Com a terapia correta, 97% dos bebês filhos de portadoras do vírus da aids (HIV) não nascem com a doença. A informação é da bióloga Zita Sidumo, que chefia o laboratório moçambicano de análise clínica do Programa Dream, mantido pela Comunidade Sant’Egídio, da Itália. Segundo ela, o resultado foi comprovado entre as mulheres que participam do programa nos dez países africanos que contam com o trabalho da entidade: Malawi, Quênia, Guiné, Guiné-Bissau, Camarões, República Democrática do Congo, Angola, Nigéria e Moçambique.
Em pouco mais de uma década, 1 milhão de pessoas em todo o Continente já passaram pelas sedes da instituição. O foco está na prevenção da chamada transmissão vertical, da mãe para o feto. “Fora do programa, a prevalência do vírus transmitido da mãe ao recém-nascido é muito maior”, diz Zita.
Estima-se que um em cada cinco africanos seja portador do HIV. Em algumas regiões, a incidência pode chegar a 60%. O Programa Dream, que não cobra nada dos pacientes e é financiado por doadores internacionais, acompanha a gestação e o nascimento do bebê, faz testes clínicos na criança e auxilia na introdução da alimentação após os seis meses, com voluntários que visitam casas e ensinam as mães a preparar alimentos de alto teor energético e baixo custo.
A voluntária Artemisa Chiziane, que dá dicas sobre alimentação e ajuda a aferir os resultados, diz que uma das queixas mais recorrentes das mães é que elas não têm alimentos adequados para oferecer aos filhos. Acabam dando comida sólida aos bebês antes do tempo, o que não é bom. “Um tomate fervido com um pedaço de peixe já dá uma sopa para um bebê”, ensina a voluntária.
O combate à subnutrição no tratamento da aids é fundamental, pois um organismo enfraquecido facilita a ação de doenças oportunistas, como a tuberculose, que pode matar. Além disso, as mães infectadas recebem medicamentos antirretrovirais e acompanhamento psicossocial, além de alimentos como farelo de soja, farinha de milho, óleo de soja e açúcar. “Não é só dar medicamentos, é uma abordagem holística. Recebemos o doente como se estivesse em casa”, disse Susana Chefa, coordenadora do programa em Moçambique.
Da Ag. Brasil