Reforma da Previdência SC – CCJ aprova, mas Governo retira a proposta

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa deu mais um passo, nesta terça-feira (28), para a aprovação da reforma da previdência estadual. O colegiado aprovou dois pareceres do deputado Maurício Eskudlark (PL) favoráveis à tramitação da Proposta de Emenda Constitucional 13/2019 e do Projeto de Lei Complementar (PLC) 33/2019, que mudam o sistema previdenciário catarinense. Porém, o governo enviou ofício à Assembleia retirando o projeto de reforma poucas horas depois do debate na CCJ. O documento deve ser lido na sessão desta quarta-feira (29).

Os textos – aprovados na forma de emendas substitutivas globais – ainda passariam pela Comissão de Finanças e Tributação, com previsão de votação em plenário na sessão de quinta-feira.

O Legislativo estadual acelerou a tramitação porque o Ministério da Economia estabeleceu o dia 31 de julho de 2020 como prazo final para que todos os estados e municípios adequem suas regras previdenciárias com base na Reforma da Previdência aprovada pelo Congresso em 2019.

O cumprimento das regras é exigência para que estados e municípios tenham o Certificado de Regularidade Previdenciária, necessário para receber transferências voluntárias da União e fazer financiamentos com bancos públicos federais.

Basicamente, os textos aprovados tratam da idade mínima para aposentadoria – com diferenciação para professores, policiais civis, peritos, agentes prisionais e socieducativos –, forma de cálculo do benefício, pensão por morte e taxação dos inativos.

Idade mínima
No texto aprovado pela CCJ, a idade mínima para aposentadoria será de 65 anos para homens (60 anos para professores) e 62 para mulheres (57 para professoras). Policiais civis, peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP), agentes prisionais e socioeducativos poderão se aposentar com 55 anos. A partir da entrada em vigor do novo regime, além desta idade mínima, será necessário ter: 25 anos de contribuição, 10 anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo.

A proposta também estabelece uma regra de transição para quem já tiver cumprido 85% dos requisitos de idade mínima, tempo de contribuição, tempo de efetivo exercício no serviço público e no cargo em que se der a aposentadoria. Este servidor terá garantido o direito de se aposentar, mas precisará cumprir o tempo que ainda restar mais um pedágio de 30%.

“Seria injusto ele já ter o tempo de 30, 29 anos e, pela idade, exigirmos mais cinco ou dez anos de contribuição de permanência no serviço público, isso seria injusto”, avaliou Eskudlark. “Vimos o tempo que falta e mais um pedágio para que ele não seja punido com uma mudança radical”, completou o deputado.

Uma das emendas acatadas pelo relator – de autoria do deputado Fabiano da Luz (PT) – reduz esse pedágio para 20%. Essa emenda deve ser votada em destaque no plenário para estabelecer um índice final.

Cálculo do benefício
Pela proposta do governo, o cálculo do benefício a ser pago ao servidor aposentado seria a média das contribuições de todo o período trabalhado. O benefício corresponderia a 60% dessa média. Maurício Eskudlark alterou esta forma de cálculo para considerar 80% das maiores contribuições. O valor a ser pago seria de 80% dessa média.

Pensão por morte
No caso da pensão por morte do segurado, a proposta aprovada na CCJ é de 80% do benefício do servidor, mais 10% por dependente até o limite de 100%.

Forças de segurança
Além de poderem se aposentar aos 55 anos, os policiais civis, peritos, agentes prisionais e socieducativos que entraram na carreira até 2016 terão garantidas a integralidade dos vencimentos e a paridade com o pessoal da ativa. Isso significa que se aposentarão com salários integrais e ainda terão direito a todos os benefícios e reajustes que forem concedidos a quem ainda está trabalhando.

Taxação de inativos
A proposta em análise no Legislativo prevê a cobrança previdenciária de parte dos inativos que hoje são isentos. Atualmente, os servidores públicos que ganham menos de R$ 6 mil não contribuem mais para a previdência. Pelo texto aprovado na CCJ, passariam a pagar 14% de contribuição os servidores que recebem entre dois salários mínimos (R$ 2.090 em 2020) e R$ 6 mil.

O percentual seria aplicado sobre a diferença entre o valor do benefício e os R$ 2.090. Quem recebe, por exemplo, R$ 5.000 de aposentadoria, pagaria 14% sobre R$ 2.910,00 – equivalente a 5.000 – 2.090. Neste caso, o valor de contribuição seria de R$ 407,40.

Pioneirismo catarinense
Em 2015, Santa Catarina foi o primeiro Estado brasileiro a aprovar uma reforma previdenciária nos moldes hoje exigidos pelo governo federal. A proposta enviada à Assembleia pelo então governador Raimundo Colombo (PSD) uniu os dois fundos que eram utilizados para pagamento de benefícios e aumentou a alíquota de contribuição previdenciária tanto dos servidores quanto do governo. A parte dos servidores, que era de 11%, subiu gradualmente até chegar a 14% em 2018, inclusive para os já aposentados. No mesmo período, o aporte do governo subiu de 22% para 28%.

O que diz o Governo do Estado
O governador Carlos Moisés retirou da Assembleia Legislativa nesta terça-feira, 28, a proposta de Reforma da Previdência encaminhada no fim do ano passado. Segundo o chefe do Executivo, a retirada se dá para evitar a aprovação de alterações que descaracterizam a proposta enviada, reduzindo consideravelmente a economia planejada para os próximos anos. De acordo com previsão do Instituto da Previdência de Santa Catarina (Iprev), com as mudanças, a economia projetada de R$ 18 bilhões seria reduzida em R$ 16 bilhões.

Carlos Moisés destacou que a intenção do Executivo é de reenviar o projeto em um momento mais adequado.  “A reforma precisa cumprir o seu objetivo de trazer mais equilíbrio para a previdência estadual também no longo prazo”, afirmou o governador.

De acordo com o presidente do Iprev, Kliwer Schmitt, apesar do apoio de alguns parlamentares, o projeto acabou descaracterizado por modificações pontuais realizadas. “Embora todos os esforços empreendidos pela equipe de governo e alguns deputados, a proposta hoje aprovada na Comissão de Constituição e Justiça não dá uma perspectiva de trazer os resultados esperados para Santa Catarina e os catarinenses”, avaliou.

Números da Previdência segundo o Governo
Em 2016, o número de aposentados e pensionistas ultrapassou o de servidores em atividade. Atualmente, Santa Catarina registra 67,1 mil aposentados e pensionistas – que equivale a 56,2% do total de segurados – contra 52,2 mil servidores na ativa, representando 43,8%. Mensalmente, o déficit financeiro do Poder Executivo com o pagamento de benefícios previdenciários é de cerca de R$ 320 milhões, alcançando, em 2019, R$ 4 bilhões.

A despesa do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), em 2018, superou em 2,3 vezes o orçamento liquidado da segurança pública. O valor supera ainda em 1,72 vezes o investido na educação e 1,73, na saúde.

O Conselho das Federações Empresariais (COFEM), que reúne as principais organizações ligados aos empresários catarinenses, entre as quais Fiesc, Fecomércio, Associações Empresariais, gostou da decisão do governo, achando acertada a decisão. Eles querem uma economia ainda mais robusta para as contas públicas em Santa Catarina.

As entidades sindicais ligadas aos servidores públicos comemoraram a retirada do Projeto de Lei da Assembleia Legislativa.



Coronavírus em SC – Sinsej denuncia falta de transparência e cuidados com servidores em Joinville

O Sindicato dos Servidores de Joinville (SC) está denunciando a falta de transparência da Prefeitura em relação à pandemia do Covid-19, o coronavírus. Segundo o Sinsej, a Prefeitura de Joinville continua colocando em risco a saúde da população e dos servidores em serviços essenciais. Em comunicado enviado ao Palavra Livre, eles tem recebido várias denúncias como por exemplo, conceder apenas sete dias de atestado aos servidores que testam positivo para o novo coronavírus, que o governo municipal tem negado a testagem aos servidores que trabalham nos mesmos locais de outros positivados além de não comunicar os casos positivos aos usuários da rede.

A direção do Sinsej afirma que esses relatos chegaram de servidores que atuam no Hospital Municipal São José, na Secretaria de Assistência Social, Casa Abrigo Viva Rosa, Centro Pop e outros. O Sindicato diz ainda que em uma nova tentativa de diálogo sobre as condições de trabalho desses servidores, a diretoria do Sinsej enviou novo ofício à Secretaria de Saúde do município com pedido de informações em 72 horas sobre o número de profissionais da rede afastados em decorrência da contaminação de Covid 19, como também sobre a realização da testagem em todos os trabalhadores, em especial, nos que atuam no Hospital São José.

Devido à falta de respostas dos diversos ofícios enviados e falta de transparência, o Sindicato já protocolou até denúncia contra a administração municipal no Ministério Público de SC. Além de a cidade ser considerada, há semanas, o epicentro de Covid 19 em Santa Catarina, com maior número de casos da doença e de mortes o sistema de saúde está em colapso e não há mais leitos de UTI disponíveis no sistema público de saúde, colocando as pessoas em risco e somente com possibilidades de cuidados intensivos para a Covid 19 nos hospitais particulares.

Segue o restante do comunicado do Sinsej: “De que adianta contratação temporária de médicos plantonistas se não são tomados cuidados básicos com demais trabalhadores que estão na linha de frente de combate à pandemia ou em outros serviços essenciais? Como pensar e reiniciar as aulas no mês de setembro se não há um protocolo efetivo para conter o contágio do vírus na população ? Exigimos que a Prefeitura de Joinville aja com responsabilidade com a categoria e com a população de Joinville. A direção do Sinsej está firme em defesa dos servidores e aguarda a resposta do governo municipal sobre os questionamentos. A valorização pela qual lutamos passa pelo direito à vida de trabalhadores que não medem esforços para prestar serviços públicos com qualidade e segurança à população”, finaliza o comunicado.

Neste grave momento que a humanidade passa com o Covid-19, transparência e informação total é um dos remédios essenciais. Com a palavra a Prefeitura ou o MPSC>

Previdência em SC – Entidades cobram cronograma de tramitação na Alesc

Entidades que representam categorias do funcionalismo público estadual se reuniram na última quinta-feira (16), com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Julio Garcia (PSD), na Sala de Reuniões da Presidência da Alesc. O deputado Mauricio Eskudlark (PL), relator da PEC, também participou do encontro.

O tema foi o prazo para votação em plenário da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 13/2019, que trata da reforma da Previdência dos servidores públicos de Santa Catarina. Os representantes das entidades pediram ao presidente da Assembleia a elaboração de um cronograma para a tramitação da proposta, cuja análise pelos deputados foi prejudicada em função da pandemia do coronavírus.

Julio Garcia se comprometeu com os participantes a, após consulta à Procuradoria Jurídica da Alesc, levar aos líderes das bancadas partidárias e dos blocos parlamentares a proposta da elaboração do cronograma de tramitação da PEC.

Pontos de emenda apresentada pelo deputado Mauricio Eskudlark, que é o relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), também foram discutidos na reunião. Participaram, presencial ou virtualmente, dirigentes da Associação Catarinense dos Magistrados (AMC), do Sindicato dos Policiais Civis de Santa Catarina (Sinpol-SC), da Associação dos Delegados de Polícia Civil de Santa Catarina (Adepol-SC), do Sindicato dos Servidores da Alesc (Sindalesc), entre outras entidades.

As entidades sindicais se posicionam contrariamente ao desejo dos parlamentares de votação da PEC até 31 de julho próximo.