É público e notório que o prefeito Carlito Merss (PT) enfrenta grandes dificuldades em engrenar seu governo desde a posse em 2009. Entre avanços e retrocessos, eis que surge mais uma vez em sua frente a empresa Busscar e seus graves problemas financeiros e de gestão que a levaram a beira da falência. A votaçao do seu plano de recuperaçao está marcado para os dias 22 e 29 de maio no Centreventos Cau Hansen. Agora, após uma partida longa, e quase aos 30 minutos da prorrogação, Claudio Nielson consegue colocar no cólo de Carlito a bomba Busscar. Em declarações após uma reunião com o mandatário da empresa, Carlito resolve dizer que apóia a recuperação da empresa, mas a forma como a notícia foi colocada causou um calor danado junto aos trabalhadores, sindicalistas, sua base eleitoral.
Assim que os jornais caíram nas mãos dos trabalhadores, seu telefone não parou de tocar. Dirigentes sindicais, lideres políticos do seu partido, trabalhadores ligados à Busscar cobrando sua posição sem ouvir o lado que ele sempre disse defender, ou seja, os trabalhadores. Carlito imediatamente tentou contato com os sindicalistas do Sindicato dos Mecânicos que há três anos estão as voltas com essa última crise da empresa. Não conseguiu. Com o filme queimando rapidamente, o Prefeito marcou reunião na última segunda-feira (7/5), e a conversa, tensa, pesada, se realizou. De posse dos novos dados, ele ao que parece voltou atrás em declarações, mas o mal estar ao que parece, continua. Tudo porque, segundo gente muito próxima a Carlito, falta habilidade política aos seus assessores mais próximos.
Há um fundo de razão nessa ideia. Afinal, Carlito Merss sempre recebeu o apoio da classe trabalhadora em suas eleições. Sindicalistas, principalmente ligados à CUT, botaram o pé na estrada e a “cara” na janela em seu favor. Há até alguns ex-sindicalistas em cargos de segundo e terceiro escalões, poucos até pelo peso que representariam na carreira política de Carlito. Mas nem esses foram ouvidos pelos assessores mais próximos, o tal “núcleo duro” que blinda o Prefeito, e blinda tanto que o deixa em maus lencóis como neste caso em especial. Se houvesse inteligência política mais apurada, ouvir os sindicalistas seria uma precaução mais que necessária, fundamental! Carlito teria certamente um cenário mais real do que propõe a Busscar, e seus interlocutores têm mais credibilidade do que propriamente os acionistas da empresa que chegou até a fazer passeatas e manifestações contra seu governo em 2010.
Carlito Merss estava ameaçando novamente uma melhorada substancial em sua imagem frente à administração municipal, apesar de uma comunicação falha, sem rumo, e com obras que ou não começam, ou que começam e nunca terminam, e uma articulação política ruim que mais afasta potenciais apoiadores e líderes políticos. Mas esse posicionamento que balançou exatamente a sua base eleitoral, causando comentários nada elogiosos ao Prefeito que eles apoiam, o deixaram novamente fragilizado. E mais importante, fragilizado na sua base eleitoral, que agora está desconfiada como nunca antes na história, diria o ex-presidente Lula. Nota publicada na coluna do economista Claudio Loetz, hoje, no jornal A Notícia, tenta desfazer o mal estar. Mas parece pouco diante do terremoto que mexeu com as estruturas e a confiança de aliados históricos.
Com assessoria assim, deixando o Prefeito em situações embaraçosas, fica difícil combater o que a oposição espalha pela cidade: um governo fraco, despreparado, sem rumo, sem realizações. E agora também com problemas a resolver em sua base eleitoral. Fonte do governo fez questão de frisar ao Blogueiro: se Carlito conseguir a reeleição, a primeira coisa que tem a fazer é acabar com esse núcleo duro, limpar a área e reestruturar um novo grupo, mais maduro, experiente e com boas relações inclusive com opositores. É, Carlito Merss tem tarefas duríssimas pela frente, a poucos dias do início oficial das eleições 2012.