Opinião: O chororô do prefeito Udo Döhler – Parte 1

Criador e criatura... por Sandro Schimidt
Criador e criatura… por Sandro Schmidt

O comandante do time jamais pode jogar a toalha. Um grande líder não pode jamais fraquejar diante dos obstáculos que surgem à sua frente, sob pena de irradiar desmotivação a todo o time que espera dele exatamente o contrário: motivação, coragem, criatividade, ousadia, e claro, otimismo. A entrevista do prefeito de Joinville (SC), o empresário Udo Döhler, ao jornalista Claudio Loetz no jornal A Notícia foi um desastre sob qualquer ponto de vista. Acertou as canelas dos servidores, de aliados, de apoiadores, e do povo que o esperava ansioso dos bairros para o centro, cuidando da cidade. Sob o ponto de vista da gestão então, jogou toda a imagem construída como gestor no latão do lixo. E se mostra isolado, o que em política é péssimo.

Como observador atento e crítico, comentarei aqui todas as pequenas falas de Udo na reportagem que antecedeu a deflagração da greve dos servidores municipais nesta segunda-feira. Reunidos em assembleia geral no final da tarde desta segunda-feira (19), os servidores anunciaram a paralisação. E começo de trás para frente. Vamos lá?

Pavimentação: diz ele que a pavimentação não é essencial. Na campanha não era esse o discurso, está no seu caderninho que faria 300 km. Fez mais ou menos seis. E agora diz claramente que pavimentação não é essencial, deixando o povão dos bairros a ver a poeira invadir os olhos com sol, e a lama sujar suas roupas junto com buracos e tudo o mais quando chove. E a culpa é de quem? Do Badesc. Badesc não é Colombo, Governo do Estado, parceirão? Hummm… Povão, esqueça o Udo 15 da campanha… esqueça o asfalto e aguarde 2016.

Hospital São José não dá conta: o Prefeito diz que não dá conta de atender a saúde gastando 35% do orçamento em saúde. Mas ele dizia na campanha que havia dinheiro, faltava era gestão. Então agora faltam os dois, porque o problema existe há décadas. E olha que ele comanda o Hospital Dona Helena há mais de 40 anos! Sabe bem o que é gerir saúde, ou pelo menos, gerir a saúde com dinheiro privado. Mas a gestão pública é outra coisa. E bem diferente.

Lei de Ordenamento Territorial (LOT): neste quesito então ele diz que esqueçamos uma cidade ordenada, organizada democraticamente, porque está tudo judicializado. Porque está judicializado? Porque o diálogo inexiste, e se existisse, quando se exaurissem todas as tentativas, haveria que se ter coragem de encarar a decisão de frente. Não dá é para empurrar a culpa a quem defende seus direitos e busca o debate na democracia. Goela abaixo é que os atores sociais não aceitam mais. Esse tempo passou.

Licitação do Transporte Coletivo/Corredor de Ônibus: só no governo Udo já são dois adiamentos da licitação, e desculpe, por pura falta de vontade político que já vinha desde o governo Carlito. Ou seja, nesta área mudamos para nada mudar até agora. Na entrevista Udo volta a prometer. Mas isso só é mais retórica. De fato é o que vemos, nada de a primeira licitação do transporte coletivo da maior cidade catarinense acontecer. E a cidade continua parada no tempo.

Auditoria Voluntária: essa é novidade no mercado profissionalizado da auditoria, a parceria com empresas locais (quais seriam?) para fazer voluntariamente (?) auditoria no Hospital São José. Isso é possível? Que tipo de auditoria seria, jurídica, contábil, qual? Duvido muito. E tem mais auditoria voluntária tem qual segurança e credibilidade? E a questão ética, não conta? Vamos parar de sonhar e fazer de fato o que é preciso. Do alto da experiência do Prefeito na gestão da saúde, essa foi de amargar. Onde anda o profissionalismo da gestão?

Serviço Público/Resistências: “é grande a reação por quem quer manter a lentidão e a burocracia”. Quem quer manter a lentidão e a burocracia, os servidores públicos? Quem são eles, porque como mandante maior da cidade o Prefeito tem o dever de nominar, dar nome aos lentos e burocratas que impedem a mudança. Quanto à informatização, essa está para lá de velha, e está muito atrasada. Inclusive no governo Udo.

Clique aqui e leia a parte 2 da opinião “O chororô do prefeito Udo Döhler”.

* Por Salvador Neto, jornalista e editor do Palavra Livre.