Sim, convivo com a depressão sim. E já fazem bons anos que esta megera me acompanha, seduz, fala ao meu ouvido sorrateiramente. Ela é forte, persuasiva, persistente, te abraça tanto que se você deixar, ela te sufoca. Para dar aquela força à ela ainda chegaram juntas a sua companheira pandemia com seus aliados coronavírus e Covid-19. Uma união que leva até à UTI física e mental. Às vezes, carrega você ao túmulo, e sua alma ao outro plano. O que escrevo aqui é sério.
Não sou o único, tampouco fui ou serei o último a conviver com a depressão. Conheço muita gente que compartilha da sua companhia indesejável. Sim, a gente não deseja andar com ela, mas ela insiste e gruda como chiclete. E não me venham aí os vendedores de saídas mágicas ou religiosas para esta doença. Não é falta de um deus, ou seja lá o que for. É uma mistura de emoções, traumas, violências, perseguições, química humana, que em algum momento deságua em uma espécie de derrota total. Derruba, adoece, mata. Dá tristeza, pessimismo, baixa estima.
Se você tiver alguém que, muito corajosamente, te abrir a boca para dizer que está com depressão, faça uma coisa: acolha, ouça, escute, abrace, ande a seu lado, tenha paciência, procure ajudar sem cobrar, sem pressionar. Creia, há muitos amigos e amigas, familiares e outros que estampam sorrisos nos rostos, mas sangram miseravelmente dia a dia sem que ninguém saiba. Uma hemorragia invisível vai drenando o fluído vital, a vida, a vontade de estar aqui. Pode ter muito dinheiro, casas, carros. Pode morar na favela, no barraco, tanto faz. Ela te envolve e te derruba.
Depressão não é frescura, é doença e que está aumentando o seu exército diante de uma sociedade doente, distante, fria e que não vê no outro um semelhante, um ser humano que cai e precisa de apoio para levantar. Preste atenção no outro, ajude, esteja junto. Estamos aqui de passagem, não levamos nada a não ser o que fomos e fizemos, ou deixamos de bom em outras pessoas. Não abandone a quem precisa. Acolha, depressão mata.
Apesar da pandemia de covid-19 ser um fenômeno recente, diversas pesquisas pelo mundo já apontam os seus impactos na saúde mental. O isolamento social, o medo da doença, o luto pelas perdas e o cenário de incertezas geram sintomas como ansiedade, estresse, solidão e depressão. Aqui, no Brasil, uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) demonstrou que 65% dos participantes tiveram uma piora na saúde mental durante a quarentena.
Por isso, neste ano, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) traz uma edição especial do evento Setembro Amarelo com o tema “Distantes, mas juntos”. Por meio de três seminários virtuais e ações nas mídias sociais, a instituição vai apresentar orientações de saúde física e mental e abordar um dos paradoxos da pandemia: cultivar a proximidade e o cuidado diante da necessidade da distância.
A ideia é aprofundar e ampliar o alcance das discussões e estratégias de cuidado em saúde mental e prevenção ao suicídio, divulgando informações sobre autocuidado, rede de proteção e boas práticas que promovem saúde e previnem agravos do sofrimento, sobretudo em tempos de pandemia e pós-pandemia. Participe! Os eventos serão gratuitos e abertos ao público, com transmissão por meio do canal do MPSC no Youtube.
Setembro Amarelo no MPSC
Desde 2014, setembro é considerado o mês de referência para campanhas de conscientização e prevenção ao suicídio, a partir de iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina.
No MPSC, instituição que atua na defesa dos interesses da coletividade e na indução de políticas públicas, o “Setembro Amarelo” é pauta de um grande evento anual desde 2015. Entre os temas já abordados, estiveram “Doenças Mentais: Falar para prevenir, conhecer para tratar”, “Não se esconda atrás dos emojis” e “Reveja seus conceitos” .
Em 2020, a necessidade de discussão sobre essa doença que registra no mundo uma morte a cada 40 segundos cresce ainda mais. Com o confinamento, a distância de amigos e parentes, o luto das perdas e o intenso fluxo de informações diárias, manter a saúde mental tem se tornado um desafio cada vez maior.
Neste contexto, o Ministério Público reformulou seu evento anual e apresenta a sexta edição totalmente online, por meio de três seminários virtuais transmitidos via Youtube. Com o mote “Distantes, mas juntos”, os eventos abordarão as implicações na saúde mental e possibilidades de trabalho na pandemia de covid-19.
O primeiro seminário acontece dia 8/9, a partir das 17h, com o tema “O cuidado em saúde mental: orientações aos profissionais e trabalho articulado entre políticas públicas”. O Psicólogo e Orientador do Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina Diego Tenório Batista e o Psiquiatra Eduardo Pimentel abordarão a saúde mental dos pacientes atendidos e dos profissionais de saúde, reforçando a importância das redes de apoio e do manejo do luto.
“Boas práticas em saúde mental de adolescentes e pessoas idosas: cultura e laço social” é o foco da segunda edição, marcada para o dia 14/9, às 16h. O seminário contará com a participação do psicólogo e coordenador do projeto Rede de Atendimento à Infância e Adolescência (RAIA), Murilo Cavagnoli; Ana Paula Baltazar, do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI, da UFSC) e Manolo Kottwitz, da Secretaria de Cultura de Chapecó. Eles apresentarão as experiências dos projetos “Tamo Junto” e “Quarentena no NETI”, mostrando como com disposição e criatividade é possível criar boas práticas e manter os laços mesmo à distância.
Para encerrar o ciclo de eventos do Setembro Amarelo, a psicóloga e coordenadora do Curso de Psicologia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó Maria Carolina da Silveira Moesch e a pedagoga e professora do Departamento de Psicologia da Educação da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp Luciene Regina Paulino Tognetta falam sobre “Acolhida e manejo do sofrimento de crianças e adolescentes na escola” no último seminário, marcado para o dia 23/9, às 15h. Serão discutidas ferramentas de acolhida, estratégias de fortalecimento de laços na escola e entre escola e comunidade, assim como os fluxos intersetoriais de apoio às equipes.
Ofereça e procure ajuda
Oferecer atenção e acolhimento e estar disponível para conversas sem julgamentos podem parecer pequenos atos, mas, na verdade, são ações que fazem muita diferença na vida de alguém que passa por momentos difíceis. Por isso, se você pode, esteja atento e ofereça carinho às pessoas ao seu redor, mesmo que remotamente.
Se você sente que necessita de suporte emocional para si, ou conhece alguém que dê sinais de que precisa de mais ajuda, entre em contato ou indique o Centro de Valorização da Vida. O CVV é uma iniciativa gratuita que funciona 24 horas por dia oferecendo apoio emocional especializado. Ele pode ser contatado por chat no site, por e-mail ou pelo número 188.
Você pode também buscar orientação junto a um profissional de saúde ou alguém de sua confiança. Não isole seu sofrimento!
Uma luta que iniciou há quase 30 anos terá uma semana especial a partir da segunda-feira (16/5) em Joinville: a luta antimanicomial. A cidade sediará entre os dias 16 a 20 de maio a Semana Municipal de Conscientização e Orientação sobre Saúde Mental conforme determina a Lei Municipal 6.246/2008.
A programação prevê palestras, exibição de filmes, exposições, palestras, e isso em vários locais da maior cidade catarinense. A luta pelo fim dos velhos manicômios, lugares onde se tratavam pessoas com transtornos mentais com muita crueldade, torturas iniciou em 1987 na cidade de Bauru em SP. Saiba um pouco mais sobre esta história:
Em 1987 realizou-se em Bauru/SP um encontro reunindo profissionais e usuários dos serviços de saúde mental existentes. A cidade de Joinville tinha um representante, quando iniciou o movimento de luta contra o então modelo de tratamento aos transtornos mentais, hospitalocêntrico, marginalizante e desumano, abrindo os olhos sociais às histórias que marcaram esse período.
Torturas, discriminação, maus tratos, mortes e até homicídios dentro dos manicômios. A característica é que todos tinham porta de entrada e não havia portas de saída. Pessoas permaneciam por décadas internados às vezes sem motivo justificável, abandonados pelas famílias, pela sociedade e até pelos donos desses locais.
A base desse movimento sempre foi a melhoria do atendimentos a esses marginalizados, com acesso a tratamentos justos, humanizados e que não os segregassem do convívio com seus familiares e com a sociedade.
Um projeto de lei tramitou por mais de 10 anos no Congresso Nacional, um projeto que quando de sua aprovação foi conhecido como a Lei 10.216 de 2000, ou Lei Paulo Delgado, marco oficial da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Muitas foram as brigas pela aprovação dessa Lei e que continua sendo palco de embates entre os empresários da saúde, que sempre obtiveram lucro prestando um serviço sem nenhum compromisso técnico ou ético, e a organização dos profissionais, usuários e familiares dos serviços.
A Reforma Psiquiátrica sofreu um grande avanço até a atualidade, mas necessita ainda de avanços e garantias de continuidade.
Em Joinville, a atenção aos transtornos mentais era realizada até a década de 1970 pelo Hospital Nossa Senhora da Glória, conhecido como Hospital Schroeder, que prestava um atendimento possível aos acometidos pelas doenças mentais, que veio a falir pois os poucos recursos de repasse não conseguiram ajudar da manutenção dessa referência.
Com a criação da Secretaria Municipal de Saúde em 1987 e a regulamentação gradativa do SUS, foi possível a construção de uma política de saúde municipal onde muitos técnicos participaram e a saúde mental fazendo parte desse início, contribuindo com a melhoria da atenção ofertada aos cidadãos.
A Saúde Mental contribuiria com as várias ações em saúde como: desenvolvimento dos recém nascidos, orientação a gestantes, hipertensos, diabéticos, além do atendimento à sua demanda específica com a implantação de tratamento especializado individual, grupal e em oficinas terapêuticas.
O serviço em Joinville já foi modelo de assistência em saúde mental para SC, e as ações ainda hoje possuem destaque junto às articulações no Ministério da Saúde.
A participação em conjunto com as políticas públicas, controle social, usuários e familiares propiciou um período de funcionamento de vários CAPS e outros equipamentos integrados às ações de equipes de saúde mental junto a nove regionais de saúde, chegando mesmo a não realizar nenhuma internação hospitalar fora do município durante um ano.
A base teórica e de política de saúde que a saúde mental traz é a participação efetiva na construção do atendimento intersetorial, entendendo que a promoção da saúde passa também pela construção da cidadania através da educação, assistência, habitação, segurança e principalmente inclusão social e combate às diversas discriminações.
Para os profissionais da área no município, no entanto, essa luta é uma batalha constante e infindável, visto que o principal objetivo é a garantia dos direitos básicos constitucionais.
As crises política e financeiras, a má gestão e as distorções oriundas de outros interesses econômicos tem, certamente ajudado no sucateamento das diversas áreas da atenção, mas o fôlego das pessoas que ajudaram a construir essa história é renovado todos os dias.
Participe da programação especial organizada, veja abaixo:
Semana Municipal de Conscientização e Orientação sobre Saúde Mental
De 16 a 20 de maio de 2016
“Por uma sociedade sem manicômios”
PROGRAMAÇÃO
16/05/2016
CONFRATERNIZAÇÃO ESPORTIVA DA RAPS Local: Ginásio Abel Schultz
Horário: 8:00 as 12:00hs
ABERTURA NA SEMANA MUNICIPAL DE CONSCIENTIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO SOBRE SAÚDE MENTAL Horário 19:30hs
Local: Câmara de Vereadores
17/05/2016
TERRITÓRIO EM AÇÃO
CAPS infanto juvenil – Cuca Legal
– 9:00 – Sessão de Cinema
– 10:30 – Roda de Conversa
– 14:00 – Sessão de Cinema
– 15:30 – Roda de Conversa
CAPS II- Nossa Casa –
aberto para familiares, UBS e comunidade
-9:00 – Café
-9:30 – Vídeo Apresentação do serviço e roda de conversa
– 9:30 às 11:00 – Saúde e Beleza
– Exposição de fotos
– Oficina – atividade manual
– Ação entre amigos – brechó aberto
– Exposição de trabalhos manuais produzidos no Caps
– Encerramento com uma atividade cultural ou recreativa
– 14:00 – Vídeo Apresentação do serviço e roda de conversa
– 14:00 às 15:30:
– Saúde e Beleza
– Exposição de fotos
CAPS III- Dê Lírios
9h às 12h -CAPS III aberto à visitação da comunidade.
9h às 11h -Ateliê aberto I: práticas do cotidiano.
10h –Dê-Lírios em Cena com a peça “Corrente do Bem”.
14h às 17h -CAPS III aberto à visitação da comunidade.
14 às 16h – Ateliê aberto II: práticas do cotidiano.
19h às 21h – CAPS III aberto à visitação da comunidade.
CAPS AD/ UA
9:00 às 12:00 – Serviço aberto para visitação do público externo e exposição quadros Tarsila do Amaral.
9:00 – Exibição Filme sobre Reforma Psiquiátrica aberto para usuários do CAPS ad.
14:00 às 17:00 – Serviço aberto para visitação do público externo e exposição quadros Tarsila do Amaral..
15:00– Atividade alusiva à Luta Antimanicomial com Técnico Aroldo aberto a todos os interessados (comunidade, outros serviços de Saúde Mental e familiares)
SOIS – Serviços Organizados de Inclusão Social
– Cinema – Shopping Muller
18/05/2016
III CURTA LOUCURA
Local: Praça Nereu Ramos – Centro
Horário: Das 10:00 ás 16:00hs
Atividades:
Show de talentos
Apresentação do Coral – ” Vozes do Bem”
Apresentação do Grupo ” Clave de SOIS”
Apresentações de Teatro
Dança Sênior
Exposição de Artesanato – “Lokos Por Bazar”
Distribuição de material informativo
19/05/2016
TERRITÓRIO EM AÇÃO
10:00 – Abertura da Sede da APSM – Associação Pró- Saúde Mental – Rua Engenheiro Niermayer, anexo ao PAPS.
CAPs infanto juvenil – Cuca Legal
-14:00 com a Comunidade e Palestra sobre Bullying com a convidada Vanessa Bencz. CAPS II – Nossa Casa
9:00 Café
9:30 – 11:00 – Baile no Caps
Ação entre amigos – brechó aberto
Exposição de trabalhos manuais produzidos no Caps
Tarde
14:00 – 16:00 – Baile no Caps
16:00 – Café –
Ação entre amigos – brechó aberto
Exposição de trabalhos manuais produzidos no Caps
CAPS III – Dê Lírios
9h às 12h -CAPS III aberto à visitação da comunidade.
9h às 11h –ConVIVEndo I: práticas do cotidiano.
9h -Conversando sobre transtorno afetivo do humor: Marcelo Cavalcanti (psiquiatra).
12h -“CAPS III ?”: conversando com os trabalhadores do CREAS/Norte com Ana Lúcia Urbanski (terapeuta ocupacional, coordenadora do CAPS III). Local: CREAS Norte.
14h –Emergências Psiquiátricas: conversando com os trabalhadores dos PAs (Pronto Atendimento) com Marco Aurélio Engel (psiquiatra). Local: sala de grupos CAPS III.
14h às 17h -CAPS III aberto à visitação da comunidade.
14h às 16h – ConVIVEndo II: práticas do cotidiano.
CAPSAD/UA
9:00 – Roda de conversa – Reforma Psiquiátrica
Aberto a todos os interessados (comunidade, outros serviços de Saúde Mental e familiares)
14:00 – Exibição Filme “Dá pra fazer” e discussão com Técnica Geny aberto a todos os interessados (comunidade, outros serviços de Saúde Mental e familiares)
SOIS – Serviços Organizados de Inclusão Social
8:00 – 11:00 – Orientação e Conscientização sobre saúde mental– Semáforo da esquina com as ruas Pedro Lobo com Felipe Schmidt
20/05/2016
QUALIDADE DE VIDA DO SERVIDOR EM SAÚDE MENTAL
Local: Censupeg – Rua Ministro Calógeras, 192
Horários: turma 1 – 8:00 ás 10:00
turma 2 – 14:00 ás 16:00
Mais informações podem ser obtidas com Nasser Barbosa Aidar – (47) 3481-5121.
O Dia Nacional de Luta Antimanicomial, comemorado nesta sexta-feira (18), demonstra que o Brasil obteve avanços na assistência aos brasileiros com transtornos mentais atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS). Em sintonia com os princípios da Reforma Psiquiátrica, instituída no país há 11 anos pela Lei 10.216/01, o governo federal impulsionou, nos últimos anos, a construção de um modelo humanizado de atenção integral na rede pública de saúde, que mudou o foco da hospitalização como centro ou única possibilidade de tratamento aos pacientes.
“A data merece ser comemorada por todos. Tratar em liberdade é uma conquista inquestionável da Reforma Psiquiátrica. O surgimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), no fim dos anos oitenta, representou uma grande novidade no panorama do tratamento dos pacientes com sofrimento mental” afirma o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “O atual modelo de assistência garante aos pacientes o exercício dos direitos civis e de uma vida mais plena”, completa.
Em Porto Alegre, onde participa de agendas em comemoração ao dia, o secretário nacional de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, reafirmou a importância da data. “O 18 de Maio é o momento de reafirmarmos os princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica brasileira, com a ampliação de serviços feitos em parceria com municípios e estados, e dando ênfase à rede de cuidados dos usuários de crack, álcool e outras drogas.”
AÇÃO – O governo federal lançou, em 2011, o plano integrado de enfrentamento ao crack e outras drogas. Este plano prevê investimentos de R$ 4 bilhões até 2014. Deste montante, R$ 2 bilhões são destinados para a expansão da rede de atendimento em saúde. Até 2014, estão previstos a abertura de 308 Consultórios nas Ruas, 574 Unidades de Acolhimento (adulto e infantil), 175 novos CAPS Álcool e Drogas 24 horas, além dos investimentos nas Comunidades Terapêuticas, que devem receber mais de R$ 300 milhões nos próximos três anos.
REDE DE ASSISTÊNCIA – Atualmente, a atenção especializada em saúde mental é oferecida, no SUS, por meio de uma rede de equipamentos. Prontos para atender de maneira diferenciada pacientes que precisam deste tipo de cuidado. Para atender esta demanda a rede conta hoje com de 1.771 de CAPS, que estão implementados em todos os estados. Essa quantidade de CAPS é quase quatro vezes maior que em 2002, quando o país contava com 424 Centros. As equipes que atuam nos centros são formadas por médicos psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e outros profissionais de saúde.
Só nos CAPS, foram registrados, em2011, 21,77 milhões de atendimentos ambulatoriais em saúde mental – 50 vezes maior que a quantidade deste tipo de assistência prestada em 2002 (423 mil procedimentos). Especificamente para crianças e adolescentes, os atendimentos nos CAPS infantis saltaram de 12,2 mil, em 2002, para 1,2 milhão, ano passado.
Além dos CAPS, a rede de atenção integrada em saúde mental também conta com os atendimentos oferecidos por meio das Equipes de Saúde da Família (mais de 32 mil equipes em todo o país), das 44 Unidades de Acolhimento Adulto e Infantis, 92 Consultórios nas Ruas e das Comunidades Terapêuticas. Na rede hospitalar ainda estão disponíveis mais de 32 mil leitos. Todos eles recebem recursos financeiros do governo federal.
A violência urbana e a falta de qualidade de vida favorecem o desenvolvimento de transtornos mentais na população, segundo a coordenadora do Núcleo Epidemiológico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Laura Helena Andrade. Para a pesquisadora, esses fatores são responsáveis pela prevalência de problemas como a ansiedade, depressão e uso de drogas em cerca de 30% dos paulistanos. O dado faz parte de uma pesquisa feita em consórcio com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Universidade de Harvard, publicada no mês passado.
O estudo conseguiu identificar grupos mais vulneráveis a esses transtornos, como os migrantes que moram nas regiões pobres da cidade. “A gente vê que os homens migrantes que vão para essas regiões têm mais risco de desenvolver quadros ansiosos, do que os que migram para as regiões com melhor condição”, ressaltou. “As mulheres que vivem nessas regiões mais remotas, que são chefes de família, têm mais risco de quadros ansiosos e quadros de controle de impulso”, completou.
As condições de vida dessa população fazem com que o Brasil tenha um número maior de afetados, cerca de 10%, do que outros países que participaram do estudo, além de uma ocorrência maior de casos moderados e graves. “Em segundo lugar vem os Estados Unidos, com menos de 7%, e em outros países é menos de 5%”, disse a pesquisadora.
Para Laura Andrade, as doenças são indicativos dos problemas sociais enfrentados pela população da periferia da capital paulista. “Essas pessoas que estão vindo para São Paulo, estão vindo para regiões mais violentas, estão mais expostas à violência. Então, acho que [elas] precisariam realmente ter políticas habitacionais. Tem que melhorar a qualidade de vida das pessoas. Melhorar a escolaridade, o ambiente onde elas vivem”, declarou.
No Dia Mundial da Saúde Mental, lembrado hoje (10), a Organização Mundial da Saúde (OMS) cobrou mais investimentos em serviços de prevenção e no tratamento de doenças mentais, neurológicas e de distúrbios associados ao uso de drogas e outras substâncias.
De acordo com o órgão, a falta de recursos financeiros e de profissionais capacitados é ainda mais grave em países de baixa e média renda – a maioria deles destina menos de 2% do orçamento para a área de saúde mental.
Outro alerta é que muitos países contam com menos de um especialista em saúde mental para cada 1 milhão de habitantes, enquanto uma parte considerável dos recursos alocados no setor são destinados apenas a hospitais psiquiátricos e não a serviços oferecidos, por exemplo, na saúde primária.
“Precisamos aumentar o investimento em saúde mental e destinar os recursos disponíveis para formas mais eficazes e mais humanitárias de serviços”, reforçou a OMS. A estimativa é que mais de 450 milhões de pessoas sofram de distúrbios mentais em todo o mundo.
Na semana passada, durante reunião do Conselho Nacional de Saúde (CNS), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou os avanços obtidos no Brasil por meio da reforma psiquiátrica, instituída por lei em 2001. Segundo ele, a quantidade de procedimentos ambulatoriais em saúde mental passou de 423 mil em 2002 para 21 milhões no ano passado.
Nada sobrevive sem se hidratar e sem se nutrir. Do tigre ao cactus, tudo que vive precisa de água e alimento para continuar a viver. Cada ser vivo com suas especificidades, mas com algo em comum: todos nós precisamos ingerir, digerir, metabolizar, converter algo em energia para seguir adiante até o próximo reabastecer.
Além da fome do corpo, temos também outras fomes. Nossa alma tem necessidades que precisam ser nutridas. Quando não respeitamos nosso ritmo biológico nosso corpo dá alertas. E o mesmo ocorre com nossos ritmos mais profundos: muitas vezes passam a gritar para terem alguma atenção. Se não escutamos, a fome permanece e acaba surgindo das maneiras mais tortas possíveis. São as nossas compulsões, o mal-estar, o choro sem razão, misteriosos estouros na pele, as alterações de humor e por aí vai. Aquilo a que chamamos desequilíbrio, dor, doença, pode muitas vezes ser um pedido de ajuda interno para que voltemos ao equilíbrio saudável.
Que tipo de fome você quer saciar?
Talvez tenhamos ingerido situações, palavras, sentimentos um tanto indigestos e precisemos metabolizar, ver o que nos cabe e jogar o restante para fora. Talvez haja uma perigosa abstinência de tudo que faz o coração bater mais vivo: amizade, carinho, compartilhar, compreensão, relação. É preciso ouvir para onde cada manifestação aponta: que tipo de fome/sede preciso saciar? Não basta um só copo d´água hoje para matar a sede de amanhã e um único pão também não é o suficiente para nos dar energia para toda a vida. Se teimamos em não nos fazermos essa pergunta fundamental acabamos sem energia, procurando nos saciar naquilo que não nos preenche. Estressados, adoecidos, mantemos escondida a nossa força.
Na vida, não só deixamos de alimentar a alma, como muitas vezes procuramos o alimento no lugar errado. Nunca se falou tanto em obesidade, magreza e distúbios alimentares como em nossos tempos. A obesidade que antes era vista como a comprovação de saúde e de um status daquele que era próspero, hoje évista com maus olhos, por diversos motivos. A magreza é exaltada e ganha seguidores que fazem de tudo, até apagarem o viço da alma, para seguirem o que é ditado como extremamente desejável. Junto a esse quadro, surgem diversos outros de distúrbios alimentares, demonstrando o descompensar de nossas fomes na atualidade: ou come-se tudo, ou come-se nada. Prazer e culpa ligados ao extremo.
Comida como punição ou recompensa
Estamos cindidos de nosso corpo, não reconhecemos nem seu poder nem suas necessidades, não acessamos as verdadeiras fomes que gritam em nossa alma. Lemos a necessidade de doçura na vida como necessidade de açúcar. Necessidade de amor contida acaba se confundindo com a necessidade de comida. Lemos a necessidade de sermos aceitos como ânsia de atender a padrões externos de beleza. A comida passa a ser usada como punição, negação, fuga, recompensa… Muitas pessoas para se sentirem no controle sobre seus sentimentos (aqueles que não entendem ou que lhe deixam confusas) acabam por deslocar o descontrole para outro campo,desembocando numa relação de dor com a comida. Sendo a comida um símbolo de vida, todas essas manifestações acabam por negar a vida em sua plenitude.
Se você se identifica com algo nessas palavras, é hora de retomar o verdadeiro controle sobre sua vida. Ir de encontro àquilo que possa realmente lhe fazer bem, ouvir suas fomes e atendê-las de maneira integrada e amorosa. Procure por ajuda profissional, com o auxílio da psicoterapia você pode traçar o caminho da redescoberta de si. Entre em contato com seu corpo, aprenda a ouvi-lo. Entre em contato com sua alma, aprenda a ouvi-la também.
Não há resposta pronta que ninguém possa lhe dar. Então faça seu caminho:comece a refletir sobre a própria experiência, busque ajuda para descobrir as respostas que estão dentro de você. Busque meios que facilitem a mudança dos padrões que fazem mal, para deixar que a vida que existe em você possa fluir esse renovar. Não deixe para depois! Alimente o que lhe faz bem, agora mesmo!
Desde que me conheço por gente, aprendi e entendi que respeitar o outro é fundamental para a vida em sociedade. Respeitar as diferenças de raça, cor, credo. Respeitar as opiniões, os gostos, interesses e visões de mundo. Respeitar as pessoas especiais que precisam de acolhimento, atenção, apoio. Ajudar e ser solidário nos momentos precisos.
Esta semana tive a grata surpresa de ser convidado a visitar a Apae de Joinville, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, para ouvir um pedido e conhecer a instituição. O contato veio por intermédio do amigo Jailson, irmão de um diretor do Sindicato dos Mecânicos, entidade que assessoro há quase 10 anos. Ele tem um filho que é atendido na Apae, e viu neste humilde jornalista e blogueiro uma possibilidade de apoio na área de comunicação.
Ouvi o pedido, conversei durante duas horas com ele e a presidente Heloísa, ex-professora e diretora de escolas que já conhecia há alguns anos, aceitei de pronto o pedido e conheci o trabalho maravilhoso que vários profissionais desempenham em favor de pessoas que precisam ser reconhecidas como cidadãs. Gente de todas as idades, homens e mulheres adultos, crianças, e até bebês.
Fiquei emocionado, tocado por esse trabalho solidário e humano. Já tive um irmão com uma deficiência na intelectualidade que infelizmente nos deixou há cinco anos, e que me ensinou a ser ainda mais humano e atencioso. Era meu amigão, meu fiel escudeiro e parceiro de trabalhos, jogos de futebol, passeios, campanhas políticas. Saudades.
Então, a partir desta data, já estou trabalhando voluntariamente para a Apae Joinville na assessoria de comunicação. Aos amigos de imprensa, companheiros da área, leitores deste blog, peço o apoio na construção de uma agenda positiva para essa instituição que completará 46 anos de serviços na área da saúde, educação e assistência social não só na maior cidade de Santa Catarina, mas também para toda a macroregião. Conto com vocês!
A estratégia do Ministério da Saúde de enfrentamento ao consumo de álcool e outras drogas e acesso ao atendimento em saúde mental foi reforçada nesta terça-feira (30) com o cadastramento de 35 CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ao Sistema Único de Saúde. Quinze estados foram contemplados – São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Alagoas, Bahia, Sergipe, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rondônia e Roraima. O recurso federal destinado ao custeio dessas novas unidades é de R$ 11 milhões por ano.
Com a ampliação, sobe para 1.502 o número de CAPS em funcionamento em todo o País. Ao anunciar o investimento, em visita a Porto Alegre (RS), nesta terça-feira (30) o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, destacou que, entre outros pacientes, essas unidades vão atender, com profissionais de saúde como médicos e psicólogos, usuários de crack. “Esses CAPS vão começar a funcionar de imediato porque agora vêm os recursos financeiros de custeio, que são para contratar e pagar pessoal, por exemplo”, afirmou o ministro, em cerimônia na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, com a presença do secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, o secretário estadual de Saúde, Osmar Terra, e o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.
Na capital gaúcha, o ministro anunciou ainda a criação de um Centro de Atenção – Álcool e Outras Drogas (CA-AD), resultado de parceria entre o Ministério da Saúde, a prefeitura de Porto Alegre e o Grupo Hospitalar Conceição, de gestão federal. O Ministério da Saúde deve destinar R$ 2,7 milhões para adaptar a área de 1.000 metros quadrados na zona Norte de Porto Alegre, destinada a abrigar esse novo complexo. Assim que a obra estiver concluída – a estimativa é para junho deste ano -, R$ 5,4 milhões devem ser repassados por ano para custeio.
A ideia é que esse novo complexo compreenda um CAPS voltado a usuários de álcool e drogas (o CAPS AD de porte 3), e um CAPS voltado ao atendimento infanto-juvenil (o CAPS i), além do projeto de Consultórios de Rua, um centro de ensino e pesquisa e ações de supervisão à rede básica de saúde (como as equipes de Saúde da Família, por exemplo).
A criação do CA-AD na capital gaúcha foi possível porque a prefeitura de Porto Alegre aderiu, também nesta terça-feira, ao Plano Emergencial de Acesso ao tratamento e Prevenção em Álcool e Outras Drogas (PEAD), lançado pelo Ministério da Saúde em junho do ano passado.
“O crack é uma droga que entrou recentemente no mercado, ocupou um espaço que não ocupava antes porque é muito barata e porque tem algumas características: causa dependência rapidamente e efeitos físicos e mentais dramáticos num prazo muito curto. Talvez por isso essa questão apareça com maior gravidade e a sociedade comece a perceber que este é um problema muito sério”, afirmou o ministro. “Mas eu chamo muito a atenção para não minimizarmos também o efeito das outras drogas. O álcool, por exemplo, ainda é a droga que mais mata e a maior responsável pelas situações de violência no Brasil”.
NUNCA EXPERIMENTE O CRACK – O Ministério da Saúde lançou em dezembro do ano passado a campanha Nunca Experimente o Crack, que está em filmes de TV e impressos, veiculados em todo o país. A campanha ressalta que a droga, derivada da cocaína, possui alto grau de dependência e mata. Por isso, não deve ser sequer experimentada. Informa de forma transparente e direta que essa é uma questão não restrita a governos, mas preocupação de toda a sociedade brasileira.
O público-alvo da campanha do Ministério da Saúde é formado por jovens de 15 a 29 anos, de todas as classes sociais. O alerta também serve a pais, educadores e formadores de opinião em geral. Um grande problema associado ao crack é que é uma droga barata, por isso atinge principalmente os jovens das camadas mais baixas. Mas qualquer jovem é considerado um usuário em potencial.
INVESTIMENTOS DO MINISTÉRIO – Em novembro de 2009, o Ministério da Saúde lançou um pacote de medidas com investimento de R$ 98,3 milhões para ampliar a assistência a usuários de álcool e drogas no país e melhorar o atendimento de pacientes com transtornos mentais. Somente essa medida habilitou 73 novos CAPS, criou incentivo financeiro para internações curtas (até 20 dias) de pacientes em crise e aumentou em até 31,85% o valor das diárias pagas por paciente internado em hospitais psiquiátricos gerais.
Essa Portaria publicada em novembro reforçou as ações do Plano Emergencial de Ampliação do Acesso para Tratamento de Álcool e Drogas (PEAD), lançado em junho, que detalha as metas e investimentos para expansão dos CAPS e leitos de internação psiquiátrica em todo o país, em um total de R$ 117 milhões em investimentos. Ou seja: somadas, essas duas medidas chegam a R$ 215 milhões em recursos exclusivos para o atendimento a dependentes de álcool e drogas.
A cobertura oferecida pelo SUS na área de saúde mental, que compreende o atendimento a usuários de álcool e outras drogas, aumentou para 62% da população, considerando o parâmetro de 1 CAPS para cada 100 mil habitantes (já com a expansão anunciada nesta terça-feira). Há sete anos, era de 21%.