A enfermeira britânica Gill Archer, de 47 anos, sofre de uma síndrome rara desde que passou por um voo turbulento há seis anos. Ao descer do avião, na Flórida, em 2006, Gill passou a apresentar sintomas como dificuldade de equilíbrio, enjoo e tonteira. Ela imaginou que se livraria logo do mal estar, mas ficou horrorizada ao perceber que o problema persistia mesmo depois de semanas.
Intrigados, médicos tinham dificuldade de dizer à paciente a razão pela qual ela continuava apresentando problemas que comumente duram apenas poucas horas após permanecer no interior de aviões, trens e barcos em movimento.
Mas uma médica americana matou a charada. Gill tem uma síndrome chamada Mal de Debarquement (MdDS, na sigla em inglês).
– Quando sofro ataques, é difícil andar em linha reta. Sinto-me como se estivesse sendo empurrada para o lado e flutuando – conta. “Parece que estou caminhando sobre o trampolim. Ir ao supermercado é horrível, porque a luz forte agrava meu problema. Isso faz meu trabalho muito difícil – as luzes no corredor do hospital são um pesadelo, tenho que me esforçar para andar em linha reta, sem parecer que estou bêbada”, complementa Gill.
Segundo a enfermeira, a intensidade dos sintomas varia de um dia para o outro.
Anormalidade funcional do cérebro
– Estranhamente, os sintomas passam quando estou em movimento. Quando pego o ônibus para o trabalho me sinto melhor.
Gill é uma das poucas pessoas que sofrem da doença por mais de umas poucas semanas. No caso dela, os episódios ocorrem em intervalos de poucas semanas e podem levar anos. O atual ataque já dura dois anos.
– Visitei vários médicos. Todos disseram que eu tinha enjoo de movimento, que iria passar logo. Desesperada, Gill recorreu à internet e acabou encontrando um grupo de apoio a pacientes com MdDS
Ela enviou um e-mail à médica Yoon-Hee Cha, professora e pesquisadora na Universidade da Califórnia – Los Angeles (UCLA), um dos poucos cientistas a se debruçar sobre o Mal de Debarquement. Cha ajudou a diagnosticar o caso.
– A desordem aparentemente representa uma anormalidade funcional do cérebro ou do tronco cerebral. Mas ainda não sabemos o que a doença é. Estudos conduzidos no momento talvez revelem a resposta – disse a médica. “Não há cura, o que é devastador para os pacientes, que geralmente estão no ápice de suas vidas. Mas benzodiazepinas, antidepressivos e técnicas de redução do estresse ajudam a aliviar os sintomas”, diz.
Do Correio do Brasil