Arrecadação de IPI sobre veículos caiu quase 44% em 2012

A arrecadação de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos registrou uma queda de 43,72% no ano passado na comparação com 2011, somando R$ 4,263 bilhões, informou a Receita Federal. A Receita criou uma nova tabela para o setor, a partir de maio, quando, para combater a crise, o governo reduziu tributos que incidem sobre os carros para, assim, incentivar o consumo e estimular a economia (leia aqui).

O IPI incidente em outros produtos gerou uma arrecadação 10,04% menor em 2012, somando R$ 19,150 bilhões. De acordo com a Receita, houve redução de 2,53% da produção industrial e também desonerações para produtos da linha branca e do setor de móveis.

A Receita salientou, também, que há uma diferença de R$ 582 milhões de 2011 para 2012 em função de uma reclassificação de estimativa. Ainda entre as quedas de arrecadação no ano passado, estão o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (-0,76%, para R$ 112,304 bilhões) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (-6,12%, para R$ 59,332 bilhões). O recolhimento menor desses tributos se deve à diminuição do lucro das empresas no período.

No caso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a arrecadação de 2012 ficou 8,06% abaixo do ano interior, somando R$ 31,687 bilhões. A Receita destacou que o resultado é explicado pela diminuição de entrada de moedas em operações tributadas por IOF, crescimento no volume de operações de crédito, redução da alíquota do imposto nas operações de crédito para pessoa física e tributação de contratos de derivativos financeiros. Ainda entre as quedas, está a do Imposto sobre Rendimentos de Capital, que somou R$ 33,872 bilhões, uma retração de 8,51%.

Ao mesmo tempo, houve um aumento de 10,48% proveniente do Imposto de Importação, para um total de R$ 31,991 bilhões. Influenciaram esse resultado o aumento de 16,74% na taxa média de câmbio e a redução na alíquota média efetiva do IPI vinculado, que subiu 10,5% para R$ 16,435 bilhões. No caso da Cofins, responsável pela arrecadação de R$ 179,421 bilhões (+4,66%) e do PIS-Pasep, que subiu 4,76%, para R$ 47,543 bilhões, a elevação foi atribuída ao crescimento do volume das vendas e da arrecadação com importações.

Em termos nominais, as receitas previdenciárias continuaram a ser, no ano passado, as mais robustas, totalizando R$ 302,309 bilhões, uma alta de 6,47%. Conforme a Receita, o aumento da massa salarial foi um dos principais responsáveis pelo movimento.

Do Automotive Business

Altos preços dos veículos no Brasil serão discutidos no Senado Federal

Os altos preços dos veículos automotores no Brasil serão discutidos em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, com a participação do senador Luiz Henrique (PMDB-SC). Os senadores querem que a indústria automobilística nacional adote novas tecnologias.

Foram convidados para esclarecimentos os representantes dos ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; da Câmara do Consumidor e da Ordem Econômica do ministério Público Federal; dos fabricantes de veículos (ANFAVEA); do sindicato de componentes (Sindipeças); além do jornalista Joel Leite, do Boletim Autoinforme.

Apesar do poder da indústria automobilística e dos muitos incentivos fiscais, os preços dos veículos no Brasil podem superar 100% dos praticados nos Estados Unidos, na Europa e nos demais países da América Latina, informaram os senadores.

Eles também reclamaram da falta de segurança dos veículos no País, cujo atraso é de vinte anos em relação aos similares europeus. A falta de incentivo para os carros turbinados de última geração, como os híbridos, também será questiona na audiência pública.

Quanto custa ter e manter um carro

Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, os gastos mensais feitos com um veículo novo representam, em média, 3% a 4% do valor desembolsado na aquisição do carro

Ouvir que o impacto de um carro no bolso se assemelha ao peso de um filho no orçamento é comum – e não deixa de fazer sentido. Afinal de contas, os gastos que serão feitos com o automóvel serão regulares e irão muito além do desembolso para por o veículo na garagem.

O educador financeiro Renaldo Domingos, do Instituto DSOP, alerta, contudo, que nem todo mundo considera o dispêndio com impostos, manutenção e até eventuais multas antes de comprar um carro. O resultado, escreve ele no livro “Livre-se das dívidas”, é o que o veículo pode se tornar “uma prisão financeira disfarçada de liberdade”.

Pelos cálculos de Domingos, de 3% a 4% do valor do carro serão gastos todos os meses pelo motorista. O percentual inclui IPVA, seguro, DPVAT, inspeção veicular, gasolina, revisão, estacionamento e também a depreciação natural do veículo – ao cruzar os portões da concessionária o carro já perde cerca de 10% do seu valor.

No frigir dos ovos, um carro popular de 25.000 reais terá um impacto mensal médio de 875 reais nas contas de seu proprietário, ou 10.500 reais por ano.

Na visão do educador financeiro, é muito comum que os consumidores comprem o primeiro carro financiado, em geral por um valor próximo a 25.000 reais. Mas quem dividir a conta em até 60 meses, terminará este período tendo pago 42.000 reais pelo automóvel, em prestações mensais de 700 reais.

“Sempre haverá quem defenda que esté é um bom negócio”, escreve Domingos. “O problema é que, cego de desejo, você não pensa duas vezes: compra e, depois, só depois, percebe concretamente as consequências da decisão tomada.” Para ele, quem avalia apenas se a parcela do financiamento cabe no bolso e subestimando todo o resto, corre um sério risco de perder o controle das finanças. “Equivocadamente, algumas pessoas acreditam que o carro é um bem de investimento, quando, na verdade, ele não passa de um bem de consumo, cuja aquisição mal planejada pode correr as bases do orçamento.”

Ele lembra que carros mais potentes e luxuosos implicam maior consumo de combustível e gastos também maiores com seguros e peças. “Ao tomar a decisão de comprar um modelo mais sofisticado, é preciso ter certeza que será possível arcar com os custos adicionais acarretados pela aquisição”, finaliza Domingos.

Exame