Governo Alckmin fechará 94 escolas em São Paulo

A Secretaria de Educação de São Paulo informou ontem (26) que 94 escolas serão fechadas por causa do processo de reorganização da rede estadual.

O objetivo é segmentar as escolas em três grupos (anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio), conforme o ciclo escolar. A estimativa é que 311 mil alunos tenham que mudar de escola no ano que vem.

O processo de reorganização enfrenta protestos de alunos, pais e professores desde que foi anunciado pelo governo do estado. De acordo com a secretaria, foi respeitado o limite de 1,5 quilômetro de distância para o deslocamento dos estudantes.

O secretário Herman Voorwald destacou que o objetivo da reorganização é pedagógico. “Se estamos sendo comparados com os melhores sistema do mundo, temos que dar condições ao professor de trabalhar em um sistema igual. Temos que dar condições de o estudante estar em uma escola que pelo menos seja uma escola com que a gente é comparado. A segmentação é fundamental”, afirmou Voorwald.

Ele destacou que os melhores resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) são os de estabelecimentos que funcionam com um único ciclo escolar. O rendimento melhora até 18,4% no ensino médio, conforme dados do índice estadual.

Outra justificativa para a mudança é a diminuição do número de alunos na rede estadual. Dados da secretaria indicam que, de 1998 a 2014, as matrículas passaram de 6 milhões para 3,8 milhões.

Segundo o secretário, isso se deve à redução da taxa de natalidade, à municipalização do ensino e à migração de parte dos alunos para a rede privada. Com a reorganização, a expectativa é que 43% das 5.147 escolas do estado passem a funcionar com um único segmento (1º ao 5º ano, 6º ao 9º ou ensino médio).

Pais e alunos devem ser informados, no dia 14 de novembro, da mudança em reuniões nas escolas. Voorwald destacou que todo o processo de reorganização foi feito pelas diretorias de ensino – são 91 no estado – em diálogo com a comunidade escolar. Ele informou que, caso haja necessidade, as alterações poderão se estender até 2017.

De acordo com o secretário, está sendo cumprido o número limite de 30 alunos nos anos inciais do ensino fundamental, 35 nos anos finais e 40 no ensino médio, mas esse número poderá ser revisto posteriormente.

“Primeiro, é fundamental reorganizar, viabilizar rede com segmento único e, a partir daí, uma ação pedagógica de número de alunos por sala.”

Os prédios das escolas fechadas poderão ser remanejados para os municípios, mas mantendo o uso relacionado à educação. “Das 94 [escolas], 66 já têm destino ligado à educação. As 28 escolas [restantes] estamos trabalhando para que permaneçam na educação, interagindo com o município. Esse trabalho começa agora, quarta-feira (28)”, afirmou.

Voorwald disse que algumas dessas 66 escolas serão usadas em atividades do próprio governo estadual, como educação de jovens e adultos.

Com informações de Agências de Notícias

Maluf, ao lado de Lula, anuncia apoio a Haddad em SP, quem diria hein…

Presidente do PP em São Paulo, o deputado federal Paulo Maluf anunciou, oficialmente nesta segunda-feira, o apoio da legenda de direita à candidatura de Fernando Haddad (PT) para prefeito de São Paulo. O anúncio foi feito na mansão do ex-prefeito paulistano, na Zona Sul da capital, ao lado do ex-presidente Lula. A aliança permitirá a Haddad mais 1m 35s de tempo na propaganda eleitoral de rádio e TV.

– O PP decidiu apoiar o próximo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, porque acreditamos que os problemas de São Paulo não serão resolvidos apenas pela administração municipal, e, sim, em conjunto com o governo federal – disse Maluf, sorrindo, aos jornalistas.

Haddad, por sua vez, disse que a cidade de São Paulo deve ficar acima de possíveis divergências ideológicas entre as duas siglas ao justificar a aliança com o arquirrival da esquerda no país, suspeito de colaborar com a ditadura para o desaparecimento de presos políticos e acusado de desvio de recursos públicos em paraísos fiscais na Inglaterra e no Caribe.

– Não há contradição. Desde janeiro dissemos que vamos buscar apoio dos partidos que estão na base do governo Dilma. O PP integra essa base desde 2004. Logo, nada mais natural que tenhamos buscado o apoio deles também em são Paulo – esquivou-se Haddad.

Antes de anunciar o apoio ao PT, Mafuf negociava com o PSDB do ex-governador e hoje candidato a prefeito da capital paulistana, José Serra.

– Hoje não existe direita e esquerda, onde está a esquerda hoje? Na Rússia, na China que não respeita os direitos humanos? Em Cuba que deportou seus boxeadores? – respondeu o ex-prefeito ao ser questionado sobre as diferenças ideológicas entre ele e o PT. Nessa declaração, Maluf cometeu outra de suas gafes, porque não foi Cuba que deportou os boxeadores, mas o próprio governo do então presidente Lula, em 2007. Em seu discurso, Maluf fez questão de elogiar as antigas adversárias políticas: a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) e a senadora Marta Suplicy (PT-SP).

– Tenho muito respeito pela ex-prefeita Erundina. Cada um no seu tempo, fez coisas boas. Eu sucedi Luiza Erundina. Ela foi uma boa prefeita, correta, decente, tanto que vocês viram que na sucessão não houve nenhum tipo de perseguição. Também a prefeita Marta foi muito boa, fez os CEUs. Mas não temos que olhar pelo retrovisor e sim pelo para-brisa. Quem olha para frente não olha para trás – afirmou o ex-prefeito.

Mas este, nem sempre, foi o discurso de Maluf. Em 2000, com Marta à frente das pesquisas, a campanha do ex-prefeito espalhou outdoors pela cidade com frases que atacavam a petista. As peças diziam “Mamãe, vote em quem nunca usou drogas” e “Mamãe, vote em quem é contra o aborto”, em referências a bandeiras de Marta. Em entrevistas, Maluf também subiu o tom contra a adversária, a quem instou a revelar o que chamou de “vida devassa”. Outro episódio que ficou famoso nessa campanha foi Marta, irritada com ataques do rival no programada da Rede Bandeirantes, cravar a célebre frase:

– Cala a boca, Maluf!

Sobre Haddad, Maluf disse que é o candidato “que tem as melhores condições para resolver os problemas da cidade porque ele tem parceria com o governo federal”. O PP, partido do ex-prefeito, compõe a base aliada no âmbito federal desde o primeiro mandato de Lula. Mas Maluf negou que o apoio a Haddad tenha relação com a secretaria do Ministério das Cidades, que teria sido entregue a um aliado seu.

“Que fique claro”

Em sua página na internet, nesta segunda-feira, o militante petista e ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula José Dirceu saiu em defesa da aliança entre o PT e o PP. Segundo Dirceu, “o PP já faz parte da base de partidos do governo federal. Como fez da base aliada do governo do ex-presidente Lula, sem que mudássemos nosso programa de governo ou o rumo do Brasil. Se vamos recusar o apoio do PP por causa do deputado Paulo Maluf (PP-SP), que esse motivo fique claro. O motivo não pode ser a negação de nossa politica de alianças e de governo de coalizão. Aí seria negar nossas vitórias conquistadas graças a alianças em 2002, 2006 e 2010, bem como nossos três governos de coalizão, os dois do presidente Lula e o terceiro agora, da presidenta Dilma Rousseff”.

“Já a discussão sobre os rumos da campanha – sobre o novo – vai mal. Deflagrá-la em torno disso e em público, significa dar armas ao adversário. Melhor é fazê-lo na coordenação e na direção politica da aliança e da campanha. Estes são o foro, as instâncias apropriadas, ideais para discutir e ver como resolver uma questão dessas. Até porque tudo indica que decidiram a marca da campanha sem discussão no PT ou com os aliados. Por isso, agora começam as críticas, que procedem, mas que podem ser equacionadas mesmo com o atual slogan ou marca – o novo. Sem contar que tem de se manter atentos ao fato de que políticas para a terceira ou melhor idade e o novo não necessariamente estão ligados ao conceito de jovem”, conclui Dirceu.

Do Correio do Brasil