Paulo Bernardo sai desgastado após acusações de que o PT quer “censurar a mídia”

PauloBernardo_marco_midias_sociais__caricaturaMinistro das Comunicações, Paulo Bernardo saiu ainda mais desgastado das recentes entrevistas à mídia conservadora, nas quais mudou o discurso e passou a defender os marcos regulatórios da mídia, ao contrário do que havia dito na semana passada. Agora, segundo Bernardo, o projeto sobre o tema poderá ser apresentado até o final do governo da presidenta Dilma Rousseff, no próximo ano, possivelmente, após as eleições.

Ele também admite, doravante, usar alguns itens da proposta formulada no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva pelo ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins. Ao voltar atrás, Bernardo afirma que sempre defendeu a regulação, mas acusa “alguns petistas” de quererem censurar os meios de comunicação.

– O que às vezes me faz contrapor com meus companheiros, alguns militantes que discutem esse tema, é que algumas pessoas veem a capa da revista e não gostam e querem que eu faça um marco regulatório. Isso não é possível porque a Constituição não prevê esse tipo de regulação para mídia escrita – disse, em entrevista ao diário conservador carioca O Globo.
Na edição da revista semanal de esquerda Carta Capital que está nas bancas, Paulo Bernardo foi apresentado como o ministro do “plim-plim” e do “trim-trim”, em uma clara referência ao possível favorecimento à Globo e às operadoras de telefonia, especialmente a Oi, controlada pelos empresários Carlos Jereissati e Sérgio Andrade, ambos ligados às forças reacionárias.
Bernardo já estava na alça de mira do PT desde a entrevista ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo, na semana passada, na qual descartou a discussão, pelo governo, de uma Ley de Medios, nos moldes daquela em vigor na Argentina, para coibir a excessiva concentração nos meios de comunicação. Defensor da regulação da mídia, o presidente do PT, deputado Rui Falcão, criticou abertamente o ministro..
– É um direito do governo não enviar o projeto por conta da correlação de forças. Mas o partido, como é diferente do governo, vai se associar às entidades que estão querendo convencer a sociedade de que esse marco é necessário. Tenho a expectativa de que vai acabar saindo – disse Falcão.
Em Carta Capital, o editor Mino Carta fez uma dura crítica à repartição de verbas publicitárias governamentais e aponta suposto favorecimento às Organizações Globo, que estaria a receber uma “enchente” de recursos. “Situação contraditória. Ou não? A mídia ataca noite e dia, se for o caso inventa, omite e mente, e nem por isso tem êxito junto à maioria dos brasileiros. Haja vista os tais índices de popularidade. Se eleições fossem convocadas hoje, Dilma levaria no primeiro turno. É de estranhar, portanto, que o malogrado aparato comunicador fascine graúdos alvejados e goze de mesuras, afagos e contribuições em matéria. Polpudas. Aconselho aos interessados a leitura da reportagem de capa desta edição, sem se esquecer de passar os olhos sobre os números da publicidade governista garantida aos maiorais da mídia nativa. À Globo, uma enxurrada de grana. Uma enchente”, diz ele
Do Correio do Brasil

Autor: Salvador Neto

Jornalista e escritor. Criador e Editor do Palavra Livre, co-fundador da Associação das Letras com sede no Brasil na cidade de Joinville (SC). Foi criador e apresentador de programas de TV e Rádio como Xeque Mate, Hora do Trabalhador entre outros trabalhos na área. Tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de jornalismo, comunicação, marketing e planejamento. É autor dos livros Na Teia da Mídia (2011) e Gente Nossa (2014). Tem vários textos publicados em antologias da Associação Confraria das Letras, onde foi diretor de comunicação.

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