Delator confirma: Aécio Neves recebia propina de Furnas

Em seu depoimento aos parlamentares presentes ao plenário da CPI da Petrobras, nesta terça-feira, o doleiro Alberto Youssef confirmou a denúncia que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu propina vinda de negócios criminosos com a empresa de energia Furnas, subsidiária da Eletrobras. Youssef foi taxativo:

– Eu confirmo (a participação do senador Aécio no butim) por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele – disse o doleiro.

A declaração de Youssef foi resposta a pergunta do deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Solla questionou se houve “dinheiro de Furnas para Aécio” e Youssef diz que confirmava versão passada anteriormente.

A participação de Aécio Neves e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em um esquema fraudulento já foi denunciado no escândalo da Lista de Furnas.

Na sequência, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) propôs que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) seja investigado, após a delação de Alberto Youssef.

No Twitter, o petista afirmou que os tucanos da CPI ficaram “perplexos”: “Alberto Youssef acaba de confirmar que Aécio recebeu $$ de Furnas – Aqui na CPI da Petrobras silêncio total de tucanos perplexos”, postou.

Corrupção
Paulo Pimenta, ao microfone, disse que os parlamentares adversários querem apurar apenas “meia corrupção” e criticou os trabalhos da CPI que decidiu por não apurar o pagamento de propina na estatal durante os governos FHC.

Segundo um dos delatores, o esquema de corrupção na Petrobrás iniciou em 1997, no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique.

– É curioso porque há um esforço por parte de alguns partidos de tratar esse tema como se fôssemos um bando de ingênuos. Se observarmos alguns episódios de maior repercussão do governo FHC, vamos ver que o Alberto Youssef estava lá. Se formos na CPI da Banestado, quem estava lá? O Youssef e o Ricardo Sérgio. Quem é Ricardo Sérgio? O tesoureiro da campanha do José Serra. Agora, na denúncia do Janot aparece o Júlio Camargo juntamente com um cidadão chamado Gregório Marin Preciado. Quem é o Gregório? Primo do Serra, sócio do Serra. Capítulo 8 da Privataria Tucana – afirmou.

Pimenta acrescentou que as contribuições recebidas pela campanha da presidenta Dilma Rousseff foram legais. Segundo o deputado, “ninguém é bobo” para acreditar que a mesma empresa que doava para Dilma fazia porque o dinheiro era “propina”, enquanto as doações para Aécio – muito maiores – eram feitas por “generosidade” e por “amor”.

Aécio no esquema
Em depoimento gravado em juízo, Youssef confessou que recolhia propinas na empresa Bauruense, subcontratada de Furnas, para o deputado José Janene (PP-PR), já falecido.

Youssef relatou que, durante uma das muitas viagens a Bauru, no interior paulista, soube que a diretoria da empresa, ocupada por Dimas Toledo, estava na cota do então deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recebia parte da propina.

Youssef negou que tenha tido qualquer contato com Neves, durante o período em que ocupou uma cadeira na Câmara, entre 1987 e 2003.

– O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio Neves – apontou Youssef.

Apesar do depoimento e das evidências apresentadas, a Procuradoria-geral da República acreditou não haver elementos suficientes para uma investigação contra Aécio no âmbito do esquema Petrobras.

Em petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), no começo de março, Rodrigo Janot pediu arquivamento do processo que, se surgirem provas no decorrer das investigações, poderá ser reaberto.

Com informações do Correio do Brasil

MPF: Acordo com Youssef não prevê recompensas

Os procuradores federais que compõem a força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná rejeitaram neste domingo (25) a possibilidade de o doleiro Alberto Youssef receber uma recompensa da União caso ajude a recuperar quantias desviadas da Petrobras.

De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo publicada no sábado (24), o acordo de delação premiada de Youssef seria o único com uma taxa de sucesso entre os homologados pela Justiça.

“No acordo de colaboração homologado pelo STF não existe qualquer cláusula de pagamento pela União de recompensa para Alberto Youssef”, dizem os procuradores na nota distribuída hoje. De acordo com os integrantes do Ministério Público Federal, o que existe é a possibilidade de uma abatimento do valor da multa nos valores determinados pela Justiça, limitado ao preço de um dos imóveis do doleiro.

Os procuradores informam que o valor abatido, caso sejam encontrados com a ajuda de Youssef novos bens adquiridos com o dinheiro desviado da Petrobras, será destinado às filhas do doleiro. “O valor apurado será abatido do valor do imóvel, e não retornará a Youssef, mas será entregue em proporções iguais para suas filhas”, dizem.

Leia a íntegra da nota:
Sobre  matérias publicadas recentemente sobre o acordo de colaboração firmado entre Youssef e o MPF, a Força Tarefa Lava Jato esclarece:

No acordo de colaboração homologado pelo STF não existe qualquer cláusula de pagamento pela União de recompensa para Alberto Youssef.

Pelo acordo, Alberto Youssef perde a título de ressarcimento e multa compensatória, todos os bens e valores adquiridos após o ano de 2003Caso haja a descoberta de novos bens ou valores sonegados pelo acusado, o acordo poderá ser rompido, sem prejuízo do perdimento dos bens.

O acordo prevê o abatimento do valor da multa na proporção de dois por cento dos valores e bens que o acusado auxiliar a localizar.

O abatimento será limitado ao valor de um de seus imóveis, que será avaliado/leiloado ao final da colaboração. O valor apurado será abatido do valor do imóvel, e não retornará a Youssef, mas será entregue em proporções iguais para suas filhas.

Os valores mencionados nas reportagens, portanto, além de inconsistentes, não possuem fundamento nas cláusulas do acordo de colaboração.

Esse tipo de acordo é legal, pois não se trata de ‘recompensa’, mas de determinação futura do valor da multa a ser paga. E atende o interesse público na busca do ressarcimento máximo do patrimônio do povo brasileiro. O MPF reitera seu compromisso com as investigações do caso e com a condução responsável dos trabalhos.

Fonte: Congresso em Foco

Petrobras: Doleiro desiste de pedir a anulação da Operação Lava Jato

O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, apresentou hoje (25) desistência do recurso no qual pedia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a anulação da investigação.

O pedido de anulação foi feito pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que deixou o caso após Youssef assinar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).

Youssef já deu um depoimento ao MPF como parte de acordo de delação. No entanto, quebrou o acordo e voltou a praticar os crimes investigados na operação. Em 2003, o doleiro foi preso pela Polícia Federal em consequência das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado.

Ele foi acusado de ser responsável por dezenas de contas fantasmas para enviar dinheiro de origem ilícita para fora do país. Como o acordo foi quebrado, a ação voltou a tramitar neste ano e ele foi condenado a quatro anos e quatro meses de prisão por corrupção ativa, no dia 17 de setembro.

Os novos depoimentos de Youssef, referentes aos processos da Operação Lava Jato, vão precisar ser validados pela Justiça para que ele possa negociar a redução de pena em troca das informações prestadas sobre o funcionamento do suposto esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal.

Da Ag. Brasil