Temos visto nas últimas semanas nas grandes redes televisivas, e por efeito cascata, com um pouco de falta de pauta e também interesses nos efeitos, uma tentativa de criação de um estado de terror. Barbárie nas ruas com pessoas justiçando pelas próprias mãos. Manifestantes matando pessoas com rojões. Venezuela em estado de sítio porque o governo é ditador e manipulador da imprensa, e com isso o Brasil pode virar também uma ditadura de “esquerda”. E a Globo “inticando” militares com a reabertura do caso Riocentro que aconteceu em 1981.
Uso óculos, e talvez pela miopia, não consiga enxergar esse monstro bolivariano que vai engolir o nosso país porque a Dilma declara apoio a um governo constitucionalmente eleito. É possível que não veja o quanto é nocivo o aumento da violência pelas próprias mãos, o que poderia descambar para uma guerra civil. E claro, também meus olhos não consigam distinguir os manifestantes por um país mais justo dos que tentam atear fogo às instituições do país. Creio que não são meus olhos que não veem. Alguém quer que eu, e mais alguns milhões, vejam o que eles querem que vejamos.
Não esqueçamos que estamos em pleno ano eleitoral. Da Presidência da República, passando pela formação de um novo Congresso Nacional com eleições de deputados e senadores, até chegar às Assembleias Legislativas e Governos estaduais, o que está em jogo é o poder. É o comando do maior país da América do Sul, um dos emergentes na economia mundial, da quinta economia do mundo. A luta política entre grupos ideológicos mais afinados com aqui e acolá vai se ampliar exponencialmente agora. E há um lado que conta com o apoio da grande mídia, buscando “midiatizar” qualquer fato para aumentar sensivelmente o sentido da população em relação ao fato em si.
Esse filme já passou em 1954 com Getúlio Vargas, que como conta a história, se suicidou. Em seguida os interesses se voltaram contra JK. Não deu certo na primeira vez, mas quando ele se preparava para voltar em 1965, criaram as condições de terror (comunismo, comem criancinhas, vão tomar as terras dos trabalhadores, etc) em 1964 contra Jango e o golpe durou mais de 20 anos, e espalha seus resquícios até hoje. O clima de terror, de medo, de conflagração contra alguém ou algum projeto, só interessa a quem deseja a volta de estados de sítio, ditaduras, repressão, censura, fim das liberdades.
A mim e a milhões, o retorno à ditadura, o tempo do medo, não interessam. Mortes por justiçamentos, movimentos democráticos de ser ouvidos, e tantos outros fatos, acontecem todos os dias desde que o mundo é mundo. Somos feras que foram adestradas, educadas, na busca por viver em paz. Mas há quem não queira, e busque sempre manipular as massas com os poderosos meios de que dispõe, inclusive a mídia tradicional. E isso tanto da oposição quanto de quem está no governo. Mas, cá para nós, a coisa não está tão ruim assim. Mandem para outro lugar essa tentativa de clima do medo. Tratem de manter a paz, e buscar ganhar o poder como manda o jogo democrático. No voto.
Por Salvador Neto, editor do Palavra Livre