A Comissão de ex-trabalhadores da Busscar, que apresentou a ideia de cooperativa para os demais interessados em duas assembleias realizadas nos dias 17/01 e 19/01, estão dando continuidade ao projeto. Segundo a Comissão, que está trabalhando para viabilizar o projeto, a continuidade dos trabalhos se faz necessária e agora está muito fortalecida com a inscrição de mais de 500 ex-funcionários interessados em serem sócios da Cooperativa.
O grupo também avançou nos contados com o BNDES, que pediu alguns ajustes no plano de negócios – Cooperativa – para que a equipe técnica do banco estatal possa analisar a ideia e sua viabilidade. Nestes contatos a Comissão contou com apoio da Unisol Brasil, CNM/CUT, CUT, SENAES e Sindicato dos Mecânicos.
Conforme os componentes da Comissão haviam afirmado nas duas reuniões realizadas em Janeiro, uma nova Assembléia será realizada para esclarecimentos aos inscritos(as) quanto as negociações com o BNDES e também tratar da formalização da Cooperativa. A reunião será realizada na Sede Central do Sindicato dos Mecânicos dia 21 de fevereiro (quinta-feira) as 19 horas.
A Comissão dos Trabalhadores convida a todos que preencheram a ficha de inscrição para que compareçam na Assembléia. Segundo Pedro de Medeiros, porta-voz da Comissão de Trabalhadores, os interessados em fazer parte da Cooperativa podem fazer contato com a Comissão pelo e-mail coopbuss@gmail.com.
Com a presença de bom público, cerca de 300 trabalhadores estiveram no auditório do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região na noite desta quinta-feira (17/1), o sonho da criação de uma cooperativa formada por ex-funcionários da Busscar para voltar a produzir ônibus na maior cidade catarinense deu um passo importante rumo a sua criação.
Com as presenças do presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Caires; do representante da CUT/SC, Vilmar Ossowsky; do presidente da Unisol – Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários, Arildo Mota Lopes; presidente da Unipol – antiga Profiplast – Gilson Gonçalves, e do presidente do Sindicato dos Mecânicos, Evangelista dos Santos, a Comissão de Trabalhadores que estudou e produziu o plano de viabilidade para a cooperativa apresentou a idéia para um auditório tomado de expectativas e ansiedades dos trabalhadores.
Pedro de Medeiros, que fazia parte da área comercial da Busscar, apresentou detalhadamente a proposta, suas dificuldades, oportunidades, explicando também a diferenciação entre a criação da cooperativa e o processo de falência que corre na Justiça. “Uma não afeta a outra, mas com a cooperativa em funcionamento, produzindo ônibus, além do maquinário não se perder e ter manutenção e assim o patrimônio ficar preservado para uma futura venda a preços justos para pagamento da dívida com os trabalhadores, vamos destinar parte do faturamento para pagar o arrendamento do parque fabril, aumentando os valores para que nós mesmos possamos receber o quanto antes o que nos devem”, falou Medeiros, que trabalhou por quase 25 anos na empresa.
O presidente da CNM/CUT, Paulo Caires, disse que estava presente representando a base nacional dos metalúrgicos – cerca de um milhão de trabalhadores – para apoiar a idéia e, caso os trabalhadores realmente aceitem e criem a cooperativa, ajudar diretamente na busca por financiamentos junto ao governo federal, BNDES e outros.
O presidente da Unisol, Arildo Mota Lopes, contou as histórias de formação de cooperativas de que fez parte e conhece pelo mundo e no Brasil, destacando ser um processo difícil, mas que dá resultados aos trabalhadores em médio prazo. Ele destacou casos como a Unipol em Joinville, que fazia parte do grupo Cipla, a Uniforja em Diadema (SP), um “case” de sucesso em cooperativas que já tem quase 20 anos de história, entre outras. A Unisol organiza, orienta, apóia a todos os projetos de cooperativas de trabalhadores e empreendimentos solidários pelo país.
Após as explanações, acompanhadas atentamente pelos trabalhadores, foi aberto espaço a perguntas que foi intensivamente utilizado para esclarecimento de dúvidas. Durante o evento, aproximadamente 200 fichas de interesse em participar da cooperativa foram entregues à Comissão de Trabalhadores, que em seu plano de viabilidade prevê que para dar início à produção seriam precisos 600 trabalhadores de várias áreas para produzir dois ônibus ao dia, segundo planejaram.
No sábado, dia 19 de janeiro, às 9 horas no mesmo auditório do Sindicato dos Mecânicos – centro de Joinville – será realizada a segunda grande reunião para apresentar o plano da cooperativa a quem não pode comparecer na primeira reunião. As fichas voltam a ser recolhidas para que na terça-feira (22/1) a Comissão e Sindicato se reúnam para avaliar os próximos passos.
Ainda ontem, quinta-feira, a Comissão de Trabalhadores, Sindicato dos Mecânicos, Unisol, Unipol, CUT e CNM/CUT foram recebidos pelo secretário do Desenvolvimento Economico de Joinville, Jalmei Duarte, representando o prefeito Udo Döhler. Jalmei ouviu atentamente os apelos por apoio institucional do Executivo ao projeto, e prometeu dar um retorno logo após conversar com o Prefeito sobre o tema, mas deixou sinalização positiva à iniciativa dos trabalhadores.
A Comissão dos Trabalhadores pretende buscar apoios das três esferas de poder – municipal, estadual e federal – tanto com o Prefeito de Joinville e Governador do Estado, quanto com os deputados estaduais, federais e senadores, além do Governo Federal, para dar sustentabilidade e garantir apoios de financiamentos ao projeto.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, o Paulão, e o secretário geral da CUT Nacional, Sérgio Nobre, propuseram ao governo e aos empresários, nesta quarta-feira (12), a criação de um sistema de proteção ao emprego em períodos de crise econômica. A proposta foi feita durante a continuação do workshop sobre Mercado de Trabalho promovido pela Coordenação Sistêmica de Condições e Relações de Trabalho do Plano Brasil Maior. Paulão é um dos representantes da CUT nesta Coordenação.
De acordo com Sérgio Nobre, a proposta que a CUT está levando é a de que o Brasil adote um modelo de proteção ao emprego semelhante ao existente na Alemanha. “Em períodos de crise, os trabalhadores alemães têm assegurado o seu trabalho, às vezes com redução de jornada, e os salários são subsidiados pelo governo por um período de até 48 meses”, explicou o secretário geral da CUT, dizendo que as crises econômicas são cíclicas no mundo e duram no máximo dois anos. E, quando elas acontecem, o trabalhador acaba sendo o maior prejudicado, com o desemprego.
Ele avalia que a criação de um sistema no Brasil interessa também aos empresários e ao governo. No primeiro caso, porque, em momentos de crise, as empresas optam por conceder férias coletivas, licença remunerada e utilização do banco de horas para os seus fiuncionários. “Mas, depois disso, se a crise persistir, a demissão sempre acaba acontecendo”, prosseguiu Nobre, lembrando que a dispensa significa custos para as empresas, com as verbas indenizatórias.
Ainda segundo ele, para o governo as demissões também custam, com o pagamento do FGTS e do seguro desemprego e com os reflexos na economia, porque o consumo diminui e a crise pode se aprofundar. “Demissão não é bom para ninguém. Para as empresas, além dos custos ao demitir, elas também terão custos ao contratar novamente, porque terão de investir na qualificação dos trabalhadores. Para elas, é interessante segurar a mão de obra qualificada. Já para o governo, desemprego gera pessimismo na economia e tem um custo político alto, porque a popularidade dos governos caem”, destacou o dirigente da CUT.
O presidente da CNM/CUT disse que esta proposta será detalhada a partir de conversas com as duas outras centrais sindicais presentes no workshop, a NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil). “Entendemos que há maturidade suficiente nas relações entre trabalhadores, governo e empresários para viabilizar este sistema de proteção. E ele não será impostivo ao trabalhador ou ao seu sindicato representativo. O sistema poderá ser aceito ou não por eles nos períodos de crise”, afirmou Paulo Cayres.
O trabalho na Coordenação Sistêmica
A primeira etapa do workshop aconteceu no dia 21 de novembro e três temas estão sendo debatidos nesse processo: geração de empregos, formalização e rotatividade. Em cada um dos temas, são avaliadas polícas e programas do governo, estudos de organismos como o Dieese e propostas das bancadas dos trabalhadores e dos empresários. “A intenção é a de se criar consensos sobre os temas para que eles sejam incorporados no Plano Brasil Maior”, explicou Paulão.
A Coordenação Sistêmica de Condições e Relações de Trabalho é a única tripartite no âmbito do Plano Brasil Maior. Além dela, há mais oito coordenações sistêmicas, todas com representação governamental e de instituições estatais, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O que é o Plano O Plano Brasil Maior é a política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo Dilma Rousseff. Ele foi lançado em agosto de 2011 num momento conturbado da economia mundial, com o objetivo de sustentar o crescimento econômico inclusivo num contexto econômico adverso e sair da crise internacional em melhor posição do que entrou. O principal foco é buscar a inovação e o adensamento produtivo do parque industrial brasileiro, objetivando ganhos sustentados da produtividade do trabalho.
“A estabilidade monetária, a retomada do investimento e crescimento, a recuperação do emprego, os ganhos reais dos salários e a drástica redução da pobreza criaram condições favoráveis para o país dar passos mais ousados em sua trajetória rumo a um estágio superior de desenvolvimento”, avalia o documento de criação do Plano.
Desde o seu anúncio, o Plano tem adotado medidas de desoneração dos investimentos e das exportações para iniciar o enfrentamento da apreciação cambial, de avanço do crédito e aperfeiçoamento do marco regulatório da inovação, de fortalecimento da defesa comercial e ampliação de incentivos fiscais e facilitação de financiamentos para agregação de valor nacional e competitividade das cadeias produtivas.
A princípio, o Plano foi criado para durar três anos. Mas, para a Confederação, o país já está preparado para traçar políticas duradouras. “Se conseguirmos estruturar o Plano e construirmos denominadores comuns, é possível transformá-lo numa política de Estado e não apenas de governo, que acabe ao fim de cada mandato”, destacou Paulo Cayres.
O ex-presidente do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região por 13 anos e atualmente secretário de Finanças da entidade sindical, João Bruggmann, é um dos 35 dirigentes sindicais brasileiros escolhidos pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) para participar da II Conferência Expressões da Globalização: Impacto sobre os trabalhadores – Análise Comparativa Brasil/Alemanha que será realizada em Frankfurt na Alemanha entre os dias 25 e 29 de junho reunindo 100 dirigentes sindicais dos dois países. A primeira edição do evento foi realizada no Brasil em junho de 2009. O evento tem apoio da Federação Internacional dos Metalúrgicos (FITIM – WWW.imfmetal.org.br) e o maior sindicato de trabalhadores da Alemanha, o IGMetall (WWW.igmetall.de).
Os dirigentes sindicais vão aprofundar discussões iniciadas no primeiro evento como a crise financeira internacional, os mecanismos de participação e intervenção dos trabalhadores na gestão das empresas transnacionais e seus limites, e o projeto de desenvolvimento dos trabalhadores. Além desses temas, a precarizaçao das relações de trabalho nos dois países, comparar o atual estágio das condições de trabalho e outros avanços conquistados pelos trabalhadores na Europa, especificamente na Alemanha, e Brasil, são alguns temas da pauta. A delegação também se dividirá em dois grupos nos dias 25 e 26 para visitar as empresas Daimler e Mahle em Stuttgart, e ThyssenKrupp e Mannesmann em Düsseldorf, e conversar com os sindicatos locais. Dia 29 os dirigentes visitam a sede do IGMetall em Frankfurt onde debaterão sobre negociações coletivas e prioridades políticas de ação.
Entre os palestrantes confirmados e a confirmar estão a ministra do Desenvolvimento Miriam Belchior; Marcio Pochmann do IPEA; João Cayres presidente da CNM/CUT; Berthold Hüber, presidente do IGMetall; Michael Fichter da Universidade Livre de Berlim, Thomas Metz do Conselho Europeu na Daimler; Frank Patta, Secretário Geral do Conselho Europeu na Volks, entre outros. “A intenção é também possibilitar o intercambio de experiências sindicais e fortalecer os laços entre os atores do mundo sindical, com foco na inserção dos jovens na luta dos trabalhadores”, destaca João Bruggmann.
Todas as despesas de viagem como passagens aéreas, hospedagens, alimentação, seguro viagem e traslados internacionais são custeadas pela CNM/CUT, FITIM e Fundação Hans Böckler da Alemanha. Somente traslados nacionais são custeados pelo Sindicato. Bruggmann viaja no sábado pela manha cedo saindo de Curitiba a São Paulo, onde embarca a noite para Frankfurt, e retorna dia 29 de junho. Para Bruggmann, essa participação mostra a importância do Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região na luta dos trabalhadores no Brasil.
“Vou participar ciente da responsabilidade que tenho em representar o movimento sindical joinvilense no exterior. Nossa experiência de luta aqui será divulgada na Alemanha, e de lá vamos trazer novidades e mais conhecimento para aplicar nas lutas pelos direitos dos trabalhadores em nosso país”, explica o secretário de Finanças e ex-presidente do Sindicato.
Fonte: Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região