Poeta joinvilense volta a publicar após 16 anos

Capim estava há 16 anos sem publicar. Foto: ClicRBS
Capim estava há 16 anos sem publicar. Foto: ClicRBS

Já está pronto o novo livro do escritor joinvilense Valmir Capim Neitsch, que será lançado neste sábado – 4 de julho – às 20 horas no Nalo’s Pizzaria, localizada na rua Monsenhor Gercino, 2110 no Itaum, bairro da zona sul de Joinville (SC). A editora que assina o livro é a Areia, também joinvilense.

O quarto livro de Capim traz poesias inéditas escritas entre 2009 e 2015, com viés humanista, como define o próprio autor. O último livro do autor, Lavratura, foi lançado em 1999. De lá pra cá, Capim viveu uma espécie de ostracismo, dedicando-se entre outras coisas ao trabalho de diretor teatral da Oficina de Teatro da ADEJ – Associação dos Deficientes Físicos de Joinville.

Porém, desde 2009, voltou a escrever. “Ando numa fase obsessiva, não paro de escrever. Estou muito feliz com esse momento”, confessa, para concluir logo depois com largo sorriso: “Acho que me reencontrei, que encontrei o fio da meada”.

A referência é ao título do livro, chamado Carretel, cuja poesia homônima faz referência a uma antiga fábrica de linhas de Joinville. “Os personagens do poema, todos eles existiram, se aposentaram na empresa Linhas Correntes, que nós chamávamos de Carretel. Ela ficava onde hoje é esse supermercado grande aqui na Inácio Bastos. E apesar de toda dificuldade, explorações, havia muita poesia. Foi uma época muito marcante para mim e, tenho certeza que para cada um deles também”.

Capim considera a poesia, assim como a arte, uma tábua de salvação. “A função da poesia vai além da expressão, como a arte em geral, é a salvação da humanidade, é a expressão da alma. Se você pedir para eu definir o que é alma, eu diria que são as manifestações, as expressões que preconizam a ternura. Para mim, a arte é uma tábua de salvação”.

Serviço:
LANÇAMENTO DO LIVRO “CARRETEL”
https://www.facebook.com/events/844918615544312/
Sábado, 04 de julho, às 20h
Nalo’s Pizzaria (Rua Monsenhor Gercino, 2110, Itaum

Cruz e Souza – Poeta, maior expoente do simbolismo brasileiro.

cruz_e_sousa1João da Cruz e Souza nasceu em 24 de novembro de 1861 em Desterro, hoje Florinaopolis, Santa Catarina. Seu pai e sua mãe, negros puros, eram escravos alforriados pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa. Ao que tudo indica o marechal gostava muito dessa família pois o menino João da Cruz recebeu, além de educação refinada, adquirida no Liceu Provincial de Santa Catarina, o sobrenome Sousa.

Apesar de toda essa proteção, Cruz e Souza sofreu muito com o preconceito racial. Depois de dirigir um jornal abolicionista, foi impedido de deixar sua terra natal por motivos de preconceito racial.

Algum tempo depois é nomeado promotor público, porém, é impedido de assumir o cargo, novamente por causa do preconceito. Ao transferir-se para o Rio, sobreviveu trabalhando em pequenos empregos e continuou sendo vítima do preconceito.

Em 1893 casa-se com Gravita Rosa Gonçalves, que também era negra e que mais tarde enlouqueceu. O casal teve quatro filhos e todos faleceram prematuramente, o que teve vida mais longa morreu quando tinha apenas 17 anos.

Cruz e Souza morreu em 19 de março de 1898 na cidade mineira de Sítio, vítima de tuberculose. Suas únicas obras publicadas em vida foram Missal e Broquéis.

Cruz e Souza é, sem sombra de dúvidas, o mais importante poeta Simbolista brasileiro, chegando a ser considerado também um dos maiores representantes dessa escola no mundo. Muitos críticos chegam a afirmar que se não fosse a sua presença, a estética Simbolista não teria existido no Brasil. Sua obra apresenta diversidade e riqueza.

De um lado, encontram-se aspectos noturnos, herdados do Romantismo como por exemplo o culto da noite, certo satanismo, pessimismo, angústia morte etc. Já de outro, percebe-se uma certa preocupação formal, como o gosto pelo soneto, o uso de vocábulos refinados, a força das imagens etc. Em relação a sua obra, pode-se dizer ainda que ela tem um caráter evolutivo, pois trata de temas até certo ponto pessoais como por exemplo o sofrimento do negro e evolui para a angústia do ser humano.