Dilma perde a batalha contra o impeachment na Câmara; agora é no Senado

PalavraLivre-dilma-temer-impeachmentEm meio a uma sessão tensa e repleta de acusações e ofensas, a Câmara aprovou no final da noite deste domingo (18) a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pelo chamado crime de responsabilidade.

O voto de número 342 – exigido pela Constituição, foi dado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). Dos 513 parlamentares, só dois não compareceram à sessão. Como mais de dois terços dos integrantes da Casa aprovaram o parecer da comissão especial, o caso será examinado agora pelo Senado.

Para que a presidente seja afastada do cargo por 180 dias e o vice-presidente da República, Michel Temer, assuma interinamente, é necessário que mais da metade (41) dos 81 senadores aprovem o processo, em um primeiro momento (maioria simples, em votação da comissão especial), a partir de quando Dilma seria afastada de suas funções por 180 dias.

Depois disso, caso o Senado confirme a primeira votação por vontade de 2/3 dos votos da Casa (54 senadores, maioria absoluta), em uma segunda etapa de debates em plenário, a cassação estaria concretizada. A expectativa é que a votação no Senado ocorra até o dia 15 de maio.

Com isso, Dilma responderá por crime de responsabilidade com base nas chamadas pedaladas fiscais e na publicação de decretos sem número que aumentaram despesas orçamentárias sem a autorização do Congresso Nacional. O pedido foi apresentado pelos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal.

O governo ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a votação, alegando que a presidente não cometeu qualquer crime. Deputados contrários ao impeachment protestaram contra o que chamaram de “golpe” e acusaram Cunha e seus aliados de retaliarem a presidente por causa do avanço sobre ele e outros parlamentares da Operação Lava Jato.

Já os defensores do afastamento de Dilma estenderam cartazes e faixas associando o PT à corrupção. Houve momentos de tensão e muita gritaria no plenário. O vice-líder do governo Silvio Costa (PTdoB-PE) chamou de “ladrão”. Ao votar, Glauber Braga (Psol-RJ) se referiu ao peemedebista como “gângster”.

Bis
Esta é a segunda vez que a Câmara autoriza a abertura de uma ação dessa natureza contra um presidente da República. Em 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello teve apenas 38 votos entre os deputados; 441 votaram a favor do seu impeachment; 23 faltaram e um se absteve.

No Senado, Collor teve apenas três votos. Afastado do cargo, ele acabou renunciando momentos antes do julgamento final pelos senadores. Mesmo assim, o impeachment foi aprovado.

O texto aceito pelo presidente da Câmara foi a segunda versão do pedido encabeçado pelo ex-petista Hélio Bicudo e pelo tucano Miguel Reale Junior.

A nova petição foi entregue a Cunha em outubro, para incluir na denúncia os dados relativos a 2015. Essa foi a forma encontrada pelos juristas para enfrentar a discussão jurídica sobre a validade de um pedido de impeachment com base em fatos atribuídos ao mandato anterior.

Os advogados também queriam que a Câmara responsabilizasse Dilma pelo não reconhecimento das dívidas do governo os bancos oficiais e a possível omissão da petista no esquema de corrupção da Petrobras. Esses dois pontos, no entanto, foram excluídos do processo por Cunha.

Veja os principais pontos do pedido de impeachment dos juristas:

– Pedaladas fiscais
Os autores do pedido de impeachment alegam que a presidente Dilma cometeu crime de responsabilidade ao atrasar o repasse a bancos federais para pagar programas do governo em 2014 e 2015, as chamadas pedaladas fiscais. A manobra fiscal foi um dos motivos que levaram o Tribunal de Contas da União (TCU) a rejeitar as contas do governo relativas ao ano passado. Mas, segundo os ministros, o artifício continuou em 2015.

Essa informação, incluída na nova petição entregue em outubro ao presidente da Câmara, foi utilizada como argumento por Eduardo Cunha para dar andamento ao processo de impeachment. “Apenas com o Banco do Brasil, graças a um único programa, as pedaladas fiscais no ano de 2015 foram de mais de R$ 3 bilhões”, assinalam.

“Com efeito, constituem crime de responsabilidade a ação e a omissão da Presidente da República no tocante ao que se chama de ‘pedaladas fiscais’”, prosseguem. Eles fazem referência à interpretação dos ministros do TCU de que o Executivo fez manobra para driblar a lei que proíbe empréstimos de bancos oficiais ao governo.

– Decretos de aumento de despesa
Os juristas também mencionam os decretos que abriram crédito suplementar para despesas do governo sem autorização do Congresso Nacional, outro motivo da rejeição das contas de 2014 pelo TCU. O pedido de impeachment destaca que ao menos seis decretos semelhantes foram publicados este ano.

Segundo a petição, os valores dos créditos suplementares liberados por decreto não numerados foram de R$ 18,44 bilhões. “Esses decretos foram publicados após a constatação, pelo Tesouro Nacional, de que as metas estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual não haviam sido cumpridas, como revelado pelo Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 5º Bimestre de 2014 do Tesouro Nacional”, sustentam os advogados.

De acordo com eles:

“As condutas acima descritas constituem inegável crime de responsabilidade, nos termos do art. 10 da Lei 1.079/50, especificamente nos seguintes itens:

‘Art. 10. São crimes de Responsabilidade contra a lei orçamentária:

4) Infringir, patentemente, e de qualquer modo, dispositivo da lei orçamentária;

6) Ordenar ou autorizar a abertura de crédito em desacordo com os limites estabelecidos pelo Senado Federal, sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito adicional ou com inobservância de prescrição legal’.

Com informações do Congresso em Foco

Senado decide manter prisão de Delcídio do Amaral

Em decisão inédita, o Plenário do Senado decidiu, por 59 votos a 13, com uma abstenção, manter a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta quarta-feira (25).

Além do petista, o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, e o advogado Édson Ribeiro também foram presos. Veja como cada parlamentar votou

Foi a primeira prisão de um senador no exercício do mandato desde a promulgação da Constituição de 1988. Diante da importância da ocasião, a pauta de votações foi totalmente interrompida em ambas as Casa legislativas.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou que não haveria votações na Casa nesta quarta-feira (25), dia tradicionalmente reservado às principais deliberações do Congresso.

Por sua vez, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu convocar sessão extraordinária para decidir, como assegura a Constituição, sobre a validade da decisão do Supremo.

Valendo-se de entendimento da Consultoria da Casa, Renan defendeu em plenário a votação secreta para os senadores, sob a alegação de manter a autonomia das decisões. Mas, por 52 votos a 20, com uma abstenção, o conjunto dos parlamentares decidiu abrir a deliberação.

O que estava em jogo era a interpretação sobre a pertinência das diretrizes do Regimento Interno do Senado face às regras registradas na Constituição. Segundo a normatização legislativa, deve ser realizada de forma secreta a votação sobre prisão de parlamentar.

No entanto, a Emenda Constitucional 35/2001 inclui na Carta Magna justamente a determinação contrária, de publicidade para tal tipo de decisão.

“Vale lembrar que as votações de autoridades são realizadas na modalidade secreta, não só para proteger o livre arbítrio do Parlamentar no voto secreto quando se trata da apreciação de nome de autoridade, mas também sua consciência e independência, sendo esta a modalidade definitiva regimentalmente”, pontuou Renan.

Como este site mostrou mais cedo, um áudio mostra Delcídio cogitando a hipótese de fuga do ex-diretor do setor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, para que ele não comprometesse o petista nas investigações da Lava Jato. A gravação foi feita por um dos filhos de Cerveró, Bernardo Cerveró.

Em um dos trechos do áudio, Delcídio deixa claro que o melhor seria a fuga de Cerveró – para tanto, o senador arquitetou a saída pelo Paraguai do ex-diretor, um dos principais artífices do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras, além de uma mesada de R$ 50 mil.

Em outro ponto da conversa, Delcídio fala da influência que teria no STF para conseguir a libertação de Cerveró. O áudio foi suficiente para que o STF determinasse a prisão do senador.

A defesa do senador Delcídio publicou uma nota no perfil do parlamentar no Facebook manifestando “inconformismo” diante da decisão unânime da 2ª turma do Supremo. Na nota, o advogado do petista, Maurício Silva Leite, questiona a procedência das acusações contra o senador.

A menção a Delcídio como beneficiário do petrolão foi feita por meio de delação premiada do empresário Fernando Baiano, preso na Lava Jato e apontado como operador do PMDB no esquema de desvio de recursos da Petrobras.

Histórico
Delcídio foi citado pelo ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e pelo lobista Fernando Baiano como beneficiário do esquema de corrupção na estatal.

Segundo as investigações, o senador tentou impedir a delação premiada de Cerveró, oferecendo-lhe até uma ajuda de fuga, conforme indica gravação feita pelo filho do ex-diretor da Petrobras. Em depoimento, Baiano afirmou que Delcídio recebeu US$ 1,5 milhão de propina pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O senador fez parte da diretoria de Gás e Energia da Petrobras entre 2000 e 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso. Desde o início do ano, é líder do governo Dilma no Senado e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos da Casa.

Em 2005, como presidente da CPI dos Correios, conduziu os trabalhos de investigação que, cerca de oito anos depois, levariam companheiros de partido à cadeia, por envolvimento no caso do mensalão.

A postura de Delcídio irritou o PT à época, a ponto de até hoje ele ter sido apontado como “o mais tucano dos petistas” nos corredores do poder.

Com informações do Congresso em Foco

Aécio Neves diz que apoiou Taques, mas abraça Renan e mantém poder no Senado

Terminada a votação para presidência do Senado, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se viu em maus lençóis. Ficou evidente o jogo político ocorrido nos bastidores. A TV Senadopegou em flagrante o tucano dando um caloroso abraço no vencedor Renan Calheiros (PMDB-AL) e o resultado garantiu para o PSDB um lugar na mesa do Senado para o correligionário Flexa Ribeiro (PSDB-PA), contrariando a regra de deixar fora da mesa quem vota em desacordo com a proporcionalidade das bancadas.

O PMDB ameaçava não apoiar Flexa Ribeiro no posto se houvesse 22 ou 25 votos do lado que Taques. Com a baixa votação do anticandidato”, o senador tucano do Pará conseguiu ser escolhido com 58 votos, sem problemas, para o poderoso cargo. E não é um lugar qualquer. É a cobiçada primeira secretaria, apelidada de “prefeitura” da Casa, porque administra licitações e contratos. Com isso, os tucanos ficaram com a chave do “cofre do Senado”, como o cargo é conhecido. Um orçamento de R$ 3,5 bilhões por ano, maior do que a maioria das capitais brasileiras, inclusive cidades com mais de 2 milhões de habitantes.

O novo “guardião” da chave do cofre do Senado já foi preso pela Polícia Federal em novembro de 2004 na Operação Pororoca. Flexa Ribeiro e 27 empresários foram acusados de fraudes em licitações públicas no Amapá e no Pará. Uma das empresas beneficiadas pelo esquema era a Engeplan, da qual o tucano era sócio. Além de controlar grandes licitações de obras, serviços de segurança, transporte, alugueis de veículos, limpeza, fornecedores, etc, o cargo permite fazer contratos como aquele que proporcionava pagamentos mensais para o jornalista Ricardo Noblat (que cobre o noticiário do Senado) para fazer um programa semanal de jazz na Rádio
Senado.

Moral da história: no Jornal Nacional Aécio apresentou-se como se estivesse apoiando Taques. Nos bastidores entregou o jogo a Renan, naquele melhor estilo de jogo combinado entre compadres, para garantir o estratégico controle do cofre do Senado para os tucanos, coisa que prenuncia ser de grande valia no financiamento da campanha de 2014, entre outras vantagens.

Do Correio do Brasil

Altos preços dos veículos no Brasil serão discutidos no Senado Federal

Os altos preços dos veículos automotores no Brasil serão discutidos em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, com a participação do senador Luiz Henrique (PMDB-SC). Os senadores querem que a indústria automobilística nacional adote novas tecnologias.

Foram convidados para esclarecimentos os representantes dos ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; da Câmara do Consumidor e da Ordem Econômica do ministério Público Federal; dos fabricantes de veículos (ANFAVEA); do sindicato de componentes (Sindipeças); além do jornalista Joel Leite, do Boletim Autoinforme.

Apesar do poder da indústria automobilística e dos muitos incentivos fiscais, os preços dos veículos no Brasil podem superar 100% dos praticados nos Estados Unidos, na Europa e nos demais países da América Latina, informaram os senadores.

Eles também reclamaram da falta de segurança dos veículos no País, cujo atraso é de vinte anos em relação aos similares europeus. A falta de incentivo para os carros turbinados de última geração, como os híbridos, também será questiona na audiência pública.

Decisão judicial impede o Senado de publicar lista de salários com nomes

O Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis) conseguiu, nesta terça-feira, decisão liminar que impede a divulgação dos nomes dos servidores do Senado ao lado de seus respectivos salários. O processo foi deferido pelo juiz da 17ª Vara Federal de Brasília, Flávio Marcelo Sérbio Borges.

Em sua decisão, o juiz acatou a alegação do Sindilegis de que a exposição dos nomes dos beneficiários dos salários viola o direito constitucional à privacidade e intimidade dos servidores.Em razão da liminar, a divulgação deverá adotar outra forma de individualização como o cargo ou a matrícula do servidor, sem o nome. Decisão similar já havia sido dada pelo juiz da 21ª Vara Federal, Hamilton Dantas aos servidores da Câmara.

A ação foi ajuizada no final da tarde desta segunda-feira, após a divulgação do Ato 10/2012, do 1º secretário do Senado no Boletim Administrativo Eletrônico da Casa, que regulamenta a divulgação dos vencimentos dos servidores. A diretora-geral do Senado, Doris Peixoto, recebeu a intimação para cumprimento da determinação do juiz na manhã desta terça.

Ela explicou que a decisão veda apenas a divulgação dos nomes, não das informações sobre os vencimentos dos servidores. Ela também informou que técnicos do Prodasen trabalham para modificar os arquivos que serão publicados no Portal da Transparência do Senado Federal.

Consulta
A divulgação das informações relativas ao subsídio e à remuneração dos senadores e servidores efetivos e comissionados será feita de forma individualizada, no Portal da Transparência do Senado Federal, a partir desta terça-feira. Na consulta será necessária a identificação do interessado em obter os dados.

A norma foi editada em razão da vigência da Lei de Acesso à Informação, que assegura o acesso dos cidadãos às informações de caráter público, mediante a identificação de quem busca os dados.

Do Correio do Brasil

Demóstenes se diz inocente em “missão impossível” na Comissão de Ética

Presente ao Conselho de Ética do Senado, que investiga as relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o senadorDemóstenes Torres, atrasado por mais de 30 minutos, quebrou o silêncio. Na abertura de seu discurso, o acusado de integrar a organização criminosa disse que chegou a pensar na renúncia ao mandato, mas optou por responder aos questionamentos de seus pares, no plenário da Comissão de Ética. A defesa de Demóstenes, para o ex-aliado senador Álvaro Dias (PSDB-PR), consiste em uma espécie de “missão impossível”. O próprio acusado abriu seu discurso de defesa remetendo a questão ao Divino.

– Eu só pude chegar até hoje porque redescobri Deus. Parece um fato pequeno, mas acho que minha atuação era pautada mais pelos homens do que por Deus – disse Demóstenes.

Advogado, ex-secretário de Segurança do Estado de Goiás, Demóstenes optou por seguir, passo a passo, nas denúncias formuladas contra ele, sem abranger a questão de fundo, que é a ligação mantida com o contraventor, cujas atividades o acusado disse desconhecer porque não tinha “lanterna na popa”. Assim, ele se lançou à resposta de uma denúncia, formulada na revista Carta Capital, sobre a participação do senador no faturamento das máquinas caça-níqueis mantidas pela quadrilha de Cachoeira. O senador citou um “informe do delegado Deuselino Valadares”, que informava da utilização de parte dos recursos obtidos com o jogo no “caixa-dois da campanha”, de acordo com o depoimento de Rui Cruvinel, preso por ser dono de um casa clandestina de jogos.

– Todas as autoridades que atuaram nesse inquérito disseram, textualmente, que eu não tenho nada com o jogo – disse o acusado, antes da leitura dos autos.

O advogado dele, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, já havia adiantado, na chegada ao prédio do Senado, que o parlamentar usaria os primeiros 20 minutos da sessão para falar sobre sua atuação na vida pública, ficando, a seguir, à disposição para responder perguntas dos colegas. Na CPI, no entanto, Kakai já adiantou que ele poderá ficar calado, exercendo o direito de não fornecer provas contra si.

– Estou inteiramente aberto a confrontar as denúncias com a defesa dele e elaborar um relatório levando em consideração tudo isso – disse o relator Humberto Costa (PT-PE), em entrevista à Rádio Senado.

As outras testemunhas indicadas por ele, o advogado Ruy Cruvinel e o próprio Carlos Cachoeira se recusaram a depor. Desde que começou a analisar a representação contra Demóstenes, o Conselho ouviu dois delegados responsáveis pelas operações VegasMonte Carlo que resultaram na prisão de Cachoeira e revelaram a ligação do bicheiro com parlamentares.

Apesar da decisão de comparecer, e falar, diante da Comissão de Ética do Senado, a situação de Demóstenes era a pior até mesmo entre ex-aliados, como o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Ao chegar à reunião do Conselho de Ética, que considera a defesa do senador Demóstenes Torres (Sem partido-GO) uma “missão impossível”.

Para o líder do PSDB, houve quebra de decoro.

– Os fatos são contundentes e nada pode reverter essa expectativa de cassação de mandato – disse.

As perguntas do relator do processo, Humberto Costa (PT-PE), e dos senadores foram respondidas por Demóstenes. O advogado do acusado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, ficou incumbido de responder às perguntas dos repórteres que cobrem o caso.

Na CPMI

À tarde, na reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) doCachoeira, seria votada a convocação de três governadores e a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico relacionados á direção nacional da Delta Construções. A convocação dos governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) tem sido motivo de polêmica nas últimas semanas. O assunto somente seria analisado no dia 5 de junho; mas, diante da pressão de alguns dos integrantes da CPMI, o presidente Vital do Rêgo (PMDB-PB) antecipou a decisão para esta terça-feira, contando com o apoio dos parlamentares do PMDB, PT e PSDB. Os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Pedro Taques (PDT-MT) e Kátia Abreu (PSD-TO) e os deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e Sílvio Costa (PTB-PE), por sua vez, protestaram, pois queriam que os requerimentos para as convocações tivessem sido apreciados na quinta-feira.

Outro assunto polêmico da pauta era a quebra de sigilo da Delta em âmbito nacional. Na semana passada, com a revelação de que recursos de contas da construtora no Rio de Janeiro abasteceram empresas de fachada que serviam à organização criminosa, o próprio relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que inicialmente era contrário à ideia, admitiu pela primeira vez a necessidade de se investigar as atividades da matriz da empresa.

– A quebra de sigilos das filiais da Delta, no Centro-Oeste apontou indícios de que o ex-diretor Cláudio Abreu tinha autorização para movimentar contas nacionais da construtora – afirmou Odair Cunha.

Agenda

Os próximos passos da CPI e do Conselho de Ética para a semana de 29 de maio a 1º de junho:

• 30/05 (quarta-feira) às 10h15: depoimento na CPI mista de Cláudio Abreu, José Olímpio de Queiroga Neto, Gleyb Ferreira da Cruz, Lenine Araújo de Souza e Jayme Eduardo Rincón;

• 31/05 (quinta-feira) às 10h15: depoimento de Demóstenes Torres na CPI

Do Correio do Brasil

Acabam o 14o. e 15o. salários para senadores, até que enfim! E os deputados federais?

Mais uma das vergonhas da política em nosso país está finalmente acabando: décimo quarto e décimo quinto (acreditem!) salários aos senadores da República. E os deputados federais devem se apressar para acabar com mais esse privilégio que os reles mortais trabalhadores não tem, e tampouco com os altíssimos salários que os nobres parlamentares recebem, fora os penduricalhos. O Brasil precisa que a política mude radicalmente, porque não é admissível, nem moral, que existam em pleno século 21 todos esses privilégios aos parlamentares. E o que será que ainda existe que não sabemos não é mesmo? Confiram a matéria:

O plenário do Senado aprovou por unanimidade, na noite de ontem o projeto que acaba com o pagamento de décimo quarto e décimo quinto salários para deputados e senadores. A matéria, que foi relatada pelo senador Lindbergh Farias (PR-RJ), já havia sido aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Pelo projeto, os parlamentares passam a receber os dois salários extras apenas no primeiro e no último ano de mandato, e não mais todos os anos como ocorre atualmente. Os senadores entenderam que esse recurso financeiro não se justifica mais, pois foi criado em uma época em que deputados e senadores tinham muitos gastos com o deslocamento das famílias para o Rio de Janeiro, então capital da República. O projeto seguirá para a Câmara dos Deputados, onde ainda poderá ser alterado. Se isso ocorrer, ele retorna ao Senado para última análise”.

Das agências de notícias e Jornal Absoluto

Terras-raras: Comissão discute tema em audiência pública nesta quarta (25/4)

A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) realizará audiência pública quarta-feira (25) para discutir com o governo federal e a iniciativa privada o desenvolvimento de tecnologias de ponta que reativem a exploração das estratégicas jazidas de “terras raras” no País. Vitais para a indústria de alta tecnologia como os produtos higc-tech, mercado mundial movimentou US$ 2 bilhões em 2010, podendo chegar a US$ 9 bilhões no próximo ano. A proposta é de iniciativa do senador Luiz Henrique (PMDB/SC).

“Terras raras” – excelentes condutores de eletricidade e de calor altamente magnetizáveis são um conjunto de 17 elementos químicos com alto grau de pureza e concentração encontrados em jazidas minerais – indispensáveis para a moderna indústria de iPhones, iPods, Led’s, Laptops, lasers, TVs digitais, ressonâncias magnéticas, tomógrafos e até carros híbridos. Eles também são usados na formação das cores primárias: európio, para o azul; cério e térbio, para o verde; e outro íon do európio, para o vermelho.

A preocupação do senador se justifica. Antes dominado pelo Brasil – dono de grandes reservas, o mercado está com os chineses – detentores de 97% da produção mundial. Para que nosso País retome a liderança, Luiz Henrique requer que o Senado participe com o governo da elaboração de um programa de pesquisa de minerais tão raros e básicos – e os transforme em insumos para a criação de produtos complexos e sofisticados.

Estatizadas na década de 60, as minas brasileiras entraram em decadência. Até então os minerais eram extraídos e processados no País. Hoje o Brasil detém apenas 1% da produção mundial (650 toneladas) – apesar de terceiro no cenário mundial. É superado pela Índia, com 2.700 toneladas. A areia monazítica (que contém terras-raras), por exemplo, é comum nas praias do Espírito Santo e da Bahia.

O senador catarinense espera ouvir dos representantes governamentais e empresarial – que providências estão sendo adotadas para retomarmos a atividade e a liderança do mercado sem afetar o meio ambiente. Luiz Henrique preocupa-se particularmente com a questão ambiental que envolve a produção das “terras raras”. A exploração das jazidas produz elementos radioativos que exigem armazenamento especial que o Brasil não possui.

CONVIDADOS – Da audiência participarão: o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do ministério das Minas e Energia, Claudio Scliar; o diretor do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) do ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Fernando Antonio Freitas Lins; o chefe do Departamento de Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e Serviço Geológico do Brasil, Francisco Valdir Silveira; o superintendente de Desenvolvimento de Projetos da Indústrias Nucleares do Brasil, Adriano Maciel Tavares; e o empresário do setor de mineração, João Carlos Cavalcanti – que descobriu algumas jazidas no País.

Relatório dos ministérios convidados para a audiência já apontava em 2010 a necessidade de o governo brasileiro desenvolver novas tecnologias para o aproveitamento desses elementos raros. “Está na hora de o País voltar a ter destaque nesse mercado”, avaliam os técnicos.

Nesse rumo, as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – que assumiram a exploração nos anos 90, negociam com a Universidade Federal Fluminense pesquisas conjuntas no oceano Atlântico para identificar novos depósitos no País.

Já o professor de Ciências da Universidade de Tóquio, Yasuhiro Kato – uma das descobridoras dos metais raros, garantiu que se pode prover o consumo anual do mundo extraindo os metais em uma área de apenas um quilômetro. A tecnologia japonesa utiliza um ácido que acelera o processo de extração a tal ponto que em poucas horas retira-se entre 80% a 90% dos minerais do solo.

TERRAS-RARAS – Como não emite radiações visíveis, o elemento ítrio é usado como diluidor da luz emitida pela tela a fim de não ser absorvida pelos íons ativadores que a produzem. Já o neodímio tem propriedades magnéticas essenciais para o funcionamento de geradores e turbinas. Combinado ao níquel, o lantânio amplia o tempo e a autonomia das baterias. Já a combinação de neodínio, ferro e boro produz um poderoso ímã usado como vibrador de celulares.

Situados em águas internacionais próximas da costa oeste do Havaí e do leste do Tahiti, os 78 pontos dos minerais raros foram encontrados em depósitos com profundidades entre 3.500 a 6 mil metros. Matéria publicada em março pela revista Veja informa que novas jazidas começarão a ser exploradas em outros países como Austrália e Estados Unidos.

Demóstenes, lobos e cordeiros

Quem diria que o paladino da Justiça, o superior dos homens na terra, gladiador das lutas contra a corrupção no país, imagem de homem probo, correto, promotor de justiça, enfim, um ser acima de qualquer suspeita, senador Demóstenes Torres, cairia justamente no lodaçal da corrupção? Em vez de representar o povo que o elegeu, representava sim os interesses de Carlinhos Cachoeira, o homem dos jogos ilegais, do submundo, conforme mostram as incontestáveis provas da Polícia Federal. Que vergonha para a classe política!

Demóstenes era o verdadeiro lobo em pele de cordeiro. De fachada, esse homem que já foi até secretário de Segurança Pública de Goiás – pensem! – se mostrava um intocável. Um cordeirinho. Mas pelos bastidores, por trás das matas nos campos, caia a lã e aparecia o grande lobo. No mínimo 30% dizem as investigações. Pouca coisa não é? Afinal, o salário de senador, cerca de R$ 26 mil, é pouco! Fora os décimos terceiros, quartos e quintos, além das verbas de gabinete, manutenção, etc. Que homens públicos temos neste Congresso Nacional? Quantos mais teremos que investigar durante anos para pegar, sim pegar, e tirar do lugar onde deveriam estar homens de verdade, de boa índole, com ligações verdadeiras com os movimentos sociais, populares, empresariais, educacionais?

Agora em outubro vamos eleger vereadores e Prefeitos para mais quatro anos. É nossa responsabilidade separar o joio do trigo. Acompanhar a vida pregressa, os bastidores de cada um deles. Por detrás de muitos podem existir muitos lobos, ávidos por dinheiro público fácil, travestidos de bons moços. Uns ligados à entidades empresariais, outros à igrejas. Outros à Ongs, uns à sociedades classistas. O fato é que a corrupção está enraizada onde menos esperamos. Mas nós não enxergamos porque não ficamos atentos aos movimentos, aos “amigos” desses candidatos. E no final, elegemos gente que vai defender toda forma de poder, de desviar, de aprovar leis que beneficiem esse ou aquele. É isso que queremos?

Não há outra solução minha gente. Ou votamos direito, escolhendo nossos representantes com critérios, pesquisa de onde vem, e com quem andas – diga-me com quem andas e te direito quem és – ou vamos chorar o leite derramado por esses lobos em pele de cordeiro. Eleitos os vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, senadores, deputados federais, nosso dever é fiscalizar, de pertíssimo, todos os atos, ações, projetos, reuniões. Senão é melhor comprar mais toalhas para chorar e muito, porque cada vez mais esses lobos vão tomando o que é nosso, sem que percebamos. Parabéns à Polícia Federal, Ministério Público e órgãos que pegaram esse “senador”. Que continuem, ainda com mais eficácia e rapidez, pegando mais e mais lobos e tirando-lhes a pele e o cargo que ocupam com o nosso voto, ou que ocupam em órgãos públicos.

Demóstenes Torres pede desfiliação do DEM…

O senador Demóstenes Torres (GO) assinou uma carta solicitando sua desfiliação do DEM. O documento já foi encaminhado ao partido, de acordo com a assessoria de imprensa do presidente da legenda, senador Agripino Maia (RN). A decisão foi tomada após Agripino Maia ter anunciado, na segunda-feira, que o partido decidiu abrir um processo de expulsão de Demóstenes Torres.

Na carta, de apenas dois parágrafos, Demóstenes acusa o DEM de fazer um pré-julgamento público e comunica a saída, afirmando que “embora discordando frontalmente da afirmação de que eu tenha me desviado reiteradamente do programa partidário, mas diante do pré-julgamento público que o partido fez, comunico minha desfiliação do Democratas”.

Com isso, Demóstenes permanece no Senado, só que sem partido. Assim, o processo de expulsão aberto ontem no DEM deixa de existir. Ele aguarda o pedido de apuração protocolado na Mesa Diretora do Senado pelo Psol. A legenda quer que o Conselho de Ética investigue as denúncias de ligação de Demóstenes com o controlador do jogo do bicho de Goiás, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso por envolvimento com máquinas caça-níqueis em Goiás.

Na opinião de Agripino Maia, Demóstenes Torres reiteradamente se desviou da conduta partidária quando se relacionou intimamente com Cachoeira. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal flagraram o senador e o bicheiro em conversas nas quais tratam de dinheiro, de informações privilegiadas e do destino de projetos de lei que interessavam a Cachoeira. Além disso, o próprio senador admitiu que recebeu como presente de casamento de Carlinhos Cachoeira eletrodomésticos no valor de R$ 30 mil.

Demóstenes Torres está respondendo a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) baseado nas gravações feitas pela PF que resultaram na Operação Monte Carlo. O ministro Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de sigilo bancário do senador e solicitou um levantamento sobre as emendas parlamentares e os projetos relatados por ele para investigar se Cachoeira foi beneficiado.

O bicheiro, que está preso, é acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de outros jogos de azar em Goiás e de corromper policiais e políticos do estado. Além de Demóstenes Torres, os deputados Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Lereia (PSDB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) também tiveram conversas telefônicas com Cachoeira grampeadas pela PF. Nercessian pediu hoje afastamento temporário do seu partido.

Do Jornal do Brasil