, a TV ou o Rádio abrem as portas para todos. O bom profissional se qualifica, procura especialização, conhecimento, técnica e pode se destacar dentro de qualquer área. O acomodado fica a mercê do desempenho (seja do assessorado, da instituição ou do veículo em que trabalha), portanto se iguala, vaga no submundo da mesmice, se anula. Aqui na redação valorizo ainda mais os Assessores de Imprensa. Terão meu respeito. Nosso trabalho está numa via de mão dupla. Esse debate é saudável e acredito que os verdadeiros profissionais de comunicação devem agir com mais união, respeito e tolerância. O mesmo respeito que estou recebendo aqui na redação do ND e toda a direção da RIC. Só tenho a agradecer pela acolhida da equipe e a confiança que depositam em mim neste momento. Serão meus parceiros diários. Sei que tenho muito a aprender, mas que vou ensinar também. Somos aliados de um mesmo projeto agora. Será uma troca importante de conhecimento e um degrau a mais na minha jornada em comunicação.

Portanto, esse email não representa um adeus a ninguém, nem tampouco uma apresentação aos novos. Segue apenas para marcar mais uma passagem importante na minha vida profissional e para firmar o meu compromisso com todos que utilizam essa ferramenta tão importante no nosso dia a dia; Um jornal de qualidade, que serve a Joinville e região com presteza e que se destaca pela valorização da comunicação social/local. Estarei a disposição de todos, assessores, jornalistas, autoridades, entidades e toda a comunidade joinvilense para estampar a realidade da nossa cidade com a ética que ela merece e a liberdade editorial que faz da democracia a nossa maior conquista.

Um abraço a todos, estou muito feliz!