Corrupção – Propina da merenda foi paga na Assembleia em SP, afirma delator

palavralivre-merenda-propina-sp-alkmin-capez-psdbO principal delator da operação Alba Branca, que investiga um possível esquema de fraudes e desvios na merenda escolar envolvendo prefeituras, a Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) e a Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que usou a Assembléia Legislativa do Estado como ponto de encontro para pagamentos de propina a dois ex-assessores do presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB), informa reportagem da Folha de S.Paulo.

“Segundo o delator Marcel Ferreira Julio, tido como lobista da Coaf, os pagamentos aos ex-assessores do gabinete do tucano Jéter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos foram feitos em dinheiro vivo ao longo de 2015, à medida que o Estado pagava pelo suco fornecido.

“Era feito em dinheiro, eles [membros da Coaf, sediada em Bebedouro] sacavam, vinham para São Paulo, a gente se encontrava em algum lugar e toda vez era pagamento em dinheiro, em alguns lugares na Assembleia, para os dois [ex-assessores]; fora, na entrada, no restaurante, sempre por ali”, disse Marcel.

A Justiça quebrou sigilos bancário e fiscal dos suspeitos e de firmas ligadas a eles. No caso de Capez, também foi quebrado posteriormente seu sigilo relativo a investimentos na bolsa de valores.

Marcel reafirmou ao desembargador do caso, Sergio Rui, o que havia relatado ao Ministério Público em abril: que os dois ex-assessores lhe disseram que parte da propina ia para despesas da campanha de Capez de 2014.

Pereira, que atuou no gabinete de Capez de 2013 até o final de 2014, assinou ao menos oito recibos de “comissões”, obtidos pela investigação, que totalizam R$ 171 mil.

O valor combinado para os ex-assessores, segundo o delator, era de R$ 200 mil. Outros “400 e poucos mil” seriam para a campanha, conforme o que Pereira e Merivaldo afirmavam a Marcel.”

O presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB),  negou as acusações. Procurados, os ex-assessores Jéter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos não se manifestaram.

Com informações do Brasil 247 e Folha de SP

Cunha na berlinda – STF nega recurso e delator da Lava Jato vai depor no Conselho de Ética da Câmara

PalavraLivre-delator-testemunha-propina-Cunha-pmdb-eticaA ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, negou hoje (7) liminar (decisão provisória) no mandado de segurança apresentado pela defesa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Ontem (6), advogados de Cunha entraram no STF com uma ação para impedir que investigados na Operação Lava Jato prestem depoimento como testemunhas de acusação no processo no Conselho de Ética da Casa.

A ação chegou ao STF depois que os integrantes do Conselho de Ética pediram ao ministro Teori Zavascki, do STF, autorização para que delatores da operação prestem depoimento ao conselho.

Segundo a defesa de Cunha, a investigação no conselho trata de suposta declaração falsa dada pelo presidente da Câmara à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras sobre a titularidade de contas não declaradas na Suíça. Para a defesa de Cunha,  os delatores são “suspeitos e impedidos” de atuar na representação porque pretendem se beneficiar criminalmente e não têm relação com o processo disciplinar.

Testemunhas
Na decisão, a ministra Cármen Lúcia disse que não cabe ao Poder Judiciário fazer análises sobre as testemunhas. “Também não é possível ao Poder Judiciário assumir presunção sobre a incapacidade de testemunhas arroladas para esclarecer fatos que possam corroborar, ou não, os elementos indiciários que tenham sido eventualmente apurados pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar”, disse. Acrescenta que não há como afirmar que os delatores sejam “suspeitos e impedidos”.

“Tampouco haveria como afirmar a suspeição ou impedimento de testemunhas que respondem a processos criminais na Justiça Federal pela circunstância de terem interesse em manter a versão de fatos antes apontados e assegurar os benefícios decorrentes de colaborações premiadas celebradas com o Ministério Público Federal”, diz a ministra.

Ela afirmou, ainda, que o valor da palavra das testemunhas diz respeito apenas à “autoridade competente para ouvi-las”.

Com a decisão, fica mantido para hoje (7) o depoimento  de Leonardo Meireilles, proprietário do Laboratório Labogen, que, durante investigação da Operação Lava Jato, afirmou à Justiça do Paraná ter como comprovar transferências para contas de Eduardo Cunha. O Conselho de Ética pretende ouvir, também, os lobistas Fernando Baiano e Júlio Camargo.

Com informações da Ag. Brasil, STF

Lava Jato – Cerveró coloca FHC e PSDB no centro da investigação ao declarar propina de US$ 100 mi

PalavraLivre-fhc-cervero-lava-jato-propinaO ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse aos investigadores que a compra do conglomerado de energia argentino Pérez Companc (PeCom) pela Petrobras, em julho de 2002, “envolveu uma propina ao governo Fernando Henrique Cardoso de US$ 100 milhões”.

Segundo Cerveró, diretores da Perez Companc e a Oscar Vicente, executivo argentino que presidia a empresa na época da aquisição, disse isso a ele. A empresa custou US$ 1,02 bilhão. A informação foi divulgada pelo jornal Valor Econômico que teve acesso com exclusividade ao documento sigiloso em que Cerveró faz a afirmação.

Em nota, o ex-presidente tucano disse que as afirmações são “vagas” e, “sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”.

Ainda segundo o documento, Cerveró teria dito: “Cada diretor da Perez Companc recebeu US$ 1 milhão como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente US$ 6 milhões”. A Petrobras reuniu os ativos da PeCom com outros adquiridos na Argentina e formou a Petrobras Energia SA (Pesa), com ações da bolsa.

Cerveró disse ainda que a “maior parte da propina ficou na Argentina” e que ele e o lobista Fernando “Baiano” Soares, também delator da Lava Jato, receberam US$ 300 mil cada como parte do esquema. A delação de Baiano confirma as informações de Cerveró.

Procurado pela reportagem, FHC disse em comunicado divulgado pela assessoria de imprensa de seu instituto que não tem “a menor ideia” do que trata a matéria e disse que as “afirmações vagas”.

Com informações da Folha, Valor, Correio do Brasil

Situação de Eduardo Cunha (PMDB) se agrava com novas denúncias no STF

PalavraLivre-cunha-cvm-stfO Presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é um homem de sorte. Muita sorte. É o que concluiu a Procuradoria Geral da República (PGR), no relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual pede o afastamento do parlamentar do cargo, com urgência, após constatar que ele lucrou R$ 917 mil com papéis no mercado de capitais.

A sorte de Cunha, no entanto, explica-se no fato de que os lucros nas operações financeiras eram destinados à sua conta pessoal, enquanto os prejuízos eram absorvidos por um fundo de pensão público. As transações suspeitas ocorreram entre abril de 2004 e fevereiro de 2005 e foram alvo de uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável pela fiscalização do mercado.

Na época, a CVM concluiu que o então gestor da Companhia de Águas e Esgotos do Estado do Rio de Janeiro (Cedae) obteve “lucros indevidos” com papéis emitidos por fundos de investimento movimentados pela Prece, o fundo de pensão dos funcionários da companhia. Cunha foi afastado do cargo e responde, até hoje, a um processo no Tribunal de Justiça.

A Prece operava na época em sete fundos de investimento por meio de diversas corretoras, entre as quais a Laeta, que tinha Cunha como um dos clientes, e o corretor Lúcio Bolonha Funaro. No curso de um inquérito que tramita no STF sobre Cunha, derivado da Operação Lava Jato, a PGR teve acesso ao inquérito que investigou os lucros de Cunha. O documento foi exibido na edição deste sábado do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo e mostra, com detalhes, as conclusões da CVM e as avaliações da Procuradoria.

Segundo a PGR, “a apuração da CVM constatou que as taxas de sucesso de Cunha nas operações foram de 100% no mercado de dólares e de 98% em outro papel. Cunha teria atuado em 23 pregões. A CVM apontou ‘indissociável indício de ocorrência de irregularidades’ nas operações e a PGR afirmou que a taxa de sucesso do deputado e de Funaro ‘somente se tornava viável mediante a manipulação na distribuição dos negócios fechados, pela fraude verificada, com a conivência dos ‘perdedores’, ou seja, os fundos da Prece”, afirma o jornal.

Nas contas da Procuradoria “para se ter uma ideia, a probabilidade de se obter uma taxa de sucesso de 98% ocorre em uma vez para cada 257 septilhões (de vezes). Sabendo-se que a chance de ganhar a Mega Sena quando se faz a aposta mínima é de 1 em 50 milhões, verifica-se que a chance de uma taxa de sucesso de 98% é praticamente nula e decorre claramente de uma fraude”. Ao todo, as perdas da Prece somaram, entre 2003 e 2005, R$ 56 milhões em valores da época não atualizados.

O esquema, segundo a PGR, acontecia assim: “após tomar conhecimento prévio do resultado que as operações iriam gerar, os operadores deixaram para os fundos todos os negócios com preços desfavoráveis, enquanto alguns clientes determinados das corretoras realizaram compras e vendas do mesmo contrato futuro que, invariavelmente, resultavam em ‘ajustes do dia’ positivos. Em outras palavras, todos os prejuízos ficavam para os fundos e todos os lucros para determinados clientes das corretoras, dentre eles Eduardo Cunha e Lúcio Funaro”.

A PGR está convencida de que havia um esquema “preordenado e preparado dentro de cada uma das corretoras e distribuidoras intermediárias envolvidas”. A CVM apontou ainda que Cunha “estava inserido, de acordo com ele mesmo, dentro de um contexto político, na época, que o aproximava dos dirigentes da Cedae, inclusive”.

Na época, Cunha afirmou à CVM, em sua defesa, na apuração feita pelo órgão, segundo o documento produzido pela PGR, que seu excelente desempenho no mercado de capitais decorreu de operar “com convicção”. A reportagem do Correio do Brasil tentou, sem sucesso, um contato com Eduardo Cunha, neste sábado.

Lúcio Funaro, outro envolvido no processo de fraude, alegou apenas que o processo na CVM “está sob sigilo e a defesa será apresentada no tempo oportuno”.

Mais suspeitas sobre Cunha
A PGR também localizou, nas mensagens de celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro — preso no âmbito da Operação Lava Jato — um total de 94 pedidos de “encontro, ligação ou contato”, entre ele e Eduardo Cunha. Os fatos reforçam o pedido de afastamento do presidente da Câmara.

Nas mensagens, eles acertam mudanças em projetos de interesse da OAS na Câmara e doações eleitorais, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aponta serem propina em troca da ajuda que Cunha dá no em projetos no Legislativo.

“Em contraprestação, Eduardo Cunha recebia vantagens indevidas, para si e para outrem, em forma de `doações’ eleitorais”, resume Janot.

Nas trocas de mensagens de Léo Pinheiro e Cunha, há “94 pedidos em dias diferentes para encontro, ligação ou contato”, 18 comunicações que indicam que um deles estaria em um local para encontro, 35 “pedidos/solicitações/cobranças/agradecimentos” de Cunha para o empreiteiro e 30 de Pinheiro para Cunha.
As conversas indicam, por exemplo, que a OAS escrevia emendas para Cunha apresentar em medidas provisórias no Congresso.

Ainda segundo a PGR, Cunha conta ter combinado uma doação com a Odebrecht para a campanha do correligionário Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ao governo do Rio Grande do Norte e pede para Léo Pinheiro “acertar” com ele depois.

“Tive com Júnior (da Odebrecht) pedi a ele para doar por você ao Henrique, acho que ele fará algo, tudo bem?”, escreveu Cunha a Léo Pinheiro. O deputado tem afirmado que nunca recebeu propina e, em nota divulgada na noite passada, afirma que “existe uma investigação seletiva do PGR” contra ele.

Com informações do Correio do Brasil e Agências

Cassação de Cunha a caminho: PSOL e Rede entram com pedido no Conselho de Ética

Conforme já havia antecipado, o PSOL entrou ontem (13) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados com um pedido de cassação do mandato do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar. O pedido foi endossado pela Rede e assinado por cerca de 50 parlamentares de sete partidos (PSOL, Rede, PT, PSB, Pros, PPS e PMDB).

No pedido, o partido toma como base um documento encaminhado na semana passada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que atesta como verdadeiras as informações de que Cunha e familiares têm contas na Suíça e que, supostamente, teriam recebido dinheiro fruto do pagamento de propina em contratos da Petrobras investigados na Operação Lava Jato.

“Ficou patente, com indícios robustos, com a investigação assumida pelo Ministério Público, que o deputado Eduardo Cunha afrontou a Constituição e o Código de Ética e decoro parlamentar, no mínimo, por utilizar o cargo para obter vantagens indevidas e não prestar as informações obrigatórias para parlamentar”, disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).

De acordo com Alencar, Cunha quebrou o decoro ao mentir sobre a existência das contas quando depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O PSOL diz que reuniu na peça um conjunto probatório de evidências contra Cunha e anexou cerca de 100 páginas com as informações recebidas da PGR, depoimentos de delatores da Lava Jato que citam Eduardo Cunha e matérias veiculadas na imprensa.

O partido também usa como argumento para a quebra de decoro a denúncia da PGR ao Supremo, segundo a qual Cunha cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Mentiu e praticou corrupção passiva e também lavagem de dinheiro, como indica a PGR. Outras investigações em curso falam também em evasão de divisas a sonegação fiscal. Portanto, o conjunto da obra é muito perverso, ainda mais na função que [Eduardo Cunha] ocupa e na qual insiste em permanecer”, acrescentou o PSOL.

Para o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), o comportamento de Cunha é impróprio e incompatível com sua permanência na presidência da Câmara. “No nosso entendimento, está configurada a quebra de decoro pelo presidente da Casa, e o processo precisa ser aberto. Pelas informações que se tem, já é possível dizer que o deputado não pode mais permanecer na presidência e que seu mandato precisa ser cassado”, afirmou.

O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), informou que, após encaminhar a representação da Mesa Diretora, será aberto o prazo de três sessões deliberativas (ordinárias e extraordinárias) para que o documento retorne ao conselho. A partir daí, será realizado um sorteio para escolher três parlamentares para relatar o caso, que não podem do estado nem do partido de Cunha. Caberá a Araújo escolher um dos três para ser o relator da representação.

O líder do PSOL disse que Cunha está usando o cargo de presidente da Câmara para se proteger e manifestou preocupação com a possibilidade de ser indicado algum aliado de Cunha que “procrastine” o processo. “O corporativismo é forte”, afirmou Alencar.

O PT foi o partido com maior número de assinaturas no pedido de abertura de processo de cassação: mais de 30 deputados. O vice-líder do partido, Henrique Fontana (RS), acusou a oposição, especialmente o PSDB e o DEM, de “jogar para plateia”, ao defender o afastamento de Cunha, mas não assinar a representação.

Segundo Fontana, a oposição está tentando proteger Cunha para barganhar uma possível abertura de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Estão jogando para a plateia, protegendo o Eduardo Cunha, porque querem fazer disso uma moeda para cassar, através de um golpe e no tapetão, um mandato que eles não ganharam nas urnas.”

Com informações da EBC

Eduardo Cunha é pressionado por parlamentares para explicar contas secretas na Suiça

Após as denúncias de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi beneficiado com dinheiro originário de transações fraudulentas, na Petrobras, depositado em contas secretas na Suíça, aumentou o número de parlamentares que exigem o seu afastamento do cargo.

Embora a maioria dos deputados não tenha se manifestado sobre o escândalo, um grupo de parlamentares de partidos diversos, entre eles o PSOL pretende pedir explicações ao colega fluminense, o quanto antes.

Chico Alencar é líder do PSOL, na Câmara dos Deputados, e pediu o afastamento de Cunha
Chico Alencar é líder do PSOL, na Câmara dos Deputados, e pediu o afastamento de Cunha

— É inadmissível que a Câmara silencie sobre um ato de tal gravidade. O presidente adotou como estratégia se calar, porque, provavelmente, não tenha como se explicar — afirmou o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).

Em Plenário, o grupo levantou cartazes com a frase “Cunha não nos representa na Itália, na $uíça e nem aqui”.

A existência de contas no exterior foi revelada após o Ministério Público da Suíça encaminhar ao Brasil os dados das contas bancárias abertas em nome de Eduardo Cunha e de seus familiares.

Na véspera, o parlamentar recusou-se a comentar se era cliente de bancos no exterior ou sobre a denúncia de que recebeu R$ 5 milhões ilegais, como aponta a Operação Lava Jato.

Em depoimento à CPI da Petrobras, em março último, Cunha afirmou, diante dos colegas, que não possuía contas correntes no exterior.

Quando a Procuradoria Geral da república (PGR) denunciou o Eduardo Cunha por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, há cerca de 40 dias, um grupo formado por 35 deputados defendeu ao afastamento do peemedebista da presidência da Casa.

Embora menor, hoje com 28 parlamentares, Alencar acredita que este número crescerá em função do isolamento de Cunha na Câmara, que começa a ser visível após das denúncias da existência das contas no exterior.

Silêncio mortal
Durante as primeiras horas da sessão plenária desta quinta-feira, fustigado pelas perguntas do deputado Chico Alencar, Cunha permaneceu calado.

O parlamentar do PSOL queria ouvir, do suspeito, se recebeu propina do esquema fraudulento investigado pela Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Lava Jato. Cunha não respondeu se tem ou não conta bancária no país europeu, um dos mais antigos paraísos fiscais do mundo.

Chico Alencar não se calou diante do silêncio de Cunha que sequer olhou para ele, e fez de conta que não ouviu a pergunta, no final da sessão.

— É simples assim. A pergunta está reiterada: presidente Eduardo Cunha, tem ou não contas na Suíça sob investigação do Ministério Público de lá, como nos comunica o Ministério Público do Brasil? Será que esse assunto vai ficar abafado aqui na Câmara dos Deputados? — questionou Alencar.

Apesar do tom indignado do parlamentar carioca, Cunha permaneceu alheio seguiu com a votação de um projeto sobre segurança pública: — Como vota a Rede? — concluiu o presidente da Câmara.

Com informações da Ag. Câmara

Cunha ganha mais prazo do STF para apresentar defesa

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), estendeu por mais 30 dias o prazo para que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresente sua defesa à corte.

Em agosto, Cunha foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. O prazo passará a contar a partir da publicação da decisão no Diário da Justiça, o que está previsto para ocorrer nos próximos dias.

De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Eduardo Cunha recebeu US$ 5 milhões para viabilizar, em 2006 e 2007, a contratação de dois navios-sonda pela Petrobras com o Estaleiro Samsung Heavy Industries.

O negócio foi formalizado sem licitação e ocorreu com intermediação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, preso há nove meses em Curitiba, e do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Todos são investigados pela Operação Lava Jato.

O caso foi descoberto após depoimento de Júlio Camargo, que fez acordo de delação premiada. Conforme a denúncia, Camargo também participou do negócio e recebeu US$ 40,3 milhões da Samsung Heavy Industries para efetivar a contratação.

A denúncia foi rebatida com “veemência” por Eduardo Cunha, que chamou de “ilações” os argumentos apresentados por Janot. Na época, o deputado se disse inocente e aliviado, “já que o assunto passava para o Poder Judiciário”.

Com informações da Ag. Brasil e Ag. de Notícias

Delator confirma: Aécio Neves recebia propina de Furnas

Em seu depoimento aos parlamentares presentes ao plenário da CPI da Petrobras, nesta terça-feira, o doleiro Alberto Youssef confirmou a denúncia que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu propina vinda de negócios criminosos com a empresa de energia Furnas, subsidiária da Eletrobras. Youssef foi taxativo:

– Eu confirmo (a participação do senador Aécio no butim) por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele – disse o doleiro.

A declaração de Youssef foi resposta a pergunta do deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Solla questionou se houve “dinheiro de Furnas para Aécio” e Youssef diz que confirmava versão passada anteriormente.

A participação de Aécio Neves e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em um esquema fraudulento já foi denunciado no escândalo da Lista de Furnas.

Na sequência, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) propôs que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) seja investigado, após a delação de Alberto Youssef.

No Twitter, o petista afirmou que os tucanos da CPI ficaram “perplexos”: “Alberto Youssef acaba de confirmar que Aécio recebeu $$ de Furnas – Aqui na CPI da Petrobras silêncio total de tucanos perplexos”, postou.

Corrupção
Paulo Pimenta, ao microfone, disse que os parlamentares adversários querem apurar apenas “meia corrupção” e criticou os trabalhos da CPI que decidiu por não apurar o pagamento de propina na estatal durante os governos FHC.

Segundo um dos delatores, o esquema de corrupção na Petrobrás iniciou em 1997, no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique.

– É curioso porque há um esforço por parte de alguns partidos de tratar esse tema como se fôssemos um bando de ingênuos. Se observarmos alguns episódios de maior repercussão do governo FHC, vamos ver que o Alberto Youssef estava lá. Se formos na CPI da Banestado, quem estava lá? O Youssef e o Ricardo Sérgio. Quem é Ricardo Sérgio? O tesoureiro da campanha do José Serra. Agora, na denúncia do Janot aparece o Júlio Camargo juntamente com um cidadão chamado Gregório Marin Preciado. Quem é o Gregório? Primo do Serra, sócio do Serra. Capítulo 8 da Privataria Tucana – afirmou.

Pimenta acrescentou que as contribuições recebidas pela campanha da presidenta Dilma Rousseff foram legais. Segundo o deputado, “ninguém é bobo” para acreditar que a mesma empresa que doava para Dilma fazia porque o dinheiro era “propina”, enquanto as doações para Aécio – muito maiores – eram feitas por “generosidade” e por “amor”.

Aécio no esquema
Em depoimento gravado em juízo, Youssef confessou que recolhia propinas na empresa Bauruense, subcontratada de Furnas, para o deputado José Janene (PP-PR), já falecido.

Youssef relatou que, durante uma das muitas viagens a Bauru, no interior paulista, soube que a diretoria da empresa, ocupada por Dimas Toledo, estava na cota do então deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recebia parte da propina.

Youssef negou que tenha tido qualquer contato com Neves, durante o período em que ocupou uma cadeira na Câmara, entre 1987 e 2003.

– O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio Neves – apontou Youssef.

Apesar do depoimento e das evidências apresentadas, a Procuradoria-geral da República acreditou não haver elementos suficientes para uma investigação contra Aécio no âmbito do esquema Petrobras.

Em petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), no começo de março, Rodrigo Janot pediu arquivamento do processo que, se surgirem provas no decorrer das investigações, poderá ser reaberto.

Com informações do Correio do Brasil

Deputado Miro Teixeira, decano da Câmara, defende renúncia de Eduardo Cunha

O decano da Câmara, deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), defendeu em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (20), que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renuncie ao cargo após a revelação de um suposto pedido de pagamento de propina da ordem de US$ 5 milhões ao ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo.

Segundo Miro Teixeira, a situação de Cunha é semelhante a do ex-presidente da Câmara Severino Cavalcante. Em 2005, o parlamentar renunciou ao mandato após ser acusado de receber R$ 10 mil para prorrogar a concessão de um restaurante da Câmara. O episódio ficou conhecido como escândalo do “mensalinho”.

“Enquanto houver acusações contra ele, a ele deve ser dado todo o direito de defesa. Definida a responsabilidade penal, eu penso que ele deve ser afastado da Presidência da Câmara, em primeiro lugar. Mas seria útil se ele renunciasse ao mandato”, defendeu o decano da Câmara. “A questão é a convicção política da impossibilidade de continuar. Assim como Severino Cavalcanti, que não tinha condição de continuar presidente da Casa”, complementou em seguida.

Além disso, o decano da Câmara também disse que apesar do rompimento de Cunha com o governo, ele não tem “instrumentos” para acuar a presidente Dilma. “Acho que ele não tem instrumento nenhum. E em uma circunstância desse tipo, eu acho que a Dilma vai agradecer. Porque obviamente o governo não é responsável pela Lava Jato, o governo está sendo escarnado pela Lava Jato”, pontuou. Confira a entrevista completa.

Com informações do Congresso em Foco

FBI investiga Armínio Fraga e propinoduto tucano

A mais influente agência de inteligência norte-americana (FBI, na sigla em inglês) passou a investigar, formalmente, o fundo de investimento nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal no Caribe, administrado pelo ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, neto.

Segundo apurou o jornalista investigativo Amaury Ribeiro Jr., autor do best seller Privataria Tucana, “o fundo, intitulado Armínio Fraga, neto – Fundação Gávea, é suspeito de distribuir para a Suíça e outros paraísos fiscais dinheiro sem origem comprovada”. Fraga fez campanha para o candidato derrotado do PSDB, Aécio Neves, e ocuparia o Ministério da Fazenda, caso o senador mineiro fosse eleito.

Segundo Ribeiro Jr., “as autoridades norte-americanas chegaram ao fundo após investigar a lista dos clientes de todo mundo que mantinham contas no HSBC da Suíça. O tucano e seu fundo, isento de impostos no Brasil por ser uma organização filantrópica, deixaram rastros bem detalhados na lista do HSBC”.

“De acordo com uma fonte do FBI, ligada a operações de lavagem de dinheiro, em 2004 o fundo nas Ilhas Cayman enviou US$ 4,4 milhões para outra conta da mesma fundação no HSBC da Suíça. Os dados apurados apontam que a conta beneficiada era uma conta de compensação.

Conhecida como conta-ônibus, esse tipo de conta só serve para transportar dinheiro de um paraíso fiscal para outro. É uma conta, por exemplo, onde não se pode fazer nenhum tipo de investimento”, afirma o jornalista.

Segundo os documentos levantados por agentes norte-americanos, antes de cair no HSBC o dinheiro foi transferido para outra conta-ônibus do ex-ministro no Credit Bank da Suiça.

“No mundo da lavagem de dinheiro há uma premissa: quanto mais rodar em conta-ônibus, mais limpo fica o dinheiro até chegar ao seu destino final. As investigações apontam que após ser lavado na Suíça o dinheiro voltou limpo para a conta de Fraga no America Bank de Nova York”, acrescenta.

“A papelada comprova ainda que, para se livrar da tributação de impostos, Armínio declarou à Receita que a Fundação Gávea era filantrópica, ou seja, isenta de tributos. Mas, num lapso de memória, enviou o dinheiro para o Caribe por meio de sua conta pessoal no HSBC.

Os investigadores pediram a quebra de sigilo do fundo. Ou seja, serão revelados os nomes dos tucanos e de outros brasileiros que usaram esse duto para enviar dinheiro ao exterior”, aponta Ribeiro Jr.

Vale lembrar que, na condição de ministro no governo Fernando Henrique Cardoso, Fraga foi o principal articulador para que não fosse quebrado, por exemplo, o sigilo em torno dos nomes de correntistas que operavam no Fundo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas.

“Agora, Fraga não tem mais o controle da situação. Uma faxina em seu fundo no Caribe é um passo para se chegar ao verdadeiro Dossiê Cayman”, refere-se o jornalistas investigativo ao propinoduto denunciado durante a época das privatizações no país, durante o governo FHC.

Experiente no mercado, Fraga tentou dar um aspecto legal à operação ao declarar à Receita Federal o Fundo no Brasil. Seus problemas estão nos EUA, onde o ex-ministro tem cidadania. É lá que ocorreu a maior parte das operações e, por isso, Fraga e os outros correntistas do fundo terão de responder por seus atos na Justiça.

Ex-ministro nega
Ao site R7, que publicou originariamente a matéria de Ribeiro Jr., Fraga disse que a investigação nos EUA é “100% ficção”, mas admite que o fundo existiu.

– Investi nesse fundo há sete ou oito anos, mas tudo dentro da legalidade. Todas as minhas contas, de minha família e da Gávea Investimentos são declaradas perante as autoridades competentes, brasileiras e norte-americanas. Não houve esta transferência mencionada, houve sim um investimento regular e documentado. Não temos notícia de qualquer investigação sobre o tema – conclui.

Com informações do Correio do Brasil