SP: A não reunião da CPI do Incêndio em favelas

A CPI dos Incêndios em Favelas tá parecendo aula de Redação em cursinho. Vira e mexe a classe fica vazia, apesar de na Fuvest o texto ter peso dois. Quarta da semana passada, metade dos seis integrantes dessa comissão cabulou a reunião marcada pro dia, que acabou encerrada por falta de quorum. Mesmo com uma manifestação pra acontecer na porta da Câmara Municipal feita pelo pessoal de movimentos sociais, moradores de comunidades queimadas e militantes.

Levaram até bateria, pra cobrar mais agilidade nos trabalhos do grupo, formado por vereadores da base aliada do prefeito Kassab que são financiados pelo setor imobiliário, segundo o site Carta Maior. O PT, que por direito poderia ter preenchido duas vagas como oposição, tipo galera do fundão, resolveu não indicar ninguém do partido por estratégia de bancada.

Decisão explicada pela assessoria do líder da própria, Chico Macena: “Como o PT tinha como objetivo instaurar a CPI do Hospital Sorocabana, decidiu não participar de nenhuma outra CPI” caso aquela não fosse aprovada. Aconteceu que não foi, e então uma das vagas foi ocupada pelo vereador Marco Aurélio Cunha (PSD), que só participou da reunião inicial de apresentação e depois foi substituído pela vereadora Edir Sales (PSD). A outra ficou para o chefe da bancada do PC do B, Jamil Murad. Ela continua. Ele deixou o grupo por questão de agenda – “participa de outras comissões”. Ainda segundo o gabinete do Macena, “a sugestão da CPI do Incêndio nas Favelas surgiu após a decisão da bancada de não participar de nenhuma outra CPI que não a do Hospital”.

Aquela quarta-feira foi a quinta tentativa cancelada de encontro dessa Comissão Parlamentar, o que vem acontecendo desde abril, quando o inquérito foi instaurado na Câmara. De um total de oito, sempre agendados e anunciados no Diário Oficial e no site da Casa. Sem contar a reunião de instalação, na qual é sempre legal dar um oi, essa seria a 4ª “Ordinária” pra “apurar as causas e responsabilidades pela recorrência de incêndios em favelas no Município”. Que, quer sejam provados uma grande coincidência ou ingerência, já são mais de 30 casos só em 2012.


A manifestação vista do oitavo andar, onde era pra ter acontecido a reunião.

Para o dia tinham sido convocados os subprefeitos de Jabaquara, São Miguel Paulista e Vila Prudente. Todos compareceram à sala Tiradentes, no oitavo andar. Além deles, jornalistas, manifestantes e os vereadores membros: a relatora Edir Sales, que no balanço deu a cara em cinco dos encontros e desencontros; Toninho Paiva (PR), também visto em cinco mesas; e o presidente e, por isso, prudente em todas as discussões, Ricardo Teixeira (PV).

Os que melaram foram Ushitaro Kamia (PSD), Anibal de Freitas (PSDB, vice-presidente da Comissão) e Souza Santos (PSD). O primeiro, que assinou a chamada em três das sessões anteriores, disse ter faltado graças a uma “consulta médica por dor de estômago”. O segundo é mais participativo — foram cinco presenças até hoje —, mas, apesar de ter dado check-in no plenário das 15h, não foi encontrado e ainda não respondeu às investidas telefônicas, virtuais e pessoais para explicar a ausência no dia. Do terceiro, contatado tanto quanto, o grilo ainda tá cantando no vácuo do porquê de ter comparecido só a duas das reuniões, frustradas ou não.

Sem também saber explicar os motivos que justificassem as faltas naquele encontro, a presidência encerrou a sessão três minutos depois de ter dado quinze de tolerância. “Juridicamente não há valor legal”, concluiu o Teixeira. Passar disso a um monte de gente em volta questionando sobre tudo e mais um pouco, foi bem rápido.

“Não posso dizer se está havendo descaso. Tem que perguntar pra eles [vereadores ausentes]. Como presidente eu sou proponente da matéria. Sou engenheiro, então acho que não podemos acreditar só no acaso. A gente quer apurar justamente porque, na minha cabeça, coincidência não existe. Nós propusemos isso no final do ano passado. Agora que estão acontecendo esses [casos de incêndio], estão pensando só nos mais recentes. Mas já trazemos essas informações dos últimos dois ou três anos”, continuou.


A manifestação vista do chão, onde aconteceu uma explicação.

Só não acabou aí porque ele foi coagido a descer e dar satisfações à centena de pessoas que, naquele frio, foram checar a quantas andava tudo aquilo. No auditório externo do térreo, falou tudo de novo, além de ser cobrado por punições. Um dos indignados até lembrou: “Na escola os caras levam suspensão e ponto negativo. E aqui, nada!” Ricardo Teixeira respondeu: “Posso pedir a troca [de membros] para os partidos, mas preciso ver se no Regimento Interno existe alguma medida de punição para esses casos.”

Até agora, essa Comissão Parlamentar de Inquérito que, desculpa qualquer coisa, vai ter que acabar dia 31 de dezembro – final de mandato –, de fato só ouviu o depoimento do coordenador da Defesa Civil, Jair Paca de Lima, que levantou o “tempo seco” como “agravante dos incêndios”. Mas, segundo o mesmo Ricardo Teixeira, também já estão sendo compilados “relatórios da Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros… Tudo disponível na Secretaria de Comissões”.


Bateria do MAL (Movimento Autônomo Libertário).

Por algum motivo, nada disso animou muito o Milton Sales, ex-agente do Racionais MCs e morador da Favela do Moinho, foco de incêndio por cinco vezes e que agora vê um pedaço seu se transformando em estacionamento. Ele diz ter tido a casa destruída e agora morar com a família debaixo do viaduto que dá entrada à comunidade. Tampouco deixou menos cético o sorridente Gegê, da Central dos Movimentos Populares, que continua achando tudo um belo descaso. Nem acalmou a Luna, militante que se declara autônoma e que anunciou no microfone um encontro pra definir novas ações na luta pela causa, a ser realizada no domingo na própria Favela do Moinho.

Paralelo a isso, o Ministério Público do Estado também investiga a suspeita levantada de existir algum interesse meio porco por trás de toda essa história.

Do Toxic

Eleições: o papel dos vereadores, a falta de politização e o poder das Prefeituras

Os 68.544 vereadores que serão eleitos no dia 7 de outubro por cerca de 140 milhões de eleitores em 5.568 municípios terão a tarefa de fiscalizar as prefeituras municipais, além de criar e modificar leis restritas às cidades. Cabe a eles verificar, por exemplo, como o dinheiro público é aplicado e criar ou alterar o plano diretor de ocupação urbana de sua cidade.

Podem se candidatar a vereador os maiores de 18 anos que tenham título de eleitor há mais de um ano no município onde pretendem disputar o cargo e sejam filiados a um partido político há mais de um ano das eleições.

Apesar de estar definido em lei quem pode se candidatar qual é a missão dos eleitos, especialistas ouvidos pelaAgência Brasil afirmam que a função do vereador está desvirtuada por pelo menos dois motivos. O primeiro está no fato de muitas prefeituras cooptarem os vereadores por meio da distribuição de cargos na administração local e do uso do dinheiro público. O segundo fator, relacionado e influenciado pelo primeiro, é a falta de cultura política do eleitorado, que não acompanha o trabalho dos vereadores depois de empossados.

“A função das câmaras de Vereadores foi esvaziada. Os vereadores não cumprem seu papel, não fiscalizam. Quem legisla, de fato, é o [Poder] Executivo. [As prefeituras] não têm importância nenhuma para o eleitor”, critica Cláudio Abramo, do site Transparência Brasil. “Os prefeitos ‘compram’ suas bases por meio da distribuição de cargos”, lamenta.

O cientista político Fábio Wanderley dos Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais tende a concordar com Abramo. “Não tem nada que aconteça de relevante [nas câmaras de Vereadores]. O poder foi posto de lado e depois jogado fora”, disse Wanderley, ao comentar que vereadores “se ocupam mais em mudar nome de rua” ou escolher pessoas para prestar homenagem em sessões especiais.

O advogado Walter Costa Porto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e historiador especializado em eleições no Brasil, porém, tem visão mais positiva dos vereadores e diz que eles participam da administração municipal. Costa Porto reconhece, porém, que o sistema de votação proporcional dentro de coligações partidárias cria uma disfunção grave. “O eleitor não sabe para onde vai seu voto. Ninguém conhece as listas partidárias. Vota em um candidato a vereador e elege outro.”

A representação local – câmaras dos Vereadores – é o sistema de eleitoral mais antigo do Brasil. Segundo Walter Costa Porto, a primeira eleição para os “conselhos da câmara” ocorreu em 1.535 vilas no interior do que hoje é o estado de São Paulo.

Para ele, apesar da antiguidade, o sistema eleitoral, associado ao desinteresse e desconhecimento dos eleitores, “faz da democracia no Brasil um simulacro [imitação]”. O problema se agrava com a impunidade concedida pelos próprios eleitores. “Falta educação cívica. Ninguém é punido pelo voto”, diz o advogado, ao salientar que é comum os eleitores esquecerem para quem foi seu voto para vereador, assim como para deputado estadual e deputado federal.

“O grau de politização é muito baixo. Muitos eleitores votam por obrigação” e “há uma crise de confiança no Legislativo”, afirma Carlos Eduardo Meirelles Matheus, líder do Comitê de Opinião Pública da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep) e ex-diretor do Instituto Gallup de Opinião Pública.

Apesar de crítico, Matheus ressalta que os vereadores exercem o mandato como “intermediários” entre os eleitores e a prefeitura. “Nas cidades maiores, eles trabalham pelos bairros e encaminham solicitações”. Ele diz que a proximidade dá “um pouco mais de transparência” aos mandatos dos vereadores.

De acordo com o site Transparência Brasil, o custo de funcionamento do Poder Legislativo no Brasil (câmaras de Vereadores, assembleias legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal) é, em média, R$ 115,27 por ano para cada um dos brasileiros que moram nas capitais. O valor varia de cidade em cidade.

“A Câmara de Vereadores mais cara por habitante é a de Palmas, capital do Tocantins, que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade. A mais barata é a da capital paraense, Belém, com R$ 21,09 por ano”, descreve site, que também monitora as propostas e votações nas duas maiores câmaras de Vereadores do país: São Paulo e Rio de Janeiro.

Da Ag. Brasil

Maluf, ao lado de Lula, anuncia apoio a Haddad em SP, quem diria hein…

Presidente do PP em São Paulo, o deputado federal Paulo Maluf anunciou, oficialmente nesta segunda-feira, o apoio da legenda de direita à candidatura de Fernando Haddad (PT) para prefeito de São Paulo. O anúncio foi feito na mansão do ex-prefeito paulistano, na Zona Sul da capital, ao lado do ex-presidente Lula. A aliança permitirá a Haddad mais 1m 35s de tempo na propaganda eleitoral de rádio e TV.

– O PP decidiu apoiar o próximo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, porque acreditamos que os problemas de São Paulo não serão resolvidos apenas pela administração municipal, e, sim, em conjunto com o governo federal – disse Maluf, sorrindo, aos jornalistas.

Haddad, por sua vez, disse que a cidade de São Paulo deve ficar acima de possíveis divergências ideológicas entre as duas siglas ao justificar a aliança com o arquirrival da esquerda no país, suspeito de colaborar com a ditadura para o desaparecimento de presos políticos e acusado de desvio de recursos públicos em paraísos fiscais na Inglaterra e no Caribe.

– Não há contradição. Desde janeiro dissemos que vamos buscar apoio dos partidos que estão na base do governo Dilma. O PP integra essa base desde 2004. Logo, nada mais natural que tenhamos buscado o apoio deles também em são Paulo – esquivou-se Haddad.

Antes de anunciar o apoio ao PT, Mafuf negociava com o PSDB do ex-governador e hoje candidato a prefeito da capital paulistana, José Serra.

– Hoje não existe direita e esquerda, onde está a esquerda hoje? Na Rússia, na China que não respeita os direitos humanos? Em Cuba que deportou seus boxeadores? – respondeu o ex-prefeito ao ser questionado sobre as diferenças ideológicas entre ele e o PT. Nessa declaração, Maluf cometeu outra de suas gafes, porque não foi Cuba que deportou os boxeadores, mas o próprio governo do então presidente Lula, em 2007. Em seu discurso, Maluf fez questão de elogiar as antigas adversárias políticas: a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) e a senadora Marta Suplicy (PT-SP).

– Tenho muito respeito pela ex-prefeita Erundina. Cada um no seu tempo, fez coisas boas. Eu sucedi Luiza Erundina. Ela foi uma boa prefeita, correta, decente, tanto que vocês viram que na sucessão não houve nenhum tipo de perseguição. Também a prefeita Marta foi muito boa, fez os CEUs. Mas não temos que olhar pelo retrovisor e sim pelo para-brisa. Quem olha para frente não olha para trás – afirmou o ex-prefeito.

Mas este, nem sempre, foi o discurso de Maluf. Em 2000, com Marta à frente das pesquisas, a campanha do ex-prefeito espalhou outdoors pela cidade com frases que atacavam a petista. As peças diziam “Mamãe, vote em quem nunca usou drogas” e “Mamãe, vote em quem é contra o aborto”, em referências a bandeiras de Marta. Em entrevistas, Maluf também subiu o tom contra a adversária, a quem instou a revelar o que chamou de “vida devassa”. Outro episódio que ficou famoso nessa campanha foi Marta, irritada com ataques do rival no programada da Rede Bandeirantes, cravar a célebre frase:

– Cala a boca, Maluf!

Sobre Haddad, Maluf disse que é o candidato “que tem as melhores condições para resolver os problemas da cidade porque ele tem parceria com o governo federal”. O PP, partido do ex-prefeito, compõe a base aliada no âmbito federal desde o primeiro mandato de Lula. Mas Maluf negou que o apoio a Haddad tenha relação com a secretaria do Ministério das Cidades, que teria sido entregue a um aliado seu.

“Que fique claro”

Em sua página na internet, nesta segunda-feira, o militante petista e ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula José Dirceu saiu em defesa da aliança entre o PT e o PP. Segundo Dirceu, “o PP já faz parte da base de partidos do governo federal. Como fez da base aliada do governo do ex-presidente Lula, sem que mudássemos nosso programa de governo ou o rumo do Brasil. Se vamos recusar o apoio do PP por causa do deputado Paulo Maluf (PP-SP), que esse motivo fique claro. O motivo não pode ser a negação de nossa politica de alianças e de governo de coalizão. Aí seria negar nossas vitórias conquistadas graças a alianças em 2002, 2006 e 2010, bem como nossos três governos de coalizão, os dois do presidente Lula e o terceiro agora, da presidenta Dilma Rousseff”.

“Já a discussão sobre os rumos da campanha – sobre o novo – vai mal. Deflagrá-la em torno disso e em público, significa dar armas ao adversário. Melhor é fazê-lo na coordenação e na direção politica da aliança e da campanha. Estes são o foro, as instâncias apropriadas, ideais para discutir e ver como resolver uma questão dessas. Até porque tudo indica que decidiram a marca da campanha sem discussão no PT ou com os aliados. Por isso, agora começam as críticas, que procedem, mas que podem ser equacionadas mesmo com o atual slogan ou marca – o novo. Sem contar que tem de se manter atentos ao fato de que políticas para a terceira ou melhor idade e o novo não necessariamente estão ligados ao conceito de jovem”, conclui Dirceu.

Do Correio do Brasil

Prefeitura e desperdício de dinheiro público, nosso dinheiro

Há alguns dias pensei em escrever sobre essas coisas que ninguém entende na administração pública, principalmente como contribuinte que paga impostos a todo momento, em qualquer situação. Passo todos os dias pelas ruas Farroupilha, Guarani e Bernardo Stamm até a rua Arnaldo Moreira Douat, trajeto para ir ao trabalho diário. Das três, duas estão tomadas pelos buracos. Todas ficam no bairro Floresta, zona sul da maior cidade catarinense.

São tantos os amigos buracos que já penso em nomes para eles, de tanto que desvio, como pilotos da Fórmula 1 desviam com rapidez nas pistas mundo afora. A diferença é que eles desviam de concorrentes, ou de pedaços de carro alheio. Eu e tantos contribuintes não: tentamos é não quebrar os eixos nos donos dessas vias, e outras pela cidade afora. Uma lástima.

Mas pior que isso é acordar pela manhã e ver as três ruas com uma faixa amarela pintada dividindo a pista! Gastar tinta em ruas que se esvaem pelos buracos? O desperdício de dinheiro público – nosso dinheiro – é tanto que até nos buracos eles pintaram! Incrível a habilidade. Agora, onde estão os administradores públicos da cidade que não veem tamanha desfaçatez?

Porque é incrível que uma rua cheia de buracos, primeiro não seja recuperada, repavimentada com qualidade, já que há servidores públicos espalhados em regionais, secretariais, e também comissionados, que devem passar todos os dias pelos mesmos buracos que nós. Ou não?

Não seria possível que os grandes administradores públicos fizessem o serviço de forma planejada, organizada, evitando jogar nosso dinheiro fora? Sim, porque deveriam antes recuperar a via, para depois sinalizar devidamente, e com tinta de qualidade, não a que usam para que à menor chuva sumam!

Espero que alguém da Prefeitura, Seinfra, Conurb, Secretaria Regional do bairro, Prefeito, vereadores, alguém que está remunerado para cuidar da cidade, veja isso com os próprios olhos. Buracos pintados com uma faixa amarela. Está lá para todo mundo ver. Respostas são obrigatórias, e ação para recuperar as ruas de forma decente e planejada, também!

Greve: Joinville vira refém de briga partidária

Essa greve dos servidores públicos municipais de Joinville (SC) têm toda a razão de ser após um anúncio desastrado de não concessão de aumento salarial na data-base dos servidores. Vindo de quem construiu sua trajetória política na movimento sindical, causa espanto que o prefeito Carlito Merss se negue a pelo menos repor as perdas inflacionárias. Bateu esquecimento no professor, ex-deputado, ex-militante da CUT e Sinte.

Agora, passados alguns dias, o que se vê após a dissipação de um pouco da fumaça é a face real da luta política em questão, entre aliados do PT. As correntes de Carlito e Adilson Mariano, este vereador da Esquerda Marxista, se digladiam agora em público. Antes era apenas entre paredes do seu partido. Quem sofre neste quadro? A população, e servidores que podem estar servindo de massa para essa briga caseira.

Pede-se bom senso às partes, porque do outro lado do balcão estão trabalhadores e trabalhadoras, com suas famílias, precisando de resultados práticos na saúde, educação, assistência social, infraestrutura e tantos outros setores. Ao Prefeito, vontade política agora para conceder no mínimo a inflação do período – e nada de conversas orçamentárias, que são apenas peça de ficção – com vontade política. Ao Sindicato, vontade e entendimento de que a cidade também precisa respirar, ter algum din din sobrando para tocar obras essenciais.

A cidade, maior de Santa Catarina, espera grandeza de ambas as partes.

Política habitacional em Joinville

A Secretaria Municipal de Habitação realiza no sábado, 2 de abril, a partir das 14 horas, o primeiro sorteio de entrega de moradias para famílias de baixa renda – de zero a três salários mínimos – por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). O sorteio será transmitido ao vivo pela TV Brasil Esperança (canal 11) e conferido pela Selecta Auditores Independentes SS, que acompanhará todo o processo. Os critérios de participação no programa estão de acordo com as diretrizes do Ministério das Cidades e foram amplamente debatidos pelo Conselho Municipal de Terras, Habitação Popular e Saneamento. São consideradas aptas a participar famílias com renda inferior a três salários mínimos, que não possuam nenhum imóvel e estejam inscritas no cadastro da Secretaria de Habitação.

Recebem prioridade as famílias em situação de maior vulnerabilidade, de acordo com critérios preestabelecidos, como famílias residentes em áreas de risco ou que tenham sido desabrigadas. Famílias nas quais a mulher seja a responsável pela unidade familiar, famílias beneficiárias do Programa Bolsa-família, cujos filhos menores frequentem a escola e que já morem em Joinville. Também são reservadas unidades habitacionais para idosos, em cumprimento ao Estatuto do Idoso; e pessoas com deficiência, de acordo com as exigências de legislação municipal.

Foram selecionadas para a participação no sorteio 1,6 mil famílias e estão disponíveis 784 apartamentos nos residenciais Trentino I e Trentino II. O empreendimento é uma parceria com a Caixa, que efetuará o financiamento por meio do PMCMV, oferecendo condições especiais para a aquisição da casa própria.

Na verdade, é um começo modesto diante de um cadastro de cerca de 14 mil famílias que aguardam na fila de espera de programas habitacionais desde1999. Mas é um marco que se estabelece em direção a uma política habitacional séria, comprometida e que observe rigidamente critérios de legalidade.

Porque a experiência que o município acumula há quase duas décadas é a da prática do clientelismo, do uso político do solo urbano, do favorecimento indiscriminado e de privilégios escusos. O resultado é a herança de grandes áreas de ocupação e loteamentos irregulares, dentre elas, áreas de preservação permanente e de uso comunitário, loteamentos comercializados em áreas de risco. Tudo isso acontecia sob o beneplácito olhar do poder público.

Hoje, o trabalho da Secretaria de Habitação dá um passo significativo em direção a um novo momento no que diz respeito à política habitacional.

Jornal A Notícia: quarta-feira (30/03) na página 40