Levantamento feito pelo Congresso em Foco mostra ampla maioria de apoio à extinção do sigilo de voto no Congresso em temas como a cassação de mandatos. Se é assim, por que, então, a mudança não é votada? O discurso é um, a prática é outra. Dos 81 senadores em exercício nesta legislatura (2011-2018), 69 dizem ser favoráveis ao fim do voto secreto em casos de cassação de mandato. Apenas seis declaram-se frontalmente contrários ao voto aberto nessa situação, três dos quais do PMDB.
Seis preferiram não adiantar seu voto ou disseram ainda não ter formado opinião sobre o assunto. Os números constam de levantamento feito com exclusividade pelo Congresso em Foco, a partir de entrevistas feitas com os próprios senadores ou por informações das suas assessorias. Até o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que responde a processo de cassação no Conselho de Ética por seu envolvimento com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, declara-se favorável ao voto aberto.
Se é assim, se há essa tão grande maioria favorável ao fim do sigilo do voto nesses casos, por que a proposta do voto aberto nos julgamentos de cassação dos mandatos tramita há quase 12 anos no Congresso sem decisão final? Por que a decisão de finalmente colocar as propostas de emenda à Constituição (PECs) que tratam do tema em votação foi novamente adiada nesta semana? Por que tudo indica que o caso de Demóstenes ainda será decidido por voto secreto?
Do Congresso em Foco